A figura do diabo: dos sacerdotes medievais ao bispo Edir Macedo

O Diabo no Imaginário da Cristandade

“Os primeiros séculos da Idade Média representavam um mundo em conflito entre o Bem e o Mal. Os sacerdotes da Igreja esgotam-se em debates sobre a figura do Diabo e de como combatê-lo. Na verdade, eles próprios exalavam a quase onipotência de Satã, visto que suas pregações destacam cada vez mais o Mal e suas conseqüências; a bem-aventurança cedendo lugar, progressivamente, à danação. Os demônios não são mais imaginados apenas como causadores de calamidades e epidemias, mas passam a representar os desejos que os cristãos guardam no fundo do coração, sem se atrever a admiti-los como seus. As pessoas ão acometidas de males aos quais não conseguem resistir; tornam-se vítimas fáceis nas mãos do Diabo e por isso são sujeitas ao exorcismo como forma de livramento e expiação de suas fraquezas. Como já foi dito, medo e terror rondam os cristãos, que em toda parte suspeitam de adoradores de Satanás; a história do Diabo justifica as perseguições aos judeus, aos feiticeiros e abre prerrogativas para a “caça às bruxas” na Europa Moderna. Ao longo dos séculos, o Diabo torna-se mais respeitado e poderoso, e em troca de satisfações os homens fazem pactos com ele:

Os motivos pelos quais os homens podem ser primeiramente desencaminhados pelos demônios...: a própria experiência, para nossa grande perdição e flagelo, fornece-nos dolorosas provas que Satã apodera-se de tantas oportunidades para iludir e destruir o gênero humano quanto humores e emoções naturais diferentes existem na índole humana. Aqueles que se abandonam às suas luxúrias e ao amor, ele seduz oferecendo-lhes a esperança de satisfazer-lhes os desejos ou se eles estão curvados sob o peso da pobreza cotidiana, ele os atrai com uma vasta e abundante promessa de riquezas ou se os tenta mostrando-lhes os meios de sevingarem quando estiverem enfurecidos por alguma injúria ou dano recebidos, em resumo, por qualquer outra depravação ou prazer em que se tenham pervertido, ele os arrasta para dentro de sua soberania e os retém como se estivessem destinados a ele.
(RÉMYapud NOGUEIRA, 1986).

Os jovens monges são instruídos que não só calamidades, tormentos e doenças, mas também ruídos inesperados, como o farfalhar das folhas e o gemido do vento, devem ser atribuídos a artifícios diabólicos. Como auxílio aos sacerdotes, os teólogos enumeram uma série de indicativos da possessão diabólica.

Como já foi dito, os sermões enfatizam sobremaneira os ardis do Diabo, suas ciladas e as muitas formas de impingir o Mal. O fato de ninguém ter visto o demônio não enfraquecia os argumentos sobre ele, ao contrário, despertavam ainda mais o pavor. Num de seus sermões, o franciscano Bertoldo do Regensburg reforça esta idéia:

Meu irmão Bertoldo, tu dizes muito para nós desses demônios e de seus inúmeros ardis, e nós nunca vimos sequer um demônio com os nossos olhos, nem ouvimos nenhum, nem o tocamos nem o sentimos. Vede! Este é em verdade o pior mal que eles podem fazer a vocês; pois, uma vez que viram apenas um diabo tal como ele é, então, seguramente, nunca cometeriam sequer um pecado novamente. Eles estão aqui neste lugar aos milhares, mas tão dissimulados que vocês não os vêem. Pois, se vocês os enxergassem, apenas uma vez, nunca mais pecariam, uma vez que eles são tão medonhos que se os enxergássemos, apenas um deles, como verdadeiramente é, todo o gênero humano morreria de pavor.
(NOGUEIRA: 1986, p. 52).

A Idade Moderna é inaugurada com um terrível medo de Satã e a difusão da imprensa ajuda a acrescentar detalhes ao quadro já horripilante da figura do Diabo. Ele é muito citado nos discursos e fala-se mais nele do que em Deus. Lutero, em um de seus sermões, atrai as atenções para o demônio de forma assustadora:

Nós somos corpos submetidos ao Diabo, em um mundo onde o Diabo é o príncipe e deus. O pão que comemos, a bebida que bebemos, as vestimentas que usamos, até o ar que respiramos e todos os pertences de nossa vida corporal, fazem parte de seu império
. (LUTERO apud NOGUEIRA, 1986, p. 77).

O século XVI coloca em evidência os
Teufelsbucher, ou literalmente, livros do Diabo, que têm seu ápice entre 1545 e 1604. Neste período são publicados 30 títulos originais na Alemanha; com 110 reedições dos mesmos, aproximadamente 240.000 exemplares em circulação, sendo “provável que mais ou menos um milhão de pessoas, inclusive mulheres e filhos dos compradores, tenham podido entrar em contato com estes impressos, (...), sem falar na transmissão de boca em boca ou por intermédio dos pastores que neles se inspiravam” (MUCHEMBLED, 2001, p. 149); numa população de vinte milhões de habitantes e com uma receita de 5 a 15% para os livreiros:

O objetivo declarado era de fornecer ensinamentos a respeito do diabo aos cristãos em geral, mas também aos pastores e aos letrados. Feyrabend [livreiro da época] queria demonstrar que o diabo não só tomava posse da alma e do corpo, como buscava controlar tudo, lançando a confusão em todo o reino humano, e visando, sobretudo, às leis civis, à ordem e à razão. Os
Teufelsbucher tinham sido, praticamente todos, redigidos por pastores luteranos, autores de 32 dos 39 títulos, a fim de denunciaros vícios e os pecados de seu tempo e de advertir os homens contra a prática de superstições, da magia ou da feitiçaria. Eles assumiram formas bem diversas; sermões, panfletos, compêndios, peças teatrais, cartas abertas, poemas didáticos, narrativas curtas... Seu valor literário era igualmente muito variável, quase sempre medíocre. (...) Três eram principalmente os campos de ação cobertos por esta literatura: a demonologia propriamente dita; os vícios ou pecados individuais; a vida social e o círculo da família. (Idem, pp. 149-150).

Nas camadas mais populares, em muitos momentos, a figura do Diabo assumiu o papel de benfazejo ou debochado. Mas, mesmo assim, a literatura produzida não deixou de influenciá-los, uma vez que, sacerdotes e pastores faziam a ponte entre letrados e iletrados, buscando inculcar a vigilância constante a respeito das armadilhas do Diabo e de como lidar com as mesmas. Em locais protestantes luteranos e calvinistas, bem como em regiões da contra-reforma católica, do século XVI ao XVIII, a literatura de conselhos teve um cunho trágico e sombrio: feito o pacto com o Diabo, este sempre saía vencedor. A moral destas histórias, principalmente as protestantes, tinha como alvo ensinar aos seus leitores “a se comportarem diante da Lei, divina e humana, apresentando exemplos de transgressão seguidos de sua infalível punição” (MUCHEMBLED, 2001, p. 162). Ao longo do século XVIII europeu, há grande polêmica entre os teólogos e seus adversários, retirando dos primeiros o monopólio da discussão sobre a existência e formas de atuação do Diabo: da posição de produtores de um discurso dominante, estes passam à posição de defensores da Teologia cristã, já que esta não se mostra mais suficiente para explicar um mundo que transita entre a modernidade e a contemporaneidade. Entretanto, isto não equivale a dizer que a Teologia do medo não se fizesse presente, e sim, que o enfoque sobre o Diabo mudava:

A imagem do diabo se transforma em profundidade, distanciando-se inelutavelmente da representação de um ser aterrorizante exterior à pessoa humana para tornar-se, cada vez mais, uma figura do Mal que cada um traz dentro de si. (...) O demônio interior começa lentamente sua conquista da cultura ocidental
. (MUCHEMBLED, 2001, p. 238).

Durante o século XIX e para o que nos interessa, que são as heranças inglesa e norte-americana:

(...) na Inglaterra a temática [sobre o Diabo] serve a uma longa transição entre o diabo infernal do tempo das caças às bruxas e o da personalização do Mal. Como se esta cultura tivesse necessidade de desembaraçar-se do supremo revoltado, deixando-o acompanhar por mais tempo o ser humano, antes de desenvolver posteriormente no século uma concepção interiorizada do Mal, com
O médico e o monstro, de Stevenson (1886). Sem nunca perder totalmente de vista o monstro exterior, (...). A defasagem cronológica e a diferença de sensibilidades, já visíveis no início do século XIX, jamais deixaram de existir entre as duas grandes tradições, separando, neste sentido, a França da Inglaterra ou, mais geralmente, da Europa do norte, estendendo-se aos Estados Unidos e países latinos. (MUCHEMBLED, 2001, pp. 247-248).

A Idade Contemporânea continuou a desenhar o perfil do demônio em diferentes culturas, mesmo no século XX; em anos mais recentes, trouxe manifestações religiosas que Weber imaginava, não transporiam as barreiras do século XIX, pelo desenvolvimento de uma sociedade altamente racional. Ao contrário, esta passagem de século tem surpreendido os pesquisadores pelo excesso de religiosidade que consideram irracional e que explica a realidade pela atuação do Diabo ou espíritos que, na prática, traduz-se em sincretismo e possessão.

O neopentecostalismo, desenvolvido principalmente nos últimos vinte anos nos países de terceiro mundo, parece ter como uma de suas características mais relevantes o fato de ter conseguido adaptar-se e, de certo modo, renovar-se através do contato com as concepções “populares” sobre o mal e sobre os espíritos de possessão, presentes nestas sociedades. O seu desenvolvimento tem sido, podemos dizer, essencialmente sincrético, ou, em outros termos, “embebido” nas práticas sociais e rituais correntes.
(BIRMAN, 1977, p. 63).

Em seu artigo, Birman comenta os levantamentos feitos através de entrevistas com membros da IURD e do quanto a fala dos fiéis está comprometida com o universo diabólico e dos espíritos. Quase todos os entrevistados tiveram envolvimento com magia, cultos espíritas, umbanda, candomblé, que são cultos de possessão, e ainda vivem em torno deste mundo, mesmo depois da conversão ao pentecostalismo, pois se sentem ameaçados por tudo que o Diabo representa de ruim e pela evidente potencialidade deste em interferir em suas vidas. A atuação do demônio, na maior parte das vezes, é acompanhada de situações de possessão, mas este fenômeno é entendido pelo fiel como parte do processo de reorganização de sua vida; há aceitação da possessão como um fato que pode ocorrer cotidianamente: convive-se com a idéia do espírito das trevas, mas este tem de ser “amarrado”, pois está sempre próximo sem, contudo, poder agir, salvo se a conduta do crente der “brechas” para o maligno. A luta entre o bem e o mal é diária e sem tréguas: “É impressionante o número de pessoas que duvidam das forças ocultas. Acham graça, zombam mas, na verdade, estão se arriscando a acabarem vítimas de algum trabalho” (MACEDO, 1996).

A Universal recupera uma imagem do Diabo que é central no Cristianismo, porém, ele lhe dá renovadas forças em pleno século XX, em meio a grandes crises sociais. Por isso, antes de trabalharmos propriamente com a idéia de mal ou Diabono Cristianismo, também presente em seus livros, trataremos de alguns temas centrais com a intenção de tornar seu pensamento mais claro. A imagem do que é, que características têm esse Diabo e qual seu campo de atuação, ficam mais evidentes quando compreendemos o corpo de valores subjacente à sua obra. Afinal, se temos uma configuração em que há uma luta constante entre o bem e o mal, com a participação importantíssima do fiel como enfrentador do Diabo, também é necessário que este mesmo fiel seja encorajado nas lutas diárias a permanecer firme em Cristo. Precisa beber da Palavra da Bíblia, da Palavra proferida nos cultos e da Palavra escrita nos livros.

A Palavra é fundamental na estrutura do discurso religioso, uma vez que “a palavra nunca está só – ela sempre está acompanhada. Ela está sempre num discurso, ou seja, é no discurso, que Pêcheux denomina de formação discursiva, que a palavra assume seu significado” (BACCEGA, 2003, p. 46), colocando em ação tudo aquilo que faz parte da crença do fiel. A palavra é o elemento de ligação entre o fiel e o mundo divino. É especialmente importante, uma vez que através da palavra todas as coisas foram criadas por Deus; Cristo, o Verbo, fez-se carne. Porém, quando nos referimos ao discurso religioso há que se considerar também o sujeito do discurso e seu receptor. Aquele que profere o discurso o faz em Nome de Deus, não ocupa o lugar de Deus, mas fala em Seu Nome. Aquele que recebe tem no locutor uma autoridade que reconhece como legítima, por isso, aceita a Palavra. Está formado o elo que permite a relação de troca entre os interlocutores.

Contudo, esta troca é desigual, pois estão acontecendo ações discursivas a partir de dois planos diferentes: aquele que fala em Nome de Deus, o faz do plano espiritual; sendo que o ouvinte é do plano temporal. Quando Deus manifesta-se através do pastor, este está imerso no sagrado e numa dimensão de características comuns a Deus: imortal, infalível, eterno, infinito. Deus é o locutor. E fala como um indivíduo (ouvinte) que é mortal, falho, dotado de poder relativo.

Em relação ao discurso, adotaremos a tipologia de Orlandi (1987), sobre o funcionamento da linguagem, e trataremos o discurso religioso como um discurso que não permite a reversibilidade, ou seja, a troca de papéis na interação que constitui o discurso e que o discurso constitui. O discurso religioso da Universal tende a ser monossêmico, mas não inteiramente, uma vez que sua ação não é completamente dominada pelo locutor. A sua fala (escrita) está dada na relação, mas depende do outro para que o locutor encontre ressonância e legitimidade. Ao lançar a palavra, o locutor o faz num determinado contexto histórico:

(...) todo discurso é incompleto e tem seu sentido intervalar: um discurso tem relação com outros discursos, é constituído pelo seu contexto imediato de enunciação e pelo contexto histórico-social, e se institui na relação entre formações discursivas e ideológicas. Assim sendo, o sentido (ou sentidos) de um discurso escapa (m) ao domínio exclusivo do locutor. Poderíamos, então, dizer que todo o discurso, por definição, é polissêmico, sendo que só o discurso autoritário tende a estancar a polissemia. (ORLANDI, 1987).

Ao produzir um discurso sobre o Diabo em seus livros, a Universal elabora-o em um contexto histórico que procura responder aos anseios de seus fiéis e, ao mesmo tempo, tornar o mal algo quase que palpável, possibilitando ao fiel empreender a luta do justo e até mesmo um diálogo agressivo com o demônio. Neste aspecto, os cultos e programas televisivos têm papel fundamental para dar vida ao combate contra o mal; se a palavra escrita alimenta e explica sobre o Diabo, tem função didática, ilustrativa; o exorcismo é a ação, a prática de libertação, é o próprio mito em movimento.

Quando nos referimos à realidade concreta e histórica, há que se considerar que a IURD nasceu em 1977 e cresceu num tempo de recessão no Brasil quando a classe média assiste, inclusive, a um achatamento de seu poder aquisitivo, onde as desigualdades sociais estão cada vez mais acentuadas. Na década de noventa, quando a Igreja atinge seu auge, apresenta-se uma situação econômica que não preenche as necessidades básicas de sobrevivência para muitos e para tantos outros não lhes dá conforto, estabilidade e emprego. Como foi dito, não podemos esquecer que a IURD tem crescido em participação na classe média, ainda que seu público mais notório seja de extratos mais baixos da população.*

Mas por que o Diabo é um componente de tanta notoriedade nos livros da Universal? Talvez seja muito absorvente (e provavelmente inconsciente) a possibilidade de transferência das responsabilidades individuais para o plano espiritual e diabólico, como comentamos: o maniqueísmo pregado pela IURD estabelece o recebimento de bênçãos como algo de Deus e os acontecimentos considerados ruins ou contrários àquilo que o fiel esperava como uma atuação satânica; neste intervalo estão os problemas, que todas as pessoas têm, porém, que não são colocados pela Igreja como fatores de crescimento espiritual ou mesmo um exercício de fé e paciência na vida do adepto, mas como um obstáculo do Diabo.

Por outro lado, diferentes fatores podem interferir nesta aceitação, por parte do fiel, dos malefícios demoníacos como um ato sempre presente no mundo e a desafiá-lo: quando pensamos no pentecostalismo, suas origens e expressões no Brasil, um dos pontos que atualmente chama a atenção é o fato de algumas Igrejas estarem se acomodando ao mundo. A Universal é uma das Igrejas que estimula o fiel a buscar o conforto material sem se preocupar muito com a eternidade pregada por Cristo, dogma que ocupa lugar central na pregação cristã. Então, o papel do Diabo é bastante importante, ele é uma figura que se interpõe entre o fiel e Deus: nessa relação há o fiel iurdiano, o Diabo e Deus, sendo que muitas vezes o poder de Satanás parece igualar-se ao de Deus, dada a ênfase em suas obras. É como se as palavras de Lutero no século XVI fossem transpostas para o século XX: “Somos corpos submetidos ao Diabo” (apud NOGUEIRA, 1986).

O parâmetro do mal é o Diabo, por sua importância fundamental no relacionamento entre Deus e o fiel. Ao mesmo tempo em que propiciou o mal ao mundo, ele é aquele que continua a alterar o curso dos acontecimentos através de guerras, maldade, desemprego, alcoolismo e tantos outros males. A despeito de todos os problemas que podem envolver uma pessoa, as atenções dos indivíduos estão cada vez mais voltadas para necessidades de consumo colocadas em evidência a todo o instante pelos meios de comunicação dos mais variados, despertando a vontade de ampliar o círculo de necessidades para a sobrevivência ou uma vida digna. Neste ponto, muitas vertentes do pentecostalismo mantêm-se fiéis à idéia de felicidade no paraíso, com Cristo, mas o advento do neopentecostalismo traz consigo a possibilidade de admitir o que se quer ter e ser, que para muitos abre um caminho para o sucesso, riqueza e prosperidade. Embora a sociedade capitalista alardeie que todos têm o direito a um lugar ao sol, não há como suprir os sonhos de consumo de uma massa cada vez maior e mais excluída pela tecnologia, pelo desemprego, pela ausência de uma política de saúde ou lazer.

Então, o que a Universal também oferece em seu discurso escrito é uma explicação que não considera a divisão de classes sociais e desigualdades geradas pelo capitalismo, mas uma forma ativa de combate, dentro da ordem vigente, contra as adversidades, através da luta contra o Diabo. Nem sempre o resultado é em favor de uma condição melhor de vida, contudo, a literatura da Igreja elabora modelos que visam a organizar o cotidiano do fiel, estimulando-o em direção a uma estrutura que lhe possibilite uma pequena poupança ou aquisição de bens de consumo com um dinheiro que antes seria gasto com cigarros, com bebidas e drogas. Faz parte do corpo de valores da Universal promover um discurso escrito e falado (baseado em técnicas de auto-ajuda) que provoque bom ânimo no fiel e uma busca constante de melhores condições de vida dentro da perspectiva capitalista e por meio da transformação da conduta ética e hábitos cotidianos.

No meio desta relação agressiva, ocorre uma troca simbólica: exorcismo, doação de tudo que o fiel tem para receber a graça, banalização do Diabo e muitas vezes a recorrência ao mesmo ciclo, já que os problemas retornam ou surgem novos motivos para preocupações. Esta troca tem por objetivo o alcance da bênção e a libertação: o Diabo é o mal e o mal é violento, cruel, sórdido, mas ainda assim precisa estar presente cotidianamente, mostrando ao fiel onde está seu problema: seja financeiro, de saúde, profissional, conjugal ou afetivo. Este mal, para ser explicado, assume um sentido familiar aos seus leitores, através da permanência de elementos presentes no imaginário protestante, como veremos”.

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É isso!


Fonte:
ETIANE CALOY BOVKALOVSKI: “HOMENS E MULHERES DE DEUS: MODELOS DE CONDUTA ÉTICA DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS 1986-2001". (Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutora. Curso de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Sob a orientação da Professora Doutora Marionilde Dias Brepohl De Magalhães). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2005.

Nota:
O título e as imagens inseridos no texto não se incluem na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

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