Uma breve descrição da cidade de Campinas, quando esta vivenciava o ano em que se decretava oficialmente, no Brasil, o fim da escravidão, em 1888.
Ano de 1918 em Campinas, quando visitava a cidade o secretário da Justiça do Estado de São Paulo, o dr. Eloy Chaves, que acabara de desembarcar na estação da cidade.
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CAMPINAS - Cidade (comarca especial)
Povoação rica e das mais importantes da Província, situada ao noroeste da Capital em meio de uma vasta campina, de que lhe vem o nome.
O paulista Francisco Barreto Leme, oriundo das mais distintas famílias da capitania, é fundador desta povoação, foi ele quem deu, em 1775, o terreno chamado Mato Grosso, para logradouro dos moradores atraídos pela uberdade desses terrenos, então pertencentes ao município de Jundiaí.
A 17 de Julho de 1773 celebrou Frei Antonio de Pádua, franciscano, a primeira missa na modesta ermida levantada pelos moradores, que então subiam ao numero de 357, formando 61 fogos, e assim ficou instalada a freguesia da Senhora da Conceição de Campinas, como consta do seu livro do tombo.
Crida a freguesia em 1781, foi por provisão de 4, e ordem de 16 de Novembro de 1797, do governador e capitão-general Antonio Manoel de Mello e Castro Mendonça, elevada a categoria de vila com o titulo de S. Carlos, e pela Assembléia Provincial ao de cidade aos 5 de Fevereiro de 1842, mudando o nome de S. Carlos para o de Campinas.
A cultura da cana de açúcar foi feitaem seu Município em tão grande escala, que considerava-se ser ele o centro da produção desse gênero na província. O mesmo que deu-se com esta, dá-se hoje com o café, sendo a sua cultura geral no Município, e a sua produção muito estimada e procurada no mercado.
Entre os seus edifícios sobressaem a Matriz Nova que é um dos primeiros templos no Brasil, não só em grandeza como em beleza artística, a qual acha-se situada na parte mais central da cidade, ocupando uma área retangular de2073 m2 . A enorme mole subleva-se de muito ás mais altas construções que a cercam. Construído em plano térreo é distribuído do seguinte modo: pórtico de 26m 30cm, de comprimento por 3m 70cm de largura dizendo para a grande nave; grande nave longitudinal com 36m de comprimento por 13m 50cm de largura e nave transversal com 28m de comprimento sobre 8m de largura; duas capelas laterais e no fundo a capela maior, contando o edifício 12 grandes salas destinadas á sacristia, consistório e outros misteres do culto.
A parte anterior do edifício, com o fundo de 43m 50cm, eleva-se a 21m 50cm acima do solo e comporta dois andares, o primeiro ao nível dos púlpitos, contendo 4 salas, e o segundo 8 salas com janelas tribunas sobre a grande nave.
O frontispício com 59m de altura, e fôrma de torre assiriana, é composto de três coros sobrepostos e decorados em estilo clássico. O primeiro da ordem jônica, tem saliente a parte central, coroada por um frontão. Dão ingresso no templo três largas aberturas e sobre elas reina uma galeria de quadros ornados de arqui-relevosem cimento. O segundo corpo, de ordem corínthia, comporta o mostrador de um grande relógio, flanqueado por duas largas janelas em arcada, sendo ocupado por plataformas de passeio o espaço que medeia deste corpo aos ângulos do edifício.
O terceiro corpo assenta em base quadrada, tendo sobre a frente uma janela flanqueada por espaçosos passeios. Sobre este corpo eleva-se a pirâmide de coroamento do edifício.
Toda a construção do frontispício é executada em alvenaria de pedra ordinária, sendo de cimento as molduras, os capitéis, ornatos, etc. O embasamento, o largo adro e a escadaria são de excelente cantaria azul. A decoração interior nos altares e capelas é de rara suntuosidade. A escultura é profusa e trabalhada com esmero. Todos os relevos são executados em cedro vermelho cujo tom é admiravelmente realçado pelo fundo branco de mármore. Nas principias alturas a disposição adotada foi a de um peristilo semi-circular coroado de ricas cúpulas. Ornam a nave oito pares de pilastras corínthias com rico entablamento. As abobadas são cilíndricas, salvo no cruzamento das naves onde se eleva um zimbório esférico.
Assim a principal nave como as capelas são ornamentadas por magníficos relevos. O edifício é banhado de abundante luz por meio de lunetas abertas acima do entablamento geral. Sua inauguração teve lugar em 7 de Dezembro de 1883, tendo sido começada o obra em 1827, sendo seu primeiro administrador o coronel Joaquim Aranha de Camargo.
A Estação da Estrada de Ferro Paulista e Mojiana cuja reconstrução está se procedendo. O Teatro, e Santa Casa de Misericórdia e outros.
Uma obra de suma importância e de primeira condição higiênica está em via de realizar-se para esta Cidade, que é o da Companhia de Águas e Esgotos. Esta companhia já concluiu os devidos estudos e está agora tratando da execução deste melhoramento, que dentro de dois anos deve estar concluído. Os nomes dos distintos e patrióticos diretores, bem como os dos acreditados e conhecidos profissionais encarregados da execução técnica encontram-se na secção respectiva deste Almanaque.
Outra, na senda do progresso da Província, é incontestavelmente a criação da primeira estação agronômica no bairro do Guanabara de Campinas, para a qual foi pelo Governo Geral mandado contatar na Europa o distinto agrônomo o Dr. F. Daflert M. A., lente substituto da Universidade de Berlim.
O mesmo Dr. Daflert em uma serie de artigos publicados na Gazeta de Campinas, e reproduzidos pela Província de S. Paulo no mês de Outubro de 1887, procura explicar e fundamentar o que é e qual o fim da Estação Agronômica, e quais as vantagens a tirar delia para as industrias que estão ao alcance das ocupações agrícolas.
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CAMPINAS - Cidade (comarca especial)
Povoação rica e das mais importantes da Província, situada ao noroeste da Capital em meio de uma vasta campina, de que lhe vem o nome.
O paulista Francisco Barreto Leme, oriundo das mais distintas famílias da capitania, é fundador desta povoação, foi ele quem deu, em 1775, o terreno chamado Mato Grosso, para logradouro dos moradores atraídos pela uberdade desses terrenos, então pertencentes ao município de Jundiaí.
A 17 de Julho de 1773 celebrou Frei Antonio de Pádua, franciscano, a primeira missa na modesta ermida levantada pelos moradores, que então subiam ao numero de 357, formando 61 fogos, e assim ficou instalada a freguesia da Senhora da Conceição de Campinas, como consta do seu livro do tombo.
Crida a freguesia em 1781, foi por provisão de 4, e ordem de 16 de Novembro de 1797, do governador e capitão-general Antonio Manoel de Mello e Castro Mendonça, elevada a categoria de vila com o titulo de S. Carlos, e pela Assembléia Provincial ao de cidade aos 5 de Fevereiro de 1842, mudando o nome de S. Carlos para o de Campinas.
A cultura da cana de açúcar foi feita
Entre os seus edifícios sobressaem a Matriz Nova que é um dos primeiros templos no Brasil, não só em grandeza como em beleza artística, a qual acha-se situada na parte mais central da cidade, ocupando uma área retangular de
A parte anterior do edifício, com o fundo de 43m 50cm, eleva-se a 21m 50cm acima do solo e comporta dois andares, o primeiro ao nível dos púlpitos, contendo 4 salas, e o segundo 8 salas com janelas tribunas sobre a grande nave.
O frontispício com 59m de altura, e fôrma de torre assiriana, é composto de três coros sobrepostos e decorados em estilo clássico. O primeiro da ordem jônica, tem saliente a parte central, coroada por um frontão. Dão ingresso no templo três largas aberturas e sobre elas reina uma galeria de quadros ornados de arqui-relevos
O terceiro corpo assenta em base quadrada, tendo sobre a frente uma janela flanqueada por espaçosos passeios. Sobre este corpo eleva-se a pirâmide de coroamento do edifício.
Toda a construção do frontispício é executada em alvenaria de pedra ordinária, sendo de cimento as molduras, os capitéis, ornatos, etc. O embasamento, o largo adro e a escadaria são de excelente cantaria azul. A decoração interior nos altares e capelas é de rara suntuosidade. A escultura é profusa e trabalhada com esmero. Todos os relevos são executados em cedro vermelho cujo tom é admiravelmente realçado pelo fundo branco de mármore. Nas principias alturas a disposição adotada foi a de um peristilo semi-circular coroado de ricas cúpulas. Ornam a nave oito pares de pilastras corínthias com rico entablamento. As abobadas são cilíndricas, salvo no cruzamento das naves onde se eleva um zimbório esférico.
Assim a principal nave como as capelas são ornamentadas por magníficos relevos. O edifício é banhado de abundante luz por meio de lunetas abertas acima do entablamento geral. Sua inauguração teve lugar em 7 de Dezembro de 1883, tendo sido começada o obra em 1827, sendo seu primeiro administrador o coronel Joaquim Aranha de Camargo.
A Estação da Estrada de Ferro Paulista e Mojiana cuja reconstrução está se procedendo. O Teatro, e Santa Casa de Misericórdia e outros.
Uma obra de suma importância e de primeira condição higiênica está em via de realizar-se para esta Cidade, que é o da Companhia de Águas e Esgotos. Esta companhia já concluiu os devidos estudos e está agora tratando da execução deste melhoramento, que dentro de dois anos deve estar concluído. Os nomes dos distintos e patrióticos diretores, bem como os dos acreditados e conhecidos profissionais encarregados da execução técnica encontram-se na secção respectiva deste Almanaque.
Outra, na senda do progresso da Província, é incontestavelmente a criação da primeira estação agronômica no bairro do Guanabara de Campinas, para a qual foi pelo Governo Geral mandado contatar na Europa o distinto agrônomo o Dr. F. Daflert M. A., lente substituto da Universidade de Berlim.
O mesmo Dr. Daflert em uma serie de artigos publicados na Gazeta de Campinas, e reproduzidos pela Província de S. Paulo no mês de Outubro de 1887, procura explicar e fundamentar o que é e qual o fim da Estação Agronômica, e quais as vantagens a tirar delia para as industrias que estão ao alcance das ocupações agrícolas.
Aspecto parcial da administração da cidade em 1888
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Fonte:
Almanach da provincia de São Paulo administrativo, commercial e industrial para 1888 [... ] Sexto anno. Seckler, Jorge (org.), disponível digitalmente no site da biblioteca: Brasiliana - USP
Nota:
Para melhor compreensão do texto, a ortografia utilizada na época foi atualizada para os padrões atuais.
Fonte da imagem inicial:
Revista "A Cigarra", edição de 1917, disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo
Fonte da imagem inicial:
Revista "A Cigarra", edição de 1917, disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo
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