Debatendo a Pós-Modernidade

“SANTAELLA (1996) faz um levantamento histórico sobre o início dos estudos sobre a pós-modernidade. Segundo ela, os estudos sobre esse temainiciam-se em 1959, apesar de o termo já ter sido utilizado anteriormente na década de 30. Assim nos anos 60, I. Howe publica o ensaio “Sociedade de massa e ficção pós-moderna”. A partir da década de 70, prolonga-se entre a crítica americana os debates já introduzindo o conceito nas linguagens de uma maneira geral e nas práticas culturais. LYOTARD (2004), JAMESON (2004), entre outros, são considerados os mais importantes críticos e deflagradores dos estudos sobre a pós-modernidade.

Interessando-se pelos indecidíveis, nos limites da precisão do controle, pelos quanta, pelos conflitos de informação não completa, pelos “fracta”, pelas catástrofes, pelos paradoxos paradigmáticos, a ciência pós-moderna torna a teoria de sua própria evolução descontínua, catastrófica, não retificável, paradoxal (LYOTARD, 2004, p. 107).

Em todo o campo dos estudos ligados à pós-modernidade, existe uma dificuldade e um descrédito dos estudos como ciência. Lyotard (2004) descreve a construção do saber e do conhecimento em transformação na nossa época, por meio desses descaminhos, o que retrata em tese a condição da sociedade e suas características pós.

No livro “A Sociedade Transparente” (1989), o italiano Gianni Vattimo faz um estudo sobre a sociedade em tempos pós-modernos. Segundo ele, apesar de todos os conflitos em torno do termo, o pós-moderno tem um sentido e todo o desenvolvimento conceitual está relacionado com a difusão e propagação dos meios de comunicação. A modernidade é a época em que o fato de ser moderno se torna um valor determinante e acaba quando não conseguimos olhar para a História e encará-la como um “processo unitário” (VATTIMO, 1989, p. 9-10). Pensava-se a história por marcações ordenadas de acontecimentos, definidos por marcos, como o nascimento de Jesus Cristo, por exemplo.

Quando fala sobre a sociedade transparente, VATTIMO (1989) faz uma interrogação. Ele defende a tese de que, na sociedade pós-moderna, os meios de comunicação possuem um papel essencial, pois caracterizam uma sociedade mais complexa. Ele utiliza a denominação caótica para defini-la, fugindo das concepções de sociedade transparente ou iluminada. É bem verdade que existe uma valorização do indivíduo, como apontam as teorias que estudam os indivíduos contemporâneos, mas a sociedade, o comunitário entram em crise.

Em primeiro lugar, a impossibilidade de pensar a história como um curso unitário, impossibilidade que, segundo a tese aqui defendida, dá lugar ao fim da modernidade, não surge apenas da crise do colonialismo ou imperialismo europeu; é também, e talvez mais, o resultado do aparecimento dos meios de comunicação de massa (VATTIMO, 1989, p. 13).

O jornal, o rádio, a televisão e as novas tecnologias contribuíram para a dissolução desses pontos de vistas centrais, que acabaram por excluir as grandes narrativas (termo usado pelo filósofo francês Lyotard). O interessante nesse trabalho de Vattimo (1889) é que ele faz uma crítica aos pensamentos de Adorno, quando este propõe na obra “A Dialética do Iluminismo” que o rádio tivesse o poder demoníaco, de concentrar a sociedade em governos totalitários controladores, tal como o mito do Grande Irmão de George Orwell, pela disseminação de slogans, propaganda, visões estereotipadas do mundo. Entretanto, o que aconteceu de fato, segundo Vattimo (1989), foram uma explosão e uma multiplicação de visões de mundo, propagadas pelos meios. Nunca se valorizaram tanto as diferenças; os guetos se articularam e a sociedade passa por uma transformação. Cada um tem sua tribo, cada um tem o seu jeito de se identificar, cada um é camaleão do seu próprio jeito de ser e estar no mundo. A comunicação explode e divulga racionalidades particulares, dando voz às minorias étnicas, sexuais, religiosas, culturais, estéticas.

A visão de um mundo particular relaciona-se com a idéia de fragmentação; o que vemos sendo difundidas são estratégias de marketing, que refletem modos de ser, modos de estar do público a ser atingido.

VATTIMO (1989, p.17) aborda essas questões sintetizadas por um termo que ele chamou de “efeito emancipador da libertação das racionalidades locais”. O significado desse termo está relacionado com o processo de libertação das diferenças. Segundo ele, não é transgredir ou quebrar regras. A sociedade pós-moderna se caracteriza por valorizar a diversidade. Diversidades, falando em sistemas sociais, que querem ser reconhecidas."

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Fonte:
RODRIGO OLIVA: "O INTERVALO COMERCIAL DA MTV PELO VIÉS DA FRAGMENTAÇÃO E PÓS-MODERNIDADE". (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade de Marilia – UNIMAR, para obtenção do título de mestre em Comunicação. Orientadora: Prof.ª Lucilene dos Santos Gonzáles). Marilia - SP, 2005.

Nota
:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

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