A didática do racismo

Afirmar que a Teoria da Evolução apóia o racismo, é uma jibóica besteira; todavia, é inegável o fato de que os pressupostos evolutivos serviram muito bem para fundamentar ideologias raciais, como a Eugenia.
Historicamente, desde os seus primórdios, sempre houve uma vertente darwinista que, mediante a falsificação de dados científicos, fez uso do conceito de evolução com o pregresso a fim de justificar a superioridade de uma "raça", obviamente a "raça" branca.
Apesar de o darwinismo social ter sido bem fecundo na Inglaterra vitoriana de Charles Darwin, felizmente ele não encontrou por lá respaldo de um partido político como o nazismo, de Hitler, que colocasse em prática medidas de "purificação racial" como se deu na Alemanha. Mas os ideais de Darwin não ficou restrito à sua pátria. Em várias partes do mundo o darwinismo social deixou suas marcas, lamentavelmente. Na China, por exemplo, Mao Tse Tung foi fortemente impactado por Darwin na sua "Grande Marcha"; na Rússia o darwinismo foi muito bem aproveitado por Stalin, que não via limites para suas atrocidades; na Alemanha, Ernest Haeckel foi o grande divulgador das idéias de Darwin, e Hitler soube, a seu próprio modo, aproveitar deste legado; na África o governo inglês conseguiu manter uma opressão catastrófica contra a população negra, culminando no
Apatheid; na Itália o médico Cesare Lombroso construiu toda uma teoria baseada no conceito de evolução como progresso, e de tal forma que a utilizava em julgamentos daqueles considerados criminosos; nos Estados Unidos a Eugenia se tornou um verdadeiro pesadelo para muitos imigrantes, os quais em muitos casos eram deportados e às vezes submetidos à esterilização forçada. Enfim, o darwinismo superou todas as fronteiras chegando inclusive aqui no Brasil, onde foi criada a Sociedade Eugênica de São Paulo, em 1918, com o intuito de "higienizar" a sociedade.
Sim, não se pode negar que muitas dessas teorias raciais foram resultado de uma deturpação das idéias de Darwin; contudo, para todas elas, de algum modo Darwin dava a devida sustentação. A idéia de que o homem ascendeu de uma "raça" africana inferior indo culminar no "puro branco europeu" tem todo respaldo nos ideais do naturalista inglês. Darwin tinha tanto ódio aos que ele denominava de "selvagens" que chegou a escrever: "Quanto a mim, quisera antes ter descendido daquela pequena e heróica macaquinha que desafiou o seu terrível inimigo para salvar a vida do próprio guarda; ou daquele velho babuíno que, des cendo da montanha, levou embora triunfante um companheiro seu jovem, livrando-o de uma matilha de cães estupefatos, ao invés de descender de um selvagem que sente prazer em tor turar os inimigos, que encara as mulheres corno escravas, que não conhece o pudor e que é atormentado por enormes su perstições” (A ORIGEM DO HOMEM. Hemus Editora, 1974, p. 712).

Até recentemente vários desses conceitos racistas estiveram presentes em muitos dos nossos livros didáticos, alimentando ainda mais o preconceito racial que já existia na sociedade. As ilustrações a seguir, por exemplo, foram extraídas de um livro de 1964 (“O Homem Fóssil”, de
Michael H. Day, Editora Melhoramentos), onde um aborígine aparece em meio a alguns animais, servindo como exemplo para a evolução gradual da “raça” humana. Que triste!



É isso!

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