Leonard Darwin e a tradição eugenista
Para quem não sabe, Leonard Darwin, filho do naturalista Charles Darwin, além de ter sido eleito, em 1921, o prsidente da Federação Internacional das Sociedades Eugênicas, foi também um ferrenho batalhador pelos ideais eugenistas na Grã-Bretanha. Nos trechos da tese a seguir, a autora faz menção dele como defensor da eugenia e de sua influência entre eugenistas brasileiros:

"Octávio Domingues traduziu e fez algumas anotações sobre um artigo de H. de Varigny. Neste artigo o autor registrava o lançamento do livro de Leonard Darwin, intitulado “What is Eugenics”, registrando os esforços já empreendidos pelos homens para a melhoria da colheita e dos animais; o autor não demonstrava dúvidas de que era possível que o mesmo ocorresse com os homens, aprimorando seu vigor, a saúde e as qualidades intelectuais. Para evitar má compreensão, o autor afirmava que não seria preciso fazer com os homens as muitas experiências feitas com ao animais por meio de cruzamentos. O objetivo era claro:
"É possível dizer o que se almeja ver desaparecer das sociedades humanas, o que nestas é mais nocivo. Nossos eugenistas não pretendem criar o super-homem por judiciosos regulamentos relativos ao casamento: contentam-se para começar, a indicar quais as sortes de uniões que devem ser evitadas em razão dos males dela decorrentes à comunidade pelo número de indivíduos inferiores que dariam origem”.

Octávio Domingues continuava com seus comentários e, em meu entendimento,
expressou uma radicalização de seu discurso quando pormenorizou os objetivos eugênicos que mesmo imbuídos de ética e respeito ao ser humano, deveriam prever medidas duras em relação aos inaptos:
“(...) Diversas categorias humanas existem que não deviam ser autorizadas a reproduzir-se porque elas fornecem geralmente, uma progênese decaída de indivíduos mal-nascidos fisicamente e mentalmente tarados. Tais indivíduos seriam bois ou batatas que seriam eliminadas simplesmente; em eugenia
humana é necessário somente uma oposição à sua procriação”.
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E. R. traduziu uma página do livro de Leonard Darwin (filho de Charles Darwin) intitulado “What is eugenics?” O eugenista afirmava que toda a população sofria com a presença dos incapazes e inferiores na sociedade tornando a interdição da procriação destes indivíduos uma ação imprescindível. O autor não negava o fornecimento de assistência social a massa popular mas se era humanitário por um lado, por outro, criava um grande entrave aos propósitos eugênicos por seus efeitos de subsistência dos inaptos. Como o Estado fornecia esta rede, criava problemas para si mesmo uma vez que mantinha e fortificava uma grande massa de fracos, degenerados e inferiores. Em continuação a tradução que começou a ser publicada em outro número do Boletim de Eugenia, Leonard Darwin defende o controle da procriação justificando que trata-se de um dever; explica melhor, diz que o direito de alguém implicava obrigação para com a outra procurando desenvolver a idéia de que mesmo tendo os indivíduos definidos como inaptos, o direito á vida e à assistência social, tinham por obrigação à sociedade e ao bem das gerações futuras que comporiam a nação, evitar sua procriação evitando o
aumento de gerações cujos indivíduos herdavam caracteres considerados disgênicos."

É isso!

Fonte:
ALESSANDRA ROSA SANTOS: Quando a Eugenia se distancia do Saneamento: as idéias de Renato Kehl e Octávio Domingues no Boletim de Eugenia -1929-1933” (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: História das Ciências. Orientador: Prof. Dr. Robert Wegner). Rio de Janeiro, 2005.

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