"A linguagem de Collins"

A versão teísta da Teoria da Evolução, segundo o ex-diretor do Projeto Genoma, Francis Collins:

"Embora existam muitas variáveis sutis da evolução teísta, uma versão típica obedece às premissas a seguir:

1. O universo surgiu do nada, há aproximadamente 14 bilhões de anos.
2. Apesar das improbabilidades incomensuráveis, as propriedades do universo parecem ter sido ajustadas para a criação da vida.
3. Embora o mecanismo exato da origem da vida na Terra permaneça desconhecido, uma vez que a vida surgiu, o processo de evolução e de seleção natural permitiu o desenvolvimento da diversidade biológica e da complexidade durante espaços de tempo muito vastos.
4. Tão logo a evolução seguiu seu rumo, não foi necessária nenhuma intervenção sobrenatural.
5. Os humanos fazem parte desse processo, partilhando um ancestral comum com os grandes símios.
6. Entretanto, os humanos são exclusivos em características que desafiam a explicação evolucionária e indicam nossa natureza espiritual. Isso inclui a existência da Lei Moral (o conhecimento do certo e do errado) e a busca por Deus, que caracterizam todas as culturas humanas.

Se alguém aceita esses seis princípios, percebe que surge uma síntese completamente aceitável, que satisfaz intelectualmente e tem consistência lógica: Deus, que não se limita ao tempo e ao espaço, criou o universo e estabeleceu leis naturais que o regem. Para povoar este universo antes estéril com criaturas vivas, Deus escolheu o mecanismo distinto da evolução para criar micróbios, plantas e animais de todos os tipos. O mais extraordinário é que ele escolheu, propositadamente, o mesmo mecanismo para originar criaturas especiais que teriam inteligência, conhecimento de certo e errado, livre-arbítrio e desejo de afinidade com Ele. Deus também sabia que esses seres, ao fim, optariam por desobedecer à Lei Moral.

Esse ponto de vista é totalmente compatível com tudo o que a ciência nos ensinou sobre o mundo natural. É também totalmente compatível com as grandes religiões monoteístas do mundo. A perspectiva da evolução teísta não pode, é claro, provar que Deus existe, assim como nenhum argumento lógico pode fazê-lo completamente. A crença em Deus sempre exigirá um salto de fé. Contudo, essa síntese proporcionou, a legiões de cientistas que acreditam em Deus, uma perspectiva satisfatória, consistente e enriquecedora, que permite uma coexistência pacífica das visões de mundo científica e espiritual em nós. Essa perspectiva permite ao cientista que acredita em Deus realizar-se intelectualmente e sentir-se espiritualmente vivo, tanto ao idolatrar o Criador quanto ao utilizar os instrumentos da ciência para descobrir alguns dos admiráveis mistérios de Sua criação" (p. 206, 207).

Fonte:
Francis S. Collins. “A linguagem de Deus”. Editora Gente, 2007.

É isso!

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