As treze "profecias" de Darwin

Ao chegar à leitura da parte final do famoso livro “A Origem das Espécies” (tradução: André Campos Mesquita), chamou-me a atenção o grande otimismo de Darwin em relação ao futuro de sua teoria. Tive a impressão de está lendo os prognósticos de algum profeta barbudo do tipo Nostradamus ou os vaticínios de um antigo oráculo grego. Ele até chega a usar a expressão “olhar profético” quando tenta antever o triunfo da teoria evolutiva: “Podemos propor um olhar profético para o futuro, até o ponto de predizer que as espécies comuns e muito difundidas, que pertencem aos grupos maiores e predominantes, serão as que finalmente prevalecerão e procriarão espécies novas e predominantes." (p. 151, Tomo III).

Eu, como descrente de Darwin, selecionei, a seguir, 13 dessas “profecias” darwinianas, para as quais tecerei breves comentários. Ei-las:

1. “
Os outros ramos mais gerais da História Natural aumentarão muito em interesse. Os termos afinidade, parentesco, comunidade de tipo, paternidade, morfologia, caracteres de adaptação órgãos rudimentares e atrofiados, etc., empregados pêlos naturalistas, cessarão de ser metafóricos e terão o sentido direto” (p. 148). Aqui Darwin errou principalmente em “caracteres de adaptação” e “órgãos rudimentares e atrofiados”. É bem verdade que os póstumos discípulos de Darwin levou o adaptacionismo às suas últimas conseqüências; porém, finda toda a especulação o adaptacioniismo revelou-se digno apenas de um Dr. Pangloss, em outras palavras: puro exagero e imaginação. No que concerne aos tais “órgãos rudimentares”, embora os devotos atuais de Darwin ainda se agarrem neles como “prova da evolução”, sabe-se que muitos desses órgãos nada tem de rudimentar, em vez disso, já revelaram suas devidas funções.

2. “
Abrir-se-á um campo de investigação, grande e quase não pisado, sobre as causas e leis da variação e correlação, os efeitos do uso e do desuso, a ação direta das condições externas, e assim sucessivamente" (p. 148). Não se pode negar que após Darwin as pesquisas científicas proliferaram em várias áreas da ciência, como a Genética, por exemplo. Todavia, as descobertas de Mendel teriam o mesmo sucesso caso Darwin tivesse levado adiante o projeto de seu pai em torná-lo pastor. Não foi a Genética que se apropriou de Darwin, mas “Darwin” (entenda-se os neodarwinistas) que a tomou de assalto, tirando os louros de quem verdadeiramente os mereciam. Nesta “profecia”, Darwin falhou drasticamente também na questão do “uso e desuso”. Se há alguém que ultimamente tem sido lembrado neste âmbito, este não é Darwin, mas sim Lamarck.

3. “O estudo das produções domésticas aumentará imensamente de valor
(p. 148). Estas “produções” não nasceram com Darwin, nem se aperfeiçoaram por meio das informações advindas de sua teoria. Em vez disso, cresceu como uma consequencia natural do acúmulo do conhecimento através dos anos.

4. “
Uma nova variedade formada pelo homem será um objeto de estudo mais importante e interessante do que uma espécie mais adicionada à infinidade de espécies já registradas (p. 148). Mesmo porque ainda não se conhece uma nova espécie que se formou aos moldes de Darwin, ou seja, gradualmente através do acúmulo de mutações e com a impecável atuação da sua Seleção Natural.

5. “Nossas classificações chegarão a ser genealógicas até onde possam fazer-se deste modo e então expressarão verdadeiramente o que se pode chamar o plano de criação”
(p. 148). A famosa “árvores genealógica” de Darwin há um bom tempo tombou ante sua total incapacidade de se ramificar para cima.

6. “As regras da classificação, indubitavelmente, se simplificarão quando tenhamos em vista um fim definido. Não possuímos nem genealogias nem escudos de armas, e temos de descobrir e seguir as numerosas linhas genealógicas divergente
(p. 148). O que há de comum entre uma sardinha, uma pirambóia e uma arraia, para serem considerados peixes? E o que dizer das genealogias baseadas em fósseis? Algumas perguntas.

7. “Os
órgãos rudimentares falarão infalivelmente sobre a natureza de conformações perdidas há muito tempo; espécies e grupos de espécies chamadas berrantes e que podem elegantemente chamar-se fósseis vivos, nos ajudarão a formar uma representação das antigas formas orgânicas (p. 149). Aqui o equívico de Darwin, usando um neologismo que criei, é simplesmente “jibóico”. Os famigerados “órgãos rudimentares” dizem muito pouco e os tais “fósseis vivos” falam muito menos ainda. Que os digam os celacantos.

8. “A embriologia nos revelará muitas vezes a conformação, em algum grau obscurecido, dos protótipos de cada uma das grandes classes”
(p. 149). Uma das maiores fraudes pós-Darwin veio exatamente desse âmbito da Biologia, por mãos e obra de um dos maiores discípulos do naturalista inglês, o alemão Ernst Haeckel.

9. “
No futuro, vejo um campo amplo para investigações bem mais interessantes (p. 149). Mais óbvio do que isso, só o óbvio multiplicado por 666. Ora, no futuro sempre haverá um campo mais amplo para quaisquer ramos de pesquisas. Como diria Simão: "o óbvio Lulante".

10. “A psicologia se baseará seguramente sobre os alicerces, bem propostos já por Herbert Spencer, da necessária aquisição gradual de cada uma das faculdades e aptidões mentais
(p. 149). Há muito que Spencer fora jogado para a lata de lixo da ciência. Embora a chamada Psicologia Evolutiva busque dar cumprimento a esta “profecia” de Darwin, é notório que seu alicerce está fincado em histórias inferivicáveis e não suscetíveis de experimentações, as quais ainda dependem de hipóteses sobre a função de certos comportamentos há milhões de anos.

11. “Projetar-se-á muita luz sobre a origem do homem e sobre sua história
(p. 149). Aconteceu exatamente o opsoto. Nunca houve tantas incertezas sobre a origem do homem como em nossos dias. Para cada “elo” encontrado surge mais uma dúvida no imensso “rosário evolutivo”.

12. “...as espécies comuns e muito difundidas, que pertencem aos grupos maiores e predominantes, serão as que finalmente prevalecerão e procriarão espécies novas e predominantes
(p. 149). Aqui Darwin parece ter depositado toda sua confiança no tautológico lema “sobrevivência do mais apto”, que se mostrou tão útil quanto água em pó: para dissolvê-la acrescente água.

13. “E como a seleção natural atua somente mediante o bem e para o bem de cada ser, todos os dons intelectuais e corporais tenderão a progredir para a perfeição
(p. 149). Com esta “profetada” Darwin deu por encerrada sua carreira de vaticinador. Próximo profeta, por favor... ((rs))

É isso!

Um comentário:

  1. É interessante o quadro que você pinta sobre o ateísmo e a ciência, parece que você olha no espelho e pinta como se fosse a imagem de um ateu. Dá até para inverter o título para "Religioso ateu". me parece um grande desespero disfarçado de humor. no geral é um ótimo blog para detectar falácias.

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