Quando a paixão ou a razão é decisiva


Se perguntássemos a um católico praticante (um que não perde a missa aos domingos e que faz questão de expor na parede uma moldura da Sua Santidade) qual seria sua opinião a respeito do papa Joseph Ratzinger, o que será que ouviríamos dele? E se interrogássemos um fiel da Igreja Universal do Reino de Deus (um que dá o dízimo até do dízimo e que já passou por todos os rituais de descarrego) o que ele tem a dizer acerca do bispo Edir Macedo, o que poderíamos esperar como resposta?

Bem, não vejo necessidade de responder ao óbvio multiplicado por dez!

E no caso de Darwin, o que aconteceria se pedíssemos a opinião de Richard Dawkins acerca do naturalista inglês?

Não tenho dúvidas que a paixão, isto é, que o apego ideológico à pessoa em questão seria preponderante e decisiva nas conclusões de cada um dos exemplos citados.

Agora, que ver um exemplo bem prático no que diz respeito a Darwin, de sua adesão aos ideais evolucionistas e de sua viagem no Beagle?
Denis Buican e Stephen Jay Gould


DENIS BUICAN

1 ª CONCLUSÃO:
"Se essa hipótese pudesse ser confirmada, Darwin teria pago com uma longa doença, que finalmente lhe custou a vida, a paixão científica que o levou ao Beagle, conduzindo-o para essas terras longínquas, onde foi contaminado: o sábio inglês não seria apenas um herói, mas também um mártir da ciência."

2ª CONCLUSÃO:
"A marca dessa viagem na obra de Darwin será indelével, pois partindo impregnado do fixismo da época, regressou evolucionista."

Fonte:
Denis Buican. "Darwin e o Darwinismo". Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 1987, p. 14, 22.



STEPHEN JAY GOULD

1ª CONCLUSÃO:
"O mito do Beagle - o de que Darwin tornou-se um evolucionista por meio da observação simples e imparcial de um mundo inteiro estendido à sua frente durante uma viagem de cinco anos ao redor do mundo — ajusta-se a todos os nossos critérios românticos para a melhor das lendas.."

2ª CONCLUSÃO:
"Resumindo, então, Darwin chegou às Galápagos e delas saiu como criacionista, e o seu estilo de coleta durante toda a visita refletiu essa posição teórica."

Fonte:
Stephen Jay Gould. “O Sorriso do Flamingo”. Editora Martin Fontes. 1ª edição, 1990. Tradução: Luís Carlos Borges. paginas: 323 e 330

É por essas e outras que não dá para confiar em "apelo à autoridade!"

É isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Excetuando ofensas pessoais ou apologias ao racismo, use esse espaço à vontade. Aqui não há censura!!!