Anúncios antigos de carros antigos - VIII


Desde que a indústria tabagista iniciou seus investimentos em propagandas, o cigarro sempre esteve diretamente atrelado a símbolo de status e elegância. A questão envolvendo a saúde nunca fora determinante até tempos recentes. Aliás, é sabido que o tabaco foi utilizado inclusive com finalidades terapêuticos, sendo os próprios médicos tanto ou mais fumantes do que a população em geral.

Com a massificação dos filmes de Hollywood, o cigarro passou a ter muito mais impacto no mundo ocidental, especialmente entre os jovens. Discorrendo especificamente sobre a influência do capitalismo americano na propagação do hábito de fumar,
Miguel Angel Schmitt Rodriguez, tece os seguintes comentário, em sua Dissertação de Mestrado “Cinema clássico americano e produção de subjetividades: o cigarro em cena”: “Por possuir esse vínculo íntimo com o capitalismo, é natural que o cigarro e sua indústria tenham tido, também, relações estreitas com a cultura da sociedade norte-americana. O processo de “americanização” do mundo que decorreu a partir década de 40, principalmente após a entrada dos Estados Unidos na Guerra 59, trazia junto aos ideais do american way of life um mosaico de imagens que compunham e representavam a vida social naquele país. Assim como coca-cola e o hot-dog, o cigarro foi também, nesse contexto, um ícone tradicional da cultura norte-americana. São os “cigarros da Virgínia” que chamam a atenção de “Zorba, o grego” (personagem de Anthony Quinn), no começo da história do filme que tem como cenário a ilha de Creta”. E completando: “Nesse sentido, não é de todo surpreendente saber que, no início da década de 50, Ronald Reagan, na época ator de cinema, tenha atuado como garoto propaganda da marca de cigarros “Chesterfield” (Philip Morris). Para que se percebam os valores imbricados, reproduzo, na página seguinte, o anúncio que foi publicado na revista Life em dezembro de 1951.

Fonte:
Miguel Angel Schmitt Rodriguez: “cinema clássico americano e produção de subjetividades: o cigarro em cena”. Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Maria Bernardete Ramos Flores. Florianópolis, 2008.

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ANÚNCIOS - A PROPAGANDA TABAGISTA AO LONGO DO SÉCULO XX


Marca: "Suerdieck". O pai fumando enquanto brinca com o filho pequeno, embora hoje seja considerado um caso exemplar do politicamente incorreto, nos anos 60, quando se publicou esta propaganda, era algo de extrema naturalidade. Se bem que, mesmo hoje, ainda se veem pais se comportando aos moldes dos "Beatles" (anúncio de 1962)

Marca: "Suerdieck". Outra propaganda que busca associar o hábito de fumar aos momentos de prazer (anúncio de 1962)

Marca: "Gold Star". O tabaco como símbolo de elegância e e status social (anúncio de 1962)

Marca: "Suerdieck" (charutos). "Um prazer especial inteiramente seu", é o que consta nesta propaganda, o que tipifica muito bem a forma como o tabaco era apresentado nos antigos anúncios sobre o produto (anúncio de 1962)

Marca: "Hilton". O cigarro, uma companhia agradável num momento agradável, outra imagem bem tipificada da propaganda tabagista (anúncio de 1969)

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Fonte:
Revista "Quatro Rodas" (anúncios: 1-4), edições de 1962, disponível digitalmente no site da Quatro Rodas
Revista "Veja" (anúncio: 5), edição de 1969, disponível digitalmente no site da Veja Digital

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