A síndrome de Darwin

É amaplamente sabido que as idéias de Darwin quando aplicada ao homem deram margem ao florescimento de inúmeras ideologias racistas ao redor do mundo, dentre as quais a mais funesta de todas elas: a Eugenia. O próprio Darwin cultivou a crença no “melhoramento das raças”. Ele e uma série de pensadores da época acreditavam que a “raça” humana poderia ser “melhorada” caso fossem evitados “cruzamentos indesejáveis. Isso deixa bem claro em seu livro “A Origem do Homem”:

Os dois sexos deveriam ser impedidos de desposarem-se quando se encontrassem em estado de inferioridade muito acentuada de corpo ou espírito”. E mais adiante: “Todos aqueles que não podem evitar uma abjeta pobreza para seus filhos deveriam evitar de se casar, porque a pobreza não é apenas um grande mal, mas ela tende a aumentar; (...) enquanto os inconscientes se casam e os prudentes evitam o casamento, os membros inferiores da sociedade tendem a suplantar (em número) os membros superiores. Como todos os animais, o homem chegou certamente ao seu alto grau de desenvolvimento atual mediante luta pela existência, que é conseqüência de sua multiplicação rápida; e, para chegar a um mais alto grau ainda, é preciso que continue a ser mantida uma luta rigorosa (...). Deveria haver concorrência aberta para todos os homens e dever-se-iam fazer desaparecer todas as leis e todos os costumes que impedem os mais capazes de conseguir seus objetivos e criar o maior número possível de crianças.”

Lembrando também que os ideais de Darwin relacionados à evolução humana não ficaram restritos apenas à Europa. Em praticamente em todo o mundo Ocidental, eles vingaram e deixaram marcas profundas. Aqui mesmo no Brasil o darwinismo social exerceu forte influência entre médicos e escritores, como no autor de “O sítio do pica-pau amarelo”, o conhecido escritor Monteiro Lobato. Nos Estados Unidos a Eugenia chegou ao seu estado mais temível, sendo amparada inclusive por lei. Durante décadas uma quantidade enorme de mulheres americanas consideradas portadoras de alguma patologia hereditária foi violentamente impedida de gerar filhos, tendo como “justificativa” o bem-estar da sociedade. Também na Alemanha o darwinismo social ramificou-se ao modo “peculiar” de Hitler causando a maior catástrofe humana do século XX: o holocausto dos judeus.

Pois bem. Um outro grupo que também fora fortemente atingido pela “síndrome racista de Darwin”, foi o portador da
condição tecnicamente conhecida como "trissomia 21" (mais popularmente conhecida como “síndrome de Down”).

Para quem não sabe, a expressão “síndrome de Down” tem esse nome por causa do médico inglês John Angdon Down, que descreveu esse distúrbio genético numa publicação de 1866. Inicialmente o médico Down também fora influenciado pelos estudos de Charles Darwin. Tomando como base o livro “A Origem das Espécies”, Down inferiu que aquelas características sindrômicas eram um retorno a um tipo racial oriental primitivo relacionado ao habitante da Mongólia, daí ter apelidido o termo de “mongolismo” ou "idiotia mongolóide", o primeiro, aliás, usado até nos dias de hoje. Em “O Polegar do Panda”, Gould faz menção de uma frase com a qual Down tenta classificar os “débeis mentais” num “sistema natural”: "Mantive a minha atenção dirigida por algum tempo para a possibilidade de criar uma clas­sificação dos débeis mentais, organizando-os em torno de vários pa­drões étnicos — em outras palavras, construindo um sistema natu­ral” (p. 146).

Mais recentemente, sob o rótulo da “Sociobiologia”, o darwinismo social também refloresceu através dos genes. Os sociobiologistas fazem uso da falácia genética para tentar explicar os mais variados tipos de comportamentos humanos, os quais, segundo eles, “necessariamente” aparesentam sinais da “evolução”. É o determinismo genético fazendo seu papel. E assim caminha a humanidade e a mediocridade...
... em nome da ciência

É isso!

Um comentário:

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