O texto aborda a questão da imigração em São Paulo naquele dado momento histórico, em 1917.
A imigração no Brasil, como é sabido, causou um enorme impacto no comércio do país, além de influenciar fortemente em aspectos socais da nação, como na questão das greves, por exemplo. O texto também revela o preconceito arraigado na ideologia eugenista, tão fortemente cultivada na época pelos grandes intelectuais do país. Isso fica explícito, por exemplo, aqui: "A causa principal do maravilhoso progresso econômico do Estado de S. Paulo nos últimos 25 anos está indubitavelmente no rapidíssimo aumento da população. Intensificada, a imigração européia, com especialidade na década de
Sabe-se que a abolição da escravidão no Brasil foi um dos fatores pelos os quais se estimulou o incentivo à imigração. Era preciso substituir de alguma maneira a mão de obra escrava, e o imigrante europeu era a "melhor alternativa", dentre outros motivos, por fazer parte de uma "civilização avançada". Vejamos...
Casa de imigrante no núcleo "Campos Sales", em 1908
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A POPULAÇÃO — Causas do seu rápido aumento — O elemento estrangeiro — A imigração e sua influencia — Algarismos demográficos.
A causa principal do maravilhoso progresso econômico do Estado de S. Paulo nos últimos 25 anos está indubitavelmente no rapidíssimo aumento da população. Intensificada, a imigração européia, com especialidade na década de
Ainda pondo em destaque a crescente influencia do elemento imigrado, os citados recenseamentos dividem desta maneira a população, do ponto de vista da nacionalidade:
Atualmente não se conhece ao certo o numero de estrangeiros residentes no Estado, visto que nenhum recenseamento se realizou depois de 1900. Mas não errará quem os calcular em 600.000, numa população de 3.341.565 habitantes.
O quadro abaixo mostra o concurso do elemento estrangeiro, por nacionalidades, para chegar-se ao resultado exposto acima. Encontra-se nele mencionado o numero de imigrantes entrados no Estado, a datar de 1890, por quinquênios.
Já se deixa ver que nem todos esses imigrantes permaneceram no Estado. Até 1900, os entrados superaram de muito os saídos. Mas, desse ano em diante, a crise econômica, que flagelou o país, determinou o decrescimento nas entradas e, não raro, déficits no movimento migratório. Só em 1911 as chegadas de imigrantes adquirem maior vulto, garantindo bons saldos, que a guerra européia suprimiu em 1915.
Influindo na composição do povo paulista com indivíduos geralmente moços e robustos, a imigração trouxe como conseqüência o melhoramento das condições demográficas, pelo crescimento da natalidade. Por outro lado, as obras de saneamento desde cedo empreendidas e as precauções sanitárias contra as epidemias contiveram a mortalidade dentro de limites mínimos.
Em todos os anos os nascimentos superam aos óbitos, deixando grande saldo. Em 1914, por exemplo, foi ele de 67.055 almas, contra 51.343 em 1910. Em 1915, é certo, baixou a 53.949 almas, mas isto foi devido a circunstâncias passageiras, causadas pelas perturbações demográficas e econômicas que a guerra européia acarretou.
Aos referidos saldos observados no movimento do registro civil deve-se o aumento da população nos últimos tempos. Agora contribuem eles, mais do que a imigração, para o lisonjeiro resultado que a demografia põe em evidencia.
Governar é povoar — dizia Alberdi, mirando os desertos de sua pátria, donde brotariam depois as cearas que hoje enriquecem a Argentina. Fieis ao mesmo lema, os governos republicanos do Estado de São Paulo souberam governar, povoando.
Fonte:
Nota:
Para melhor compreensão do texto, a ortografia utilizada na época foi atualizada para os padrões atuais.
Fonte das imagens:
Revista "O Immigrante", edição de 1908, disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo
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