Este “Arquivo Vivo” será
dedicado ao Padre Cícero Romão e a sua abençoada terra Juazeiro do Norte, Ceará. Os textos inclusos entre as fotografias são partes de teses que versam
sobre a questão sob diferentes aspectos, e foram aqui inseridos com o objetivo
de tornar mais compreensível a história deste grande religioso, o ícone máximo
da fé nordestina. As fotografias são de 2015, tiradas amadoramente sem qualquer
técnica profissional.
Esperamos assim dar nossa
pequena contribuição para ampliar o conhecimento sobre a controvertida figura
do Padre Cícero, o “Padim Ciço”, bem como preservar a memória de sua terra e do
seu povo.
Iba Mendes
São Paulo, outubro de 2015.
Cícero Romão Batista
(24 de março de 1844 — 20 de julho de 1934)
BIOGRAFIA DO PADRE CÍCERO
Por: Daniel Walker
DADOS PESSOAIS
Padre Cícero Romão Batista
nasceu em Crato (Ceará) no dia 24 de março de 1844. Era filho de Joaquim Romão
Batista e Joaquina Vicência Romana, conhecida como dona Quinô.
Aos seis anos de idade,
começou a estudar com o Prof. Rufino de Alcântara Montezuma.
Um fato importante marcou a
sua infância: o voto de castidade, feito aos 12 anos, influenciado pela leitura
da vida de São Francisco de Sales.
Em 1860, foi matriculado no
Colégio do renomado Padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras-Paraíba. Aí
pouco demorou, pois, a inesperada morte de seu pai, vítima de cólera-morbo, em
1862, o obrigou a interromper os estudos e voltar para junto da mãe e das duas
irmãs solteiras.
A morte do pai, que era
pequeno comerciante no Crato, trouxe sérios aperreios financeiros à família, de
tal sorte que, mais tarde, em 1865, quando Cícero Romão Batista precisou
ingressar no Seminário da Prainha em Fortaleza, só o fez graças à ajuda de seu
padrinho de crisma, o Coronel Antônio Luiz Alves Pequeno.
ORDENAÇÃO
Padre Cícero foi ordenado no
dia 30 de novembro de 1870. Após sua ordenação retornou ao Crato, e enquanto o
Bispo não lhe dava paróquia para administrar, ficou ensinando Latim no Colégio
Padre Ibiapina, fundado e dirigido pelo Prof. José Joaquim Teles Marrocos, seu
primo e grande amigo.
CHEGADA A JUAZEIRO
No Natal de 1871, convidado
pelo Prof. Semeão Correia de Macêdo, Padre Cícero visitou pela primeira vez o
povoado de Juazeiro (então pertencente a Crato), e aí celebrou a tradicional
Missa do Galo.
O padre visitante, de 28 anos
de idade, estatura baixa, pele branca, cabelos louros, olhos azuis penetrantes
e voz modulada causou boa impressão aos habitantes do lugar. E a recíproca foi
verdadeira. Por isso, decorridos alguns meses, exatamente no dia 11 de abril de
1872, lá estava, de volta, com bagagem e família, para fixar residência
definitiva no Juazeiro.
Muitos livros afirmam que
Padre Cícero resolveu fixar morada em Juazeiro devido a um sonho (ou visão) que
teve, segundo o qual, certa vez, ao anoitecer de um dia exaustivo, após ter
passado horas a fio no confessionário do arraial, ele procurou descansar no
quarto contíguo à sala de aulas da escolinha, onde improvisaram seu alojamento,
quando caiu no sono e a visão que mudaria seu destino se revelou. Ele viu,
conforme relatou aos amigos íntimos, Jesus Cristo e os doze apóstolos sentados
à mesa, numa disposição que lembra a Última Ceia, de Leonardo da Vinci. De
repente, adentra ao local uma multidão de pessoas carregando seus parcos
pertences em pequenas trouxas, a exemplo dos retirantes nordestinos. Cristo,
virando-se para os famintos, falou da sua decepção com a humanidade, mas disse
estar disposto ainda a fazer um último sacrifício para salvar o mundo. Porém,
se os homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria com tudo de uma vez.
Naquele momento, Ele apontou para os pobres e, voltando-se inesperadamente
ordenou: E você, Padre Cícero, tome conta deles!
APOSTOLADO
Uma vez instalado no lugarejo,
formado por um pequeno aglomerado de casas de taipa e uma capelinha erigida
pelo primeiro capelão Padre Pedro Ribeiro de Carvalho, em honra a Nossa Senhora
das Dores, Padroeira do lugar, ele tratou inicialmente de melhorar o aspecto da
capelinha, adquirindo várias imagens com as esmolas dadas pelos fiéis.
Depois, tocado pelo ardente
desejo de conquistar o povo que lhe fora confiado por Deus, desenvolveu intenso
trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares, como nunca se
tinha visto na Região. Dessa maneira, rapidamente ganhou a simpatia dos habitantes,
passando a exercer grande liderança na comunidade.
Paralelamente, agindo com
muita austeridade, cuidou de moralizar os costumes da população, acabando
pessoalmente com os excessos de bebedeira e a prostituição. Restaurada a
harmonia, o povoado experimentou, então, os primeiros passos de crescimento,
atraindo gente da vizinhança curiosa por conhecer o novo Capelão. Para
auxiliá-lo no trabalho pastoral, Padre Cícero resolveu, a exemplo do que fizera
Padre Ibiapina, famoso missionário nordestino, falecido em 1883, recrutar
mulheres solteiras e viúvas para a organização de uma irmandade leiga, formada
por beatas, sob sua inteira autoridade.
MILAGRE
Um fato incomum, acontecido em
1º de março de 1889, transformou a rotina do lugarejo e a vida de Padre Cícero
para sempre.
Naquela data, ao participar de
uma comunhão geral, oficiada por ele, na capela de Nossa Senhora das Dores, a
beata Maria de Araújo ao receber a hóstia consagrada, não pôde degluti-la pois
a mesma transformara-se em sangue.
O fato repetiu-se outras
vezes, e o povo achou que se tratava de um novo derramamento do sangue de Jesus
Cristo e, portanto, um milagre autêntico.
As toalhas com as quais se
limpava a boca da beata ficaram manchadas de sangue e passaram a ser alvo da
veneração de todos.
REAÇÃO DA IGREJA
De início, Padre Cícero tratou
o caso com cautela, guardando inclusive sigilo por algum tempo. Os médicos
Marcos Madeira e Idelfonso Correia Lima e o farmacêutico Joaquim Secundo Chaves
foram convidados para testemunhar as transformações, e depois assinaram
atestado afirmando que o fato era inexplicável à luz da ciência. Isto
contribuiu para fortalecer no povo, no Padre Cícero e em outros sacerdotes a
crença no milagre.
O povoado passou a ser alvo de
peregrinação: as pessoas queriam ver a beata e adorar os panos tintos de
sangue.
O professor e jornalista José
Marrocos, desde o começo um ardoroso defensor do milagre, cuidou de divulgá-lo
pela imprensa.
A notícia chegou ao
conhecimento do Bispo D. Joaquim José Vieira, irritando-o profundamente. Padre
Cícero foi chamado ao Palácio Episcopal, em Fortaleza, a fim de prestar
esclarecimentos sobre os acontecimentos que todo mundo comentava.
Inicialmente, o bispo ficou
admirado com o relato feito por Padre Cícero, porém depois, pressionado por
alguns segmentos da Igreja que não aceitavam a idéia de milagre, mandou
investigar oficialmente os fatos, nomeando uma Comissão de Inquérito composta por
dois sacerdotes de reconhecida competência: os Padres Clicério da Costa Lobo e
Francisco Ferreira Antero.
Os padres comissários vieram,
assistiram as transformações, examinaram a beata, ouviram testemunhas e depois
concluíram que o fato era mesmo divino. O bispo não gostou desse resultado e
nomeou outra Comissão, constituída pelos Padres Antônio Alexandrino de Alencar
e Manoel Cândido.
A nova Comissão agiu
rapidamente. Convocou a beata, deu-lhe a comunhão, e como nada de
extraordinário aconteceu, concluiu: não houve milagre!
O povo, Prof. José Marrocos,
Padre Cícero e todos os outros padres que acreditavam no milagre protestaram.
Com a posição contrária do
bispo, criou-se um tumulto, agravado quando o Relatório do Inquérito foi
enviado à Santa Sé, em Roma, e esta confirmou a decisão tomada pelo bispo.
Todos os padres que
acreditavam no milagre foram obrigados a se retratar publicamente, ficando
reservada ao Padre Cícero uma punição maior: a suspensão de ordem.
Durante toda sua vida ele
tentou revogar essa pena, todavia, foi em vão. Aliás, ele até que conseguiu uma
vitória em Roma, quando lá esteve em 1898. Entretanto, o bispo, por
intransigência, manteve-se irredutível na decisão tomada inicialmente.
Cem anos depois o milagre de
Juazeiro foi alvo de estudos pela Parapsicologia. Segundo estudiosos dessa
ciência, um caso de aporte foi o que teria acontecido com a beata. A tese do
embuste, defendida por muitos padres e escritores, foi descartada pelos
parapsicólogos.
VIDA POLÍTICA
Proibido de celebrar, Padre
Cícero ingressou na vida política. Como explicou no seu Testamento, o fez para
atender aos insistentes apelos dos amigos e na hora em que os juazeirenses
esboçavam um movimento de emancipação política.
Conseguida a independência de
Juazeiro, em 22 de julho de 1911, Padre Cícero foi nomeado Prefeito do
recém-criado município. Além de Prefeito, também ocupou a Vice-Presidência do
Ceará.
Sobre sua participação na
Revolução de 1914 ele afirmou categoricamente que a chefia do movimento coube
ao Dr. Floro Bartolomeu da Costa, seu grande amigo. A Revolução de 1914 foi
planejada pelo Governo Federal com o objetivo de depor o Presidente do Ceará
Cel. Franco Rabelo. Com a vitória da Revolução, Padre Cícero reassumiu o cargo
de Prefeito, do qual havia sido retirado pelo governo deposto, e seu prestígio
cresceu. Sua casa, antes visitada apenas por romeiros, passou a ser procurada
também por políticos e autoridades diversas.
Era muito grande o volume de
correspondências que Padre Cícero recebia e mandava. Não deixava nenhuma carta,
mesmo pequenos bilhetes, sem resposta, e de tudo guardava cópia.
ENCONTRO COM LAMPIÃO
Com respeito a Lampião, Padre
Cícero encontrou-se com ele em 1926. Aconselhou-o a deixar o cangaço, e nunca
lhe deu a patente de Capitão, como foi dito em alguns livros. Na verdade,
Lampião veio a Juazeiro a convite do Deputado Floro Bartolomeu para ingressar
no Batalhão Patriótico e combater a Coluna Prestes. É possível que ele tenha
usado o nome do Padre Cícero para tal, pois Lampião jamais recusaria um pedido
de Padre Cícero. Dr. Floro não pôde receber Lampião e seu bando, pois já se
encontrava no Rio de Janeiro para onde fora doente, chegando a falecer,
coincidentemente, na época em que o famoso cangaceiro visitou Juazeiro. Como
insistia em receber a patente de Capitão prometida por Dr. Floro, um dos
secretários de Padre Cícero (Benjamim Abraão), convenceu Dr. Pedro de
Albuquerque Uchoa, único funcionário público federal residente em Juazeiro, a
assinar um documento por eles mesmos forjados, concedendo a famigerada patente,
que tantos aborrecimentos trouxe ao Padre Cícero, a quem muitos escritores
atribuem a autoria.
A verdade é que, mais tarde,
Dr. Uchoa foi chamado a Recife para se explicar junto às forças armadas sobre a
concessão da patente, e ele, naturalmente temendo uma punição, não encontrou
outra solução senão atribuir tudo ao Padre Cícero, certo de que ninguém seria
capaz de repreender aquele virtuoso e respeitado sacerdote. Quem conhece a
índole do Padre Cícero sabe perfeitamente que ele seria incapaz de praticar ato
tão abjeto.
IMPORTÂNCIA
Padre Cícero é o maior
benfeitor de Juazeiro e a figura mais importante de sua história. Foi ele quem
trouxe para Juazeiro a Ordem dos Salesianos; doou os terrenos para construção
do primeiro campo de futebol e do aeroporto; construiu as capelas do Socorro,
de São Vicente, de São Miguel e a Igreja de Nossa Senhora das Dores; incentivou
a fundação do primeiro jornal local (O Rebate); fundou a Associação dos
Empregados do Comércio e o Apostolado da Oração; realizou a primeira exposição
da arte juazeirense no Rio de Janeiro; incentivou e dinamizou o artesanato
artístico e utilitário, como fonte de renda; incentivou a instalação do ramo de
ourivesaria; estimulou a expansão da agricultura, introduzindo o plantio de
novas culturas; contribuiu para instalação de muitas escolas, inclusive a
famosa Escola Normal Rural e o Orfanato Jesus Maria José; socorreu a população
durante as secas e epidemias, prestando-lhe toda assistência e, finalmente,
projetou Juazeiro no cenário político nacional, transformando um pequeno
lugarejo na maior e mais importante cidade do interior cearense.
Os bens que recebeu por
doação, durante sua quase secular existência, foram doados à Igreja, sendo os
Salesianos seus maiores herdeiros.
Ao morrer, no dia 20 de julho
de 1934, aos 90 anos, seus inimigos gratuitos apregoaram que, morto o ídolo, a
cidade que ele fundou e a devoção à sua pessoa acabariam logo. Enganaram-se. A
cidade prosperou e a devoção aumentou. Até hoje, todo ano, religiosamente, no
Dia de Finados, uma grande multidão de romeiros, vinda dos mais distantes
lugares do Nordeste, chega a Juazeiro para uma visita ao seu túmulo, na Capela
do Socorro.
Padre Cícero é uma das figuras
mais biografadas do mundo. Sobre ele, existem mais de duzentos livros, sem
falar nos artigos que são publicados freqüentemente na imprensa. Ultimamente
sua vida vem sendo estudada por cientistas sociais do Brasil e do Exterior.
Não foi canonizado pela
Igreja, porém é tido como santo por sua imensa legião de fiéis espalhados pelo
Brasil.
O binômio oração e trabalho
era o seu lema. E Juazeiro é o seu grande e incontestável milagre.
BIBLIOGRAFIA
DELLA CAVA, Ralph. Milagre em
Joaseiro.2a. edição. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1985.
FORTI, Maria do Carmo P. Maria
de Araújo, a beata do Juazeiro. São Paulo, Edições Paulinas, 1991.
GUEIROS, Optato. Lampeão. 2a.
edição. São Paulo, 1953.
MENEZES, Fátima. Lampião e o
Padre Cícero.Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 1985.
OLIVEIRA, Amália Xavier de. O
Padre Cícero que eu conheci. 3a. edição. Recife, Editora Massangana, 1981.
SOBREIRA, Azarias. O Patriarca
de Juazeiro. Petrópólis, 1968.
AUTOR
Daniel Walker nasceu em
Juazeiro do Norte, Ceará, é jornalista, radialista e exerce o magistério como
Professor Adjunto da Fundação Universidade Regional do Cariri-URCA É autor de
vários trabalhos sobre o Padre Cícero, entre os quais: O Pensamento Vivo de
Padre Cícero, História do Padre Cícero em Resumo, Pequena Biografia do Padre Cícero
e Curiosidades Sobre Padre Cícero. Contato: walker@baydejbc.com.br
JUAZEIRO DO NORTE / CE (2015) - COLINA DO HORTO - ESTÁTUA
DE PADRE CÍCERO
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto. Não é uma imagem bonita, mas é a realidade amalgamada entre a pobreza e a religião tão comum nesse Brasil. Pedintes ansiosos por uma esmola"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Chegada ao Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Missa no Horto"
TEXTO
A Contribuição do Padre Cícero para a formação da cidade do Joaseiro
A Contribuição do Padre Cícero para a formação da cidade do Joaseiro
O presente capítulo tem como
objetivo enfocar a ação política, social e econômica do Padre Cícero sobre a
formação da cidade de Juazeiro do Norte. A ação do Padre Cícero sobre o Juazeiro
experimentou apogeu no período de transição do século XIX para o século XX, no
qual o ‘espírito da época’ encontrava-se permeado pelo ideário de progresso,
modernização e civilização. Simultaneamente, foi a fase de transição do Império
para a República, promovendo redefinição entre a igreja e o Estado, no cerne
das atribuições do poder estatal, civil e eclesiástico.
As indefinições inerentes à
transição, acentuadas por incertezas e necessidade de redefinição e novas
mediações políticas e sociais contribuíram para consolidar a liderança do Padre
Cícero.
Tornando-se conselheiro de uma
crescente legião de fiéis, ameaçados pela seca, no sertão nordestino e por
limitações materiais dela decorrentes, o Padre Cícero incentivava a orar e
trabalhar.
Ao promover a valorização
ética do trabalho, o Padre Cícero contribuiu para romper com as representações
‘escravocratas’, nas quais o trabalho estava associado à ‘dor’, ao ‘castigo’ e,
portanto, à humilhação e à desvalorização do homem.
Inserido em um Nordeste
predominantemente rural, no qual encontravam-se presentes formas de relação de
produção não tipicamente capitalistas, como a utilização da mão-de-obra
escrava, o Padre inseriu naquele espaço social um novo discurso, a partir do
qual emergiam novas práticas de trabalho, vinculadas à construção de um mundo
melhor, mais igualitário e mais livre.
Em um
imaginário no qual o trabalho estava associado ao castigo, enunciar o trabalho
associado à obra de Deus para os homens promovia uma ruptura significativa nas
representações de trabalho escravocrata, dependente, arcaico e servil.
Ao vislumbrar trabalho e fé,
ao instaurar o trabalho enquanto forma de orar e ao promover a oração enquanto
um trabalho e sacrifício destinado ao divino em gratidão às dádivas materiais,
o Padre Cícero contribuiu para consolidar um ideário político, social,
filosófico e econômico sobre o Joaseiro.
Do ponto de vista econômico,
cerne da presente análise, o Padre Cícero difundiu um ideário de prosperidade,
o qual consolidou uma concepção de desenvolvimento pautada no trabalho e fé. A
referida concepção contribuiu para a ocupação dos espaços públicos e privados
no Joaseiro, modelando uma nova geografia, política e sociedade na região do
Cariri Cearense.
A concepção de desenvolvimento
ora em debate repercutiu para projetar o vilarejo do sertão nordestino de base
predominantemente rural, em um importante núcleo urbano de comercialização. A
consolidação do ideário de prosperidade, constitui um importante elemento para
promover a presença do Padre Cícero na memória da cidade através do tempo.
Para melhor compreender o
cerne da concepção de desenvolvimento, do Padre Cícero, e suas repercussões
para a formação e expansão da cidade do Joaseiro, realizamos uma retrospectiva
histórica. O presente movimento analítico tem como objetivo visitar o passado
para identificar macro-tendências na história econômica da cidade e melhor
compreender a cidade do Padre Cícero, sua importância e significação nos dias
atuais.
---
Fonte:
Maria de Lourdes de Araujo: “A cidade do Padre Cícero: Trabalho e fé”. (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, do Instituto de Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para obtenção do grau de Doutora. Orientadora: Professora Drª Tamara Tânia Cohen Egler). Rio de Janeiro, 2005.
Fonte:
Maria de Lourdes de Araujo: “A cidade do Padre Cícero: Trabalho e fé”. (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, do Instituto de Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para obtenção do grau de Doutora. Orientadora: Professora Drª Tamara Tânia Cohen Egler). Rio de Janeiro, 2005.
MONUMENTO DO PADRE CÍCERO - JUAZEIRO DO NORTE/CE
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se as "pichações" dos turistas e romeiros
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se turistas e romeiros"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se turistas e romeiros"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se turistas e romeiros"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se o Ofertório"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se placas de homenagens"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se cães deitados ao seu redor"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo pessoas e cães ao redor"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se turistas do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se arredores"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se a cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se seus arredores"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se seus arredores"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
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Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se aspecto da cidade do alto do Horto"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista do Monumento, vendo-se arredores"
TEXTO
O Museu do Vivo do Padre Cícero
Além de nossas caminhadas pela
cidade de Juazeiro do Norte, concentramos o estudo empírico no Museu Vivo do
Padre Cícero. Os estudos de caso são originários das pesquisas da área de
medicina, principalmente, nos chamados asoc de Hipócrates, e foram se infiltrando
em outros campos de saberes. No entendimento de Gonçalves e Meirelles (2004, p.
47), os estudos de caso “são adotados para aqueles fenômeno s ou problemas que
apresentam características peculiares, alguma idiossincrasia com destaque para
que justifique o esforço de pesquisas simples sujeito ou de uma situação particular". Além do mais, Godoy (1995, p. 25) percebe esses estudos "[...]
como um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente
e objetiva o exame detalhado de um ambiente”. Entendemos que essa estratégica
metodológica pode bem ser aplicada ao nosso objeto de estudo.
A respeito dos critérios de
seleção dos casos a estudar, Stake (2005, P. 17) propõe: “Pode ser útil
selecionar casos típicos ou representativos de outros casos”. No entanto, deixa
claro que “a investigação com estudo de casos não é uma investigação de
amostras”. É bom lembrar que “Por vezes um caso típico funciona bem, mas
frequentemente um caso pouco habitual torna-se ilustrativo de circunstâncias
que passam desapercebidas nos casos típicos”. (ID.IBID).
Esse museu está registrado no
IBRAM por meio do Cadastro Nacional de Museus, também conhecido popularmente
como o “Museu do Casarão” localizado no bairro do Horto em Juazeiro do
Norte-CE. Nesse Museu, a temática gira em torno dos ex-votos trazidos pelos
devotos e cuja devoção está aliada à figura do Padr e Cícero Romão Batista,
personagem de referência dos moradores e devotos de toda a região Nordeste, em
particular, do Cariri, e especialmente da cidade de Juazeiro do Norte, campo
empírico desta pesquisa.
O Casarão (Figura 15) foi
construído em 1907 e está localizado no bairro do Horto. Este espaço serviu de
morada e lugar para os descansos do Padre Cícero Romão Batista, que o
considerava local de reflexão, pois o fazia lembrar da paixão, morte e
ressurreição de Jesus Cristo (SANTANA, 2009, p. 78). O Horto foi ainda morada
de beatos e hoje oferece ao romeiro
que o visita uma subida, caminhada de fé, de oração e penitência (BARBOSA,
1992, p. 15).
O Museu Vivo do Padre Cícero
foi inaugurado no dia 21 de julho de 1999. Situado em torno da estátua do Padre
Cícero, obra do artista Armando Lacerda. A edificação do Casarão tem um grande
valor espiritual. Embora seja de natureza privada, pois é mantido pela Entidade
dos “Afilhados do Padre Cícero”, ainda assim, ao visitar esse espaço, a
primeira impressão que temos é de que se trata de um museu público; afinal, não
é cobrada nenhuma taxa para se entrar e muito menos para se deslocar nas
diversas salas onde os ex-votos estão armazenados.
O Museu
retrata a vida do Padre Cícero na casa onde ele morou, por meio de personagens, feitas de resina de poliéster
(cabeça e mãos), à imagem e semelhança do grande sacerdote do povo caririense.
Essas obras de artes foram criadas pelo artista plástico pernambucano (radicado
na França) Mozart Albuquerque Guerra. Em salas e quartos, que recortam toda e estrutura do museu,
encontram-se as imagens da vida do Padre Cícero, em momentos diferentes...
Considerado um museu de arte
religiosa seu acervo é composto por peças religiosas como oratórios, imagens de
santos etc. bem como pelos objetos ex-votivos. A classificação
dos ex-votos, universo de nossa investigação, é
feita por tipo de material: peças de madeira representando partes do corpo
humano. Com raríssimas exceções, estas perpassam toda a extensão do museu,
fotos, roupas, quepes militares e bonés, vestidos de noiva e outros objetos do
cotidiano, representativos da religiosidade popular, que assumem uma nova
representação, tornando-se objeto de devoção, como estojos de cane tas,
réplicas de casas e sítios, brinquedos como bonecas e carros etc, assumindo o
terceiro sentido – o de objeto museológico.
As
peças de ex-votos que chegam ao Museu Vivo do Padre Cícero são deixadas em um
altar (figura 17), onde se encontra uma imagem do santo popular de joelhos,
erguido ao centro do museu. Ali os devotos depositam, aos pés do “Padim Ciço” -
apelido carinhosamente dado ao “santo” – o pagamento de sua s promessas, agradecendo
a graça alcançada. Em algumas visitas, perguntamos aos guia s do
museu se eles sabiam a quantidade de ex-votos que chegavam diariamente. A
resposta foi simples: “olhe aí!” - apontando para o altar – “isso tudo aí é só
agora de manhã”.
É
mister lembrar, com base na Política Nacional de Museus (2007), que o Museu
Vivo do Padre Cícero, apesar de contemplar algumas das características
museológicas, ainda se distancia de algumas concepções no âmbito dos museu s,
como por exemplo no que se refere ao planejamento e execução da exposição,
muitas vezes causando poluição visual, ao envolver no mesmo espaço peças
semanticamente distantes. Embora esse museu não atenda todas as
prerrogativas necessárias para se fazer museu, ainda assim, é respeitado como
tal, pelos próprios organismos consagrados à instituição museológica. Também,
não nos podemos esquecer de que o poder da
cultura ultrapassa a dimensão conceitual e a vontade do povo é maior do que
qualquer coisa. O Padre Cícero Romão é um desses exemplos e, por extensão, o
museu que leva seu nome. Morin (2002, p. 35) aprova nosso entendimento,
assinalando que a cultura é o “Conjunto de hábitos, costumes, práticas, saber
fazer, saberes, normas, interditos, estratégias, crenças, ideias, valores,
mitos, que se perpetua de geração em geração, reproduz-se em cada indivíduo,
gera e regenera a complexidade social.”. Esses aspectos estão presentes no
ambiente do Museu Vivo do Padre Cícero. Daí a enorme representação simbólica
das peças ex-votivas.
---
Fonte:
Carla Façanha de Brito: “Proposta de categorização dos ex-votos do Casarão - O Museu Vivo do Padre Cícero em Juazeiro do Norte-CE”. (Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Virgínia Bentes Pinto). João Pessoa, 2012.
Carla Façanha de Brito: “Proposta de categorização dos ex-votos do Casarão - O Museu Vivo do Padre Cícero em Juazeiro do Norte-CE”. (Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Virgínia Bentes Pinto). João Pessoa, 2012.
O MUSEU VIVO DO PADRE CÍCERO - JUAZEIRO DO NORTE/CE
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista parcial do Museu Vivo"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista parcial do Museu Vivo"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista parcial do Museu Vivo"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista parcial do Museu Vivo"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Vista parcial do Museu Vivo: Entrada"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se retrato do Padre Cícero"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se parte do seu acervo de fotografias"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se parte do seu acervo de fotografias"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se parte do seu acervo de fotografias"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se imagens religiosas"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma imagem de escultura do Padre Cícero Romão"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma imagem de escultura do Padre Cícero Romão"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma imagem de escultura do Padre Cícero Romão"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma imagem de escultura do Padre Cícero Romão"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma imagem de escultura do Padre Cícero Romão"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada). A esculta de madeira esculpida representa a parte do corpo que recebera o milagre
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” (escultura de madeira, fotografia, peça de roupa etc.) concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” (escultura de madeira, fotografia, peça de roupa etc.) concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” (escultura de madeira, fotografia, peça de roupa etc.) concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada)
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se ex-voto, uma espécie de “presente” (escultura de madeira, fotografia, peça de roupa etc.) concedido ao Padre como agradecimento por uma graça alcançada (em cumprimento a uma promessa feita e concretizada).
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se, a seguir, uma cena na sala de jantar da residência do Padre Cícero Romão Batista"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma cena na sala de jantar da residência do Padre Cícero Romão Batista"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma cena na sala de jantar da residência do Padre Cícero Romão Batista"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma cena na sala de jantar da residência do Padre Cícero Romão Batista"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se devotos rezando ao Padre"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se devotos rezando ao Padre"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma devota pedindo por escrito uma bênção ao Padre Cícero"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se potes com água benta (ungida)"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se potes com água benta (ungida)"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se potes com água benta (ungida)"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se imagens de escultura do Padre Cícero e a beata Maria de Araújo"
Juazeiro do Norte / CE (2015) - Colina do Horto - Estátua de Padre Cícero: "Aspecto interno do Museu, vendo-se uma imagem de escultura do Padre Cícero"
TEXTO
TEXTO
Um lugar de passagem: o povoado de Juazeiro
O Juazeiro [...] é um pequeno
povoado que se separa desta cidade do Crato por três léguas. Nós lhe chamamos
jardim desta freguesia por ser abundantíssimo de frutas mui doces e escolhidas.
A região cearense conhecida
como Vale do Cariri (pela presença de tribos indígenas chamadas Kariri ou
Kiriri) compreende diversos municípios cearenses, inclusive a cidade do Crato e
o povoado de Juazeiro. Conhecida principalmente pela riqueza de sua vegetação,
terra fértil e suas inúmeras fontes de água mineral, a região destaca-se por
uma geografia distinta do restante do estado, compreendendo a Serra do Araripe
(floresta) e os afluentes dos rios Jaguaribe e Piranhas (HOONAERT, 2006: 27). A
região foi colonizada em fins do século XVI com a chegada de exploradores
vindos da Bahia e durante muito tempo a principal atividade econômica era a
pecuária (Cf. BRASIL, 1997).
A partir da segunda metade do
século XIX, a pecuária deu lugar à agricultura, especialmente à produção de
cana-de-açúcar e os donos de engenho foram privilegiados com uma lei municipal
que delimitava os espaços destinados a cada uma destas atividades. Os conflitos
entre as duas atividades compreendiam mais que uma disputa por
espaço. Em 1855, o jornal cratense O Araripe publica um edital com os limites geográficos
para cada uma das atividades ressaltando que no Cariri “sempre contenderam […]
agricultores e criadores”, alegando os primeiros que o gado – vacum e cavalar –
contribuía para a devastação da vegetação local (PINHEIRO, 1963: 138).
Ainda no século XVIII chegaram
à região os capuchinhos italianos26 que criaram o primeiro aldeamento em São
José dos Cariris Novos, atual Missão Velha. Em 1743 o padre capuchinho Frei
Carlos Maria de Ferrara funda o aldeamento denominado Missão do Miranda que deu
origem à Vila Real do Crato em 1764, atual cidade do Crato (Cf. HOONAERT, 2006:
27-30; PINHEIRO, 1963:40). Através das suas missões evangelizadoras os
capuchinhos introduzem na região uma prática religiosa baseada na condenação
dos pecados, na busca pela salvação e no medo perante o ‘fim dos tempos’ onde a
ênfase era principalmente nas práticas de caráter devocional coletivas como
festas, procissões e novenas (HOONAERT,
2004: 100). Entretanto, mesclados aos elementos penitenciais no
qual a culpa, o pecado, o sofrimento e à punição têm destaque, é possível
também encontrar elementos festivos que fogem à sobriedade exigida pelo culto
ortodoxo e remetem ao gozo, ao regozijo. Visitando a região do Cariri no início
do século XIX (1838), George Gardner (1812-1849) nos dá a conhecer o seguinte
episódio:
Durante minha estada em Crato,
celebrou-se o festival de Nossa Senhora da Conceição [... ] Em todo o período
da novena, como lhe chamam, o pequeno destacamento de soldados da cidade
manteve o fogo quase contínuo dia e noite. […] Como me diziam que a última
noite era mais bela de todas, dirigi-me pelas sete horas à igreja, diante da
qual grande número de bandeirolas flutuavam em mastros e duas grande fogueiras
ardiam. [...] A igreja, por dentro, estava brilhantemente iluminada e quase
repleta, mas surpreendeu-me ver que quase toda a congregação era de mulheres.
Vestiam-se todas de branco ou pelo menos traziam à cabeça e aos ombros uma
espécie de mantilha branca. No dia seguinte, pouco antes do crepúsculo, uma
grande procissão, esta só de homens, percorreu as várias ruas, carregando em grande
pompa imagens da Virgem e de seu filho. Os três sacerdotes da Vila, juntamente
com o visitador, ou representante do Bispo, então em sua visita trienal às
Vilas e cidades da província, caminhavam sob um pálio vermelho. Terminou tudo
na tarde seguinte (domingo) com uma dança de mascarados em frente à Igreja e
exibições no pau de sebo (GARDNER, 1975: 97)
Conquanto o olhar etnocêntrico
do autor, a observação dos aspectos burlescos da festa se sobressai, justamente por apresentar
elementos que subvertem a prática católica mais ortodoxa. Esse episódio mostra
a forte participação feminina no cotidiano religioso, mas também mostra a clara
divisão de tarefas na liturgia, cabendo a elas o culto presencial na Igreja e
aos homens, o direito de conduzir a santa pelas ruas da cidade, em procissão.
Os elementos penitenciais, no entanto, não saem de cena, o fogo aceso dia e
noite denotam a onipotente presença divina.
Essas práticas pautadas numa
relação mais íntima com a divindade encontraram solo fértil nas terras úmidas
do Vale do Cariri e segundo Della Cava, “a ênfase que os missionários
emprestavam à ira de Deus e à perdição iminente do homem por causa do pecado
contribuía para gerar um emaranhado de crenças supersticiosas” (1976: 28-30).
Vistas por este autor, como “crenças supersticiosas”, essas práticas revelam,
no entanto, muito das experiências e das leituras de mundo feitas por uma
população essencialmente católica que possuía uma consciência sobre questões
como, pecado, juízo final, ira divina, purgação e salvação. Assim, flagelos
como a seca eram vistos como exemplos do furor divino contra uma humanidade
pecadora e alimentavam uma prática penitencial da religiosidade.
Já no início do século XIX um
frade capuchinho, Frei Vitale da Frascarolo (1780-1820) pregava na região e
após sua morte “foi-lhe atribuída uma profecia sobre a destruição do mundo.
Circularam textos impressos dessa profecia por todo o Nordeste [sic], durante
quase um século” (DELLA CAVA, 1976: 28-30). O catolicismo penitencial exaltava
também o ‘exagero’ das práticas devocionais, o exemplo de Cristo tomado a ferro
e fogo, as emoções exacerbadas, o sentimento de fim de mundo, o temor pelo
Juízo Final e pelo destino das almas:
Diz-se comumente que o
catolicismo penitencial foi a transplantação européia do catolicismo medieval
tardio. Pois foi esse tipo de catolicismo que os portugueses nos trouxeram da
Europa. No entanto, é de lembrar que o aspecto ‘penitencial’ do cristianismo
remonta às origens mesmas da igreja. Uma consciência profunda do pecado e o
temor do julgamento levavam os que traíam seu compromisso com a fé cristã a
rigorosas penitências públicas, a maneira de expressar o arrependimento tinha a
forma de rigorismo acentuado, sua religiosidade trazendo um profundo senso de
pecado, apesar de seus grandes crimes, e dentro de sua índole peculiar
procurava expressar seu arrependimento através de rigorosíssimas penitências
(FRAGOSO In SILVA, 1987: 10-11) .
Imerso nesse caldeirão de
crenças, o penitencialismo seria uma das marcas principais dessa religiosidade
ligada ao catolicismo luso, de forte matriz barroca, que constituiu nos
seiscentos os principais elementos que comporão a “construção de identidades
culturais nos trópicos” (GONÇALVES, 2005: 25). Esse
catolicismo ibérico ou luso, como chamamos, é, por sua vez, herdeiro de uma
tradição contra-reformista que inseriu em suas práticas elementos que
reforçaram a hierarquia, mas que por outro lado, também intensificaram o uso de
elementos lúdicos na sua linguagem provocando a emersão de novas sensibilidades:
“O lado de espetáculo, com ênfase no visual, foi introduzido tanto no espaço
religioso – a exuberância das procissões comemorativas dos dias-santos e dos
enterros – como no campo político” (GONÇALVES, 2005: 23).
Com a constante formação de
pequenos povoados em torno dos aldeamentos e embora sem um controle efetivo da
Igreja oficial – lembremos também que até 1854 o Ceará ficou sob a jurisdição
eclesiástica da Diocese do Pernambuco – muitas capelas foram sendo erguidas na
região, a primeira capela do Cariri foi construída em Missão Velha sob o orago
de Nossa Senhora da Luz em 1748 e em 1778 o visitador Manuel Antônio da Rocha
concede licença para ereção de uma capela em Barbalha sob o orago de Santo
Antônio. No final do século XVIII, em 1788 é autorizada a construção da igreja
matriz do Crato, sob o orago de Nossa Senhora da Penha (PINHEIRO, 1963: 40).
Renata Paz afirma, no entanto,
que apesar do costume de se erguer nichos e capelas nos povoados da região, “o
contato das populações sertanejas com a igreja institucional, os padres e os
sacramentos era diminuto” devido principalmente ao número de sacerdotes
disponíveis para atender a população (PAZ, 2005: 29). Estima-se que quando da
criação da Diocese cearense em 1854 a população do estado era de aproximadamente
720 mil pessoas, existindo apenas 33 padres para dar conta do serviço
eclesiástico (DELLA CAVA, 1976: 35).
Não obstante, a presença no
Cariri desde o início do século XIX de famílias mais abastadas irá favorecer o
patrimônio eclesiástico e nos dá um quadro mais próximo da vivência religiosa
naquela região. Em 1801, por exemplo, dona Luísa Joana Bezerra moradora no
sítio da Mata em Crato, doa para o patrimônio de São Vicente Férrer no Crato,
“terras que do lado norte extremavam com a vila” afim de “beneficiar a alma do
seu marido [o capitão Sebastião de Carvalho] e bem espiritual de sua pessoa”
(PINHEIRO, 1963: 51). O oferecimento de terras ao santo de devoção em favor do
sufrágio da alma do marido por dona Luísa Joana faz parte da tradicional
economia religiosa – das trocas simbólicas – que marcava o catolicismo
penitencial trazido pelos padres capuchinhos.
O pai da citada Luísa Joana
era o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro (1740-1831), filho de Joana Bezerra
de Menezes e do Capitão Antônio Pinheiro Lobo, que vivia com sua família na
região desde o fim do século XVIII, e era proprietário da fazenda Taboleiro
Grande aonde –
segundo consenso entre os pesquisadores que estudam a história da região – teve
origem o povoado de Juazeiro. Amália Xavier de Oliveira em seu livro de
memórias O padre Cícero que eu conheci publicado em 1972, diz que:
O ponto mais pitoresco da
fazenda era uma ligeira elevação do terreno, próximo ao rio Salgadinho, onde
havia três grandes juazeiros, formando um triângulo e sobressaindo, entre os
demais, pelo tamanho de sua fronde […] Sob esta fronde acolhedora, procuravam
abrigo os viajantes feiristas que, de Barbalha, Missão Velha e outras
imediações, se dirigiam ao Crato para vender os seus produtos e comprar
mantimentos para a semana. Foram estas árvores que deram nome a Juazeiro
(OLIVEIRA, 2001: 42).
O povoado de Juazeiro nasce,
pois, de um ponto de confluência de pessoas que iam e vinham do Crato e
descansavam na sombra das árvores ali existentes. Faz-se, portanto como um
lugar de passagem. Em 1827, o padre Pedro Ribeiro (1790?-1856) neto do
Brigadeiro Leandro Bezerra constrói próximo à sua casa uma pequena capela que
dedica a Nossa Senhora das Dores e passa a ser o capelão da mesma até sua morte
em1856.27 Nesse momento, outro
sacerdote, o padre José Antônio Pereira de Maria Ibiapina já andava pelas
estradas cearenses em trabalhos missionários. Nascido em 05 de agosto de 1806
na cidade de Sobral, norte do Ceará, o padre Ibiapina como ficou conhecido, era
advogado de formação chegando a ser deputado-geral na legislatura de 1834 a
1837 no Ceará. Decidindo naquele último ano tentar a carreira de advogado fora
do Ceará, ele reside em Areia na Paraíba e depois em Recife entre 1838 e 1850,
abandonando posteriormente a vida política e iniciando-se no sacerdócio.
Ele
se ordena padre em 1853 no Convento da Madre de Deus, em Recife, que tinha uma
orientação oratoriana, onde se enfatizava “aspectos práticos ‘úteis’,
realistas, baseados mais na caridade concreta do que em profecias messiânicas”
(HOORNAERT, 2006: 18-55).
Essa sua formação será
importante porque se manifestará justamente no aspecto pragmático de suas ações
caritativas. Nesse sentido, as pregações e missões do padre Ibiapina irá se diferenciar das dos padres capuchinhos que atuavam na região
pois, tinham também uma consciência sobre os problemas sociais da população
local.
Entre 1860 e 1876, Ibiapina
percorrerá os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e
Pernambuco construindo poços e açudes para o abastecimento de água nas regiões
mais carentes e mais atingidas pelas secas constantes. Ele ainda erguerá
igrejas, cemitérios e Casas de Caridade nos lugares onde as ações
governamentais falhavam. É sabido que, a despeito de sua formação oratoriana,
sua pregação era marcada pelas mesmas características da pregação escatológica
e penitencial da época, mas também estimulava o “combate à miséria e aos
pecados […] não através do autopadecimento ou da expiação, mas do
redirecionamento das energias do povo para o trabalho em prol de melhorias para
a coletividade” (PAZ, 2005: 46).
Neste sentido, ganhou destaque
o trabalho feito através das Casas de Caridade que pretendiam dar conta do
trabalho assistencial aos mais pobres. Essas Casas eram em sua constituição beatérios
que imitavam o modelo europeu dos recolhimentos femininos de mulheres leigas,
muito comuns na Europa e que migraram para o Brasil colonial. Segundo Leila
Algranti recolhimentos como esses faziam parte do projeto da Igreja de
“preservar a honra e controlar a sexualidade feminina” através do controle de
seus corpos e da reclusão (1993: 49). As Casas de Caridade criadas pelo padre
Ibiapina tinham como lema a máxima “Ora e labora”, isto é, “Ora e trabalha” que
já indicava claramente sua função. Elas representavam a ratificação de um
modelo ideal feminino no qual a obediência, submissão, abnegação aos bens
materiais, humildade, eram as virtudes necessárias à mulher que se dedicava ao
trabalho religioso. Ao justificar a criação das Casas, o padre Ibiapina mesclava
em seu relato uma espécie de visão mística com uma percepção social muito
forte:
[…] tinha visto milhares de
infelizes órfãs, arrastando os andrajos da miséria, a tiritar de frio e fome,
que embrutecidas pela falta de alimento espiritual, aviltadas, esquecidas no
meio da sociedade, acabam por se lançarem na mais negra e vergonhosa
prostituição, em prejuízo da Moral, da Religião e do Estado. […] Tantas
mulheres infelizes, que desejando mudar de vida, reformar os costumes, fazer
penitência de seus pecados, não o podem conseguir por falta de um asilo, um
lugar abrigado do contato do vício, onde possam em segurança levantar seus
olhos ao céu, entregando-se às práticas de penitências, sob direção de boas
mestras (HOONAERT, 2006: 14-15).
O padre Ibiapina recrutava
então, mulheres que quisessem seguir uma vida religiosa e não podiam, pela sua
condição social, entrar nas congregações femininas oficiais. Embora essas Casas de Caridade não tivessem aprovação canônica, as
mulheres que nelas entravam
respondiam a um dos modelos de
virtude valorizados pela Igreja. A vida de devoção e reclusão se apresentava
como uma opção de vida para aquelas mulheres que ora estivessem ‘desamparadas’,
dada a situação feminina naquele contexto, como também para mulheres que desejavam
seguir uma vida religiosa e “que acreditavam que, para se aproximar de Deus, o
melhor caminho era se ausentar do contato com o mundo” (ALGRANTI, 1993: 92).
Apesar de não pertencerem a nenhuma ordem oficial, as beatas das Casas de
Caridade do Cariri, faziam votos de obediência, pobreza e castidade e vestiam
hábitos religiosos como os das freiras: manto e murça.
As Casas de Caridade se
constituíram também nos primeiros centros educacionais para as mulheres do
Cariri. Na Casa havia uma escola para as órfãs e mulheres que lá moravam e
viviam sob a direção da Superiora, que tinha como principal obrigação zelar
pela ordem, além de coordenar a execução de pequenos trabalhos manuais que
seriam vendidos e aproveitados para o sustento da Casa:
[As Casas] destinavam-se a
servir, simultaneamente, de escolas para as filhas dos fazendeiros e
comerciantes ricos, de orfanatos para as crianças de classes mais pobres, de
centro para manufatura de tecidos baratos, e consoante a própria ambição de
Ibiapina, de convento para sua congregação de freiras (DELLA CAVA, 1976: 34).
O padre Ibiapina ergueu ao
todo “vinte Casas de Caridade, dez igrejas, dez açudes, nove cemitérios, quatro
hospitais, quatro capelas, uma casa paroquial, uma cacimba pública e um
gabinete de leitura” (PAZ, 2005: 47, Nt. 33). No Cariri foram construídas
quatro Casas de Caridade nas cidades de Missão Velha, Barbalha, Milagres e
Crato entre os anos de 1864 e 1869. A Casa de Caridade do Crato foi erguida em
07 de março de 1869 e segundo o jornal A voz da religião no Cariri, que era
dirigido pelo jornalista José Marrocos:
A Pátria e a Religião acabam
de ter um desses dias de glória que abrem uma página dourada na história e
fazem época nos anais da vida. Domingo, 7 do corrente, realizou-se o ato
pomposo e brilhante da instalação da Santa Casa de Caridade, desta cidade. A
importância dessa festividade inaugural, a majestade augusta das cerimônias
religiosas, a simpatia fascinadora do Venerável Padre Ibiapina atraíram à
solenidade um concurso extraordinário, imenso e quase inumerável.
Criado em
dezembro de 1868 justamente para divulgar as obras sociais do padre Ibiapina, o
jornal A voz da Religião no Cariri se destacou por ser o primeiro jornal
caririense religioso que dedicava páginas e páginas à vida social (divulgando e
relatando festas e outras atividades) e à vivência religiosa da região. Segundo
seu editor, o jornalista José Marrocos, o jornal abria “uma página para a
história de nossa terra, que nos dê a conhecer o estado em que nos achamos pelo
lado religioso e moral”. O jornal circulou até dezembro de 1870.
Não obstante o trabalho social
empreendido pelo padre Ibiapina, sua fama ia além e em 13 de dezembro de 1868 o
mesmo jornal, A voz da religião, noticia pela primeira vez a ocorrência de
milagres em uma fonte de água mineral existente no lugar chamado Caldas, na
cidade de Barbalha. Continuamente em todas as edições do jornal – que era
semanal – até novembro de 1869, há espaço para a divulgação de milagres
realizados pelas águas curativas do Caldas que haviam sido abençoadas pelo
padre Ibiapina. No mesmo dia em que noticiava a abertura da Casa de Caridade do
Crato, o mesmo jornal dava graças pelos milagres da fonte de águas curativas do
Caldas:
Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo! Sim, louvamo- lo por tantas e tão grandes maravilhas que tem
[ilegível] águas do Caldas em benefício dos pobres e dos infelizes. Os milagres
ainda não cessaram, porque o espírito de fé não se arrefeceu em todos os que
desenganados dos recursos humanos procuram o remédio de seus sofrimentos na
bondade e na misericórdia de DEUS [sic].
No lugar próximo ao da fonte,
o padre Ibiapina ergueu a Capela do Bom Jesus dos Aflitos e provavelmente a
ocorrência desses ‘milagres’ tenha chamado a atenção da Diocese sobre a figura
do padre Ibiapina. Alguns anos antes o Ceará havia ganhado seu próprio Bispado
e se separado do domínio eclesiástico da Diocese de Pernambuco. O Bispado
cearense foi confirmado pelo Papa Pio IX em 28 de setembro de 1860 e assumido
em 18 de junho de 1861 pelo bispo Dom Luís Antônio dos Santos (1817-1891).
Segundo o jornal O Cearense, a criação do bispado e a nomeação de D. Luís, “um
varão respeitável por suas luzes e costumes” foi providencial no sentido de
impor ordem no desregramento moral e social que atingia a
população e a própria Igreja brasileira “que atualmente, se vê ameaçada senão
de um cisma ao menos de graves e desagradáveis complicações com o Governo por
causa do célebre projeto dos casamentos mistos” (apud PINHEIRO, 1950).
O Presidente da Província na
época, Dr. João Silveira de Souza esperava também que com a nomeação de D. Luís
“mais tarde ou mais cedo [ver] estabelecido nesta província um seminário, e com
ele melhorada a educação intelectual, moral e religiosas do nosso clero que em
verdade é atualmente imperfeitíssima”.34
Nesse aspecto Dom Luís satisfez as expectativas do Presidente, construindo o
Seminário da Prainha, atual sede da Arquidiocese de Fortaleza e no Cariri, o
Seminário São José na Cidade do Crato que segundo Irineu Pinheiro foi durante
muito tempo “o único estabelecimento de ensino secundário no sul do Ceará e nas
regiões limítrofes de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí”
(PINHEIRO, 1963: 57).
O Bispado de Dom Luís foi
marcado principalmente pela política ultramontana que a Igreja já estava
colocando em prática em todo o mundo católico desde o Concílio Vaticano I
(1869-1870), onde foi pensada uma nova política de recristianização da
sociedade (PAZ, 2005: 34-35). Este movimento conhecido também como romanização
nasceu:
[...] sob o impacto das
revoluções liberais européias que agitaram o próprio trono pontifício. Buscando
uma consolidação doutrinária teológica, estruturou-se em torno de alguns
anátemas: a rejeição à ciência, à filosofia e às artes modernas, a condenação
do capitalismo e da ordem burguesa, a aversão aos princípios liberais e
democráticos, e, sobretudo ao fantasma destruidor do socialismo (GAETA, 1997:
183-202).
Uma das principais ações de D.
Luís no projeto de romanização da igreja cearense foi a instituição do culto ao
Sagrado Coração de Jesus que já estava sendo fomentado pela Igreja desde o
século XVIII. Conta a tradição que uma freira francesa da Ordem da Visitação,
Margarida Maria Alacoque (1647-1690) teve em junho de 1675 na cidade de Paray-le-Monial
na França, uma visão de Cristo na qual Ele a escolhia para “revelar ao mundo a
devoção ao Sagrado Coração” dizendo ainda: “Eu te peço que a primeira
sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi seja dedicada a uma festa
particular para honrar meu coração, comungando e fazendo reparação da honra”
(GÉLIS In CORBIN, 2008: 38). No entanto, o culto que ficou popular na França só
foi estendido à Europa ocidental e ao mundo católico a partir de 1856 com o
papa Pio IX .
Durante a seca de 1877/1878 lembrada
como uma das piores acontecidas no estado do Ceará, o bispo
consagrou toda a diocese ao Sagrado Coração de Jesus, prometendo construir uma
igreja em Fortaleza como reparação pelos pecados da humanidade (DELLA CAVA,
1976: 41). Esta medida pretendia ainda, dentro do projeto de romanização,
substituir o culto ao Bom Jesus, uma prática presente na religiosidade local,
que possuía um caráter devocional e penitencial muito forte pautado no
relacionamento direto entre santo e fiel que dispensava a intermediação da
Igreja oficial e que, portanto, se localizava dentro de uma religiosidade muito
mais afetiva e plural.35 Essa
prática religiosa mais popular destacava-se por ser:
[... ] uma concepção do íntimo
fora da dimensão da subjetividade psicológica da modernidade burguesa, voltada
para uma manifestação exterior e quase teatral dos afetos e das emoções, em que
o religioso evoca um regime de sociabilidade associado à festa, ao
congraçamento, um dos efeitos [...] de uma modalidade de ser barroca
(GONÇALVES, 2005: 48).
Não obstante, o catolicismo
formal e romanizador que a Igreja católica tentava implantar se fazia através
de imposições, e tinha como objetivo principal o estabelecimento de um controle
sobre o laicato, especialmente sobre as irmandades. A atuação eclesiástica na
romanização se fez, pois, sobre quatro aspectos: a vinculação sacramental, a
hegemonia clerical, o estímulo à santidade e à instituição eclesiástica (AZZI,
1988: 113). Além disso, há a condenação de atividades como a procissão, as novenas
e as romarias, por outro lado, se estimulava a peregrinação aos centros de
devoção europeus: “O objetivo final dessas ações era bastante claro:
cristianizar as romarias segundo o modelo tridentino” (PAZ, 2005: 56). Conforme
Hugo Fragoso, a Igreja romanizadora se caracteriza por ser extremamente
militante e marcada por um forte conservadorismo que se contrapunha às ideias
liberais que vinham da França e da Itália para o Brasil:
Neste período a Igreja tem uma
‘acentuada autoconsciência’ [...] de sua própria ‘santidade’ que é contrastada
pela antítese de um ‘mundo mau’. A contestação dos ‘inimigos da fé’ (liberais)
motivava este confronto entre a ‘maldade do mundo’ e a ‘santidade da Igreja’
que praticamente é transposta da ordem ideal para o domínio do real (FRAGOSO In
BEOZZO: 2008: 144).
O projeto ultramontano vem
então, com a função de remodelar o clero dando ênfase na autoridade
institucional e hierárquica da Igreja, como forma de controlar a doutrina e principalmente as manifestações fervorosas do laicato, pois,
“enquanto instituição hierarquizada, a Igreja sempre desconfiou das
manifestações de devoção pessoal consideradas excessivas” (LEBRUN In ÀRIES,
1991: 73). Apesar disso, havia inúmeras dificuldades que se interpunham à
concretização desse projeto no Ceará. Um dos fatores que agravava a dificuldade
de se romanizar a região era a própria ausência da Igreja no interior do estado
desde o início do século XIX:
Também no Cariri, como em
quase todo o resto do Brasil, nos anos que antecederam a década de 1860, estava
o catolicismo ortodoxo em estado de decomposição. [...] Apenas as missões
ocasionais, normalmente pregadas por padres estrangeiros – no caso do Cariri,
quase sempre capuchinhos – levavam a religião às classes inferiores [...]
(DELLA CAVA, 1976: 28).
A carência de padres e a
dificuldade de prestar assistência à região serão, no entanto, um problema que
persistirá por todo o século XIX. Não obstante a falta de padres, em 19 de
julho de 1869 o bispo Dom Luís envia um ofício ao pároco do Crato, Manuel
Joaquim Aires do Nascimento (1804-1883), desautorizando algumas missões no
Bispado, pois, “alguns resultados tem aparecido não pouco inconvenientes, com
detrimento da disciplina eclesiástica e daquela paz e harmonia que deve reinar
entre o próprio Pastor e o rebanho”.
Segundo a tradição tridentina
os bispos reformadores não deveriam estimular viagens missionárias, mas
investir nas “Visitas Pastorais com crisma e sacramentalização em geral” (HOONAERT,
2006: 53).
Lembremos que nesse momento o
jornal A voz da Religião divulgava os fenômenos de curas e milagres das águas
do Caldas que haviam sido abençoadas pelo padre Ibiapina. A ordem dirigida ao
pároco do Crato, embora não citasse o nome de Ibiapina se referia claramente a
ele e aos fenômenos que estavam em pauta naquele momento. Iniciou-se aí uma
tentativa de controle por parte do diocesano sobre as ações de Ibiapina. Não
obstante, três anos depois, em 1872, o padre Ibiapina era expulso do Ceará e
proibido de voltar a missionar na região do Cariri, sendo obrigado ainda a
entregar a direção das Casas de Caridade à Diocese. O jornal parou de ser
editado e não houve mais menções à fonte miraculosa do Caldas. A expulsão do
padre Ibiapina do Ceará marcou também o fim de sua trajetória como missionário.
Após sua partida ele se fixa na Casa de Caridade Santa Fé (Arara, PB) e lá
falece em 19 de fevereiro de 1883. Em uma declaração de 16 de setembro de 1872,
o padre Ibiapina se despede da população local:
Fiz entrega das Casas de
Caridade do Cariri Novo ao Exmo. e Revmo. Sr. Bispo por segurar-lhes um
venturoso futuro, porque debaixo de tão valiosa proteção de um Pai tão
habilitado pelas circunstâncias favoráveis que o cercam, não posso deixar de
animar a todos os beatos e Irmãs de caridade para que auxiliem a permanência
das Casas e a propriedade delas. […] Não tendo mais a posição moral que me
autorizava a pedir esmolas, os que eram meus esmoleiros, não poderão mais em
meu nome, porém para a Caridade; esperem as Casas pela deliberação do Sr.
Bispo, que não se esquecerá de providenciar quanto antes para que as Casas não
se fechem. […] Adeus, bom povo do Cariri Novo […].
Parece, no entanto que a
Diocese não agiu imediatamente e em março de 1873 as beatas da Casa de Caridade
de Missão Velha imploravam assistência ao Bispo diocesano:
Exmo. Revmo. Senhor, depois da
passagem de V. Ex.a. Revma. nesta Vila, esta casa esteve em abalo e crise por
falta de um protetor à casa. O Instituidor, o Remo. Ibiapina, em carta que nos
dirigiu, declarou que havendo entregue as Casas de Caridade de sua instituição
a V. Ex.a. Revma, nada mais tinha que fazer com as mesmas; no entretanto [sic],
não querendo V. Ex.a. Revma. acarretar com a responsabilidade delas, não as
quis aceitar, o que nos veio afligir e desanimar, visto como seria uma grande
felicidade termos por Diretor e pai em Jesus Cristo a V. Ex.a. Revma.. Assim,
pois, sem termos um protetor para nos guiar recorremos a Deus, pela intersecção
da Santíssima Virgem, a quem nós dedicamos, e pedimos socorro e amparo.
Consternadas e em desamparo por não ter V. Ex.a. Revma. aceitado o pesado
encargo de nosso protetor, tudo devido a nossos grandes pecados e misérias,
novamente recorremos ao nosso antigo protetor e pai espiritual, o Revmo.
Ibiapina, o qual atendendo as nossas súplicas e rogativas, dirigindo ao Revmo.
Vigário da Barbalha e aos Senhores. Pedro Lôbo de Meneses e José Marrocos
Telles para tomarem o encargo de protegerem as Casas de Caridade do Cariri, até
que nosso bom Deus, em suas misericórdias, se lembrasse de nós.
O apelo ao bispo por parte da
Superiora da Casa de Caridade de Missão Velha denota acima de tudo o respeito à
hierarquia. As beatas precisavam de um mantenedor material e mais do que isso
de um diretor espiritual. Ao cobrar esse apoio do bispo diocesano elas
imediatamente se colocam em uma posição de defesa alegando que se o bispo não
as queria era dado à sua condição de “pecados e misérias”. Inevitavelmente,
elas se colocavam em uma atitude de obediência e de humildade em relação ao
superior. Essa postura talvez, se configurasse como uma tática, como um
“movimento ‘dentro do campo de visão do inimigo’ e no espaço por ele
controlado” (CERTEAU, 1994: 100). Usando os termos de Certeau, essas mulheres
estariam exercendo a “arte do fraco”, se utilizavam de modos de dizer
peculiares àqueles que estão em um lugar marcado pela “ausência de poder”. As
demonstrações de humildade e a submissão poderiam ter sido usadas como meio de
desarmar qualquer ação repressora ou negativa do bispo diante da cobrança do
apoio prometido.
Assim, atendendo o apelo de
suas ‘filhas espirituais’, o bispo D. Luís nomeia em meados de 1873, alguns
padres recém-formados no Seminário da Prainha de Fortaleza, para assumir a
direção das Casas de Caridade e de paróquias no interior do estado, entre eles
os padres Fernandes Távora (1851-1916) e Francisco Rodrigues Monteiro (PAZ,
2005: 49). Algum tempo antes havia chegado à região outro padre recém-formado,
mas ao contrário de seus colegas ele não tinha ido para o Crato a fim de
dirigir uma Casa de Caridade. Os planos do padre Cícero Romão Batista eram mais
modestos, ele pretendia se iniciar no magistério.
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Fonte:
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Fonte:
Edianne dos Santos Nobre: “O Teatro de Deus: A construção do espaço sagrado de Juazeiro a
partir de narrativas femininas - CEARÁ, 1889-1898.
(Dissertação apresentada como requisito para obtenção do grau de Mestre
no Curso de Pós-Graduação em História, Área de Concentração em História e
Espaços, Linha de Pesquisa Cultura, Poder e Representações Espaciais da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob a orientação do Prof. Dr. Durval
Muniz de Albuquerque Júnior). Natal, 2010.
JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ (FOTOGRAFIAS RECENTES: 2015)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Aspecto da cidade
Juazeiro do Norte/CE (2015): Aspecto da cidade: Centro histórico
Juazeiro do Norte/CE (2015): Aspecto da cidade: Centro histórico
Juazeiro do Norte/CE (2015): Aspecto da cidade: Centro histórico
Juazeiro do Norte/CE (2015): Aspecto da cidade: Centro histórico
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto interno da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto interno da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: vendo-se aspecto interno da Igreja Nossa Senhora das Dores (Matriz)
TEXTO
O Juazeiro do Padre Cícero
O
Sertão do Cariri, no começo do séc. XIX, era habitado pelos primeiros colonizadores, que foram em busca de minérios.
Houve conflitos e mortes, enchendo as caatingas de cruzes. E no final de tudo
as minas não existiam.
Cícero
Romão Batista nasceu no Crato, sul do Ceará, aos pés da verdejante Chapada do
Araripe. O vale do Cariri cearense contém fontes, cujas águas descem em cascatas, cantarolando entre seixos, até ao pé
da Serra. Nos engenhos de açúcar, a rapadura aparece nas gamelas. As feiras
revelam o crescimento comercial da região de forma muito rápida. (BARRETO,
2002, p. 12).
Começava
sua vida no contexto familiar, gente humilde, talentosa, destemida e corajosa. Seu nascimento se deu aos 24 de
março de 1844, conforme consta em sua declaração testamentária. Seus pais se
chamavam Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana.
O
povo era religioso, segundo o modelo de ordem devocional importado da Europa.
As missões e seus pregadores se circunscreviam neste quadro de ensinamentos morais,
apontados para o exemplo dos santos, das aparições e visões destes homens e mulheres de Deus. Os oratórios ocupavam o espaço sagrado onde
as famílias realizavam suas celebrações
com preces de louvor e agradecimento. Seria preciso encontrar o ambiente das Santas Missões, de todo o seu
conteúdo e, sobretudo visualizar novamente a figura hierática do missionário. Vale lembrar a
imagem encurvada do santo missionário Frei Damião de Bozzano.
Sobre este missionário capuchinho italiano, é oportuno relatar o depoimento de
um teólogo belga, José Comblin:
Até os dias de hoje, Frei Damião é o maior pregador de missões há 60
anos. Aos olhos do povo ele recolheu a
herança do Padre Cícero Romão Batista. Frei Damião fala da morte e do Juízo,
dos pecados, sobretudo dos amancebados,
anuncia castigos de Deus. O povo lhe atribui milagres numerosos. A pregação de
Frei Damião é somente espiritual. Ele não constrói nem promove obras de
caridade ou obras comunitárias. Somente fala dos pecados pessoais. (1993,
p. 35-36).
Padre
Cícero escrevera um dia que ele devia a sua vocação de sacerdote a uma leitura
da biografia de São Francisco de Sales. São suas as palavras:
Devo ainda declarar, ser para mim uma grande honra, que em vista de
um voto feito aos doze anos de idade,
pela leitura que fiz nesse tempo, da vida imaculada de S. Francisco de Sales,
conservei a minha virgindade e a minha castidade até hoje. (BARRETO, 2002,
p. 14).
Deve
ser lembrada a idéia tão querida entre as famílias de então, de terem um filho
padre. A figura do padre ainda hoje reserva muito respeito da gente nordestina.
Padre Ibiapina havia deixado uma herança muito forte, impregnando a imagem do padre
de uma nova presença junto à Igreja e no
mundo. (BARRETO, 2002, p. 15).
Os
padres lazaristas haviam desembarcado da França para formarem os novos padres para a Igreja no Brasil.
A reforma do clero era prerrogativa da
romanização. A reforma dos seminários
prepararia os novos ministros da Igreja. Merece relevo em primeiro lugar, a congregação da Missão. Sem
dúvida, foram os padres da Missão ou lazaristas, os mais representativos
colaboradores do episcopado, por terem assumido a direção da maioria dos
seminários. (AZZI, 1992, p. 32).
A
Igreja no Brasil estava vivendo então a romanização. Os cuidados com a fé cristã
no Brasil fizeram a Santa Sé voltar-se decididamente para a Igreja em nossa
Pátria. Preocupada com a ignorância religiosa e com uma prática muito
popularizada, a Igreja procurou melhorar seus quadros humanos trazendo da
Europa, após algum tempo, Congregações Religiosas e enviando
alguns de seus futuros padres e bispos
para estudarem em Roma.
Para melhor formar o clero, fundam-se em Roma, dois Colégios, junto
à Universidade Gregoriana, aonde
seminaristas de escol são enviados para
aperfeiçoar seus estudos e prepararem-se para tarefas mais importantes. O
Colégio Pio Latino (1858) aceitava alunos de todo o continente, inclusive do Brasil. Mas para que houvesse mais vagas para
nossos seminaristas, em 1934, funda-se o Colégio Pio Brasileiro, exclusivamente
para brasileiros. (LIBÂNIO, 1982, p. 49).
A nova formação qualificava seus padres com
compromissos apologéticos, diante dos inimigos da fé que então ameaçavam a
Igreja. Estes inimigos eram o protestantismo e o positivismo. O jovem
seminarista era moldado internamente para responder ao modelo da Igreja a que
se desejava chegar. Muitos alardeavam as dificuldades intelectuais do seminarista
Cícero. Por estudar “ciências ocultas”, isso quase lhe valeu o impedimento de
sua ordenação. (WALKER, 1995, p. 7). Aliás, Raquel de Queiroz sobre isso
escreveu:
Custou-lhe muito ser padre: quase o não ordenam. Os mestres alegavam
que o rapaz era esquisito e mentia, mas quem
sabe se mentia realmente? As histórias
do céu parecem mentiras a quem só pensa na terra. E depois, dentro da alma de um homem, quem tem poder para
traçar o limite entre a verdade e a mentira? De qualquer modo ele foi para o Juazeiro,
assim mesmo, mentiroso e angélico. Tão
precário era o seu rebanho que aos domingos
cabia todo na capelinha da fazenda e vivia inteiro em seis casas de
taipa e alguns casebres. (1944, p. 31).
Em
sua biografia, aparece o fato de ter d esejado ser professor no Seminário da Prainha
em Fortaleza. (WALKER, 1955, p. 9). Lecionou também no Colégio Padre Ibiapina no
Crato, fundado e dirigido pelo Prof. José Joaquim Teles Marrocos, seu primo e
grande amigo. (BARRETO, 2002, 19). Cuidou da educação de jovens e órfãos. Criou
escolas profissionalizantes e a que seria a primeira futura Escola Normal Rural
do Brasil. Trouxe, em seguida, os salesianos com a missão de educar a
juventude. (BARRETO, 2002, p. 39). Era filiado a uma Instituição chamada Sociedade de Agricultura. Recebeu o título de
Doutor, conferido pela Escola Livre de
Engenharia do Rio de Janeiro conforme lemos em Walker. (1995, p. 10).
Quem estudou num Seminário sabe que, sem
sacrifício, não se passa tanto tempo nessa casa. Sem espírito de oração e de
comunidade, o seminarista é aconselhado a sair do Seminário. O controle era severo. Até nas
férias, o seminarista levava do Reitor um
questionário que deveria ser minuciosamente respondido pelo pároco. Sem
exagero, pode-se concluir que Cícero não era um ignorante, nem visionário, nem
ingênuo, nem alheio. Seus boletins apontavam notas boas, melhores do que as de
um aluno medíocre. A ausência de
pendores oratórios não pode ser motivo para negar-lhe outras virtudes.
Ganhou, a Igreja e o Povo, um conselheiro, um fiel e paciente confessor, um
homem de relações humanas. Em seu testamento dedica ao seu bispo diocesano, Dom
Luis Antônio dos Santos, a graça de ser padre católico. Padre Murilo completa
essa curta biografia, quando afirma: “Quem na realidade irá dar a nota
de comportamento e aplicação do recém-ordenado Cícero será o seu modo de trabalhar, de operar de pastor, enfim”. (BARRETO, 2002, p.18).
No
Natal de 1871, uma equipe, representada pelo Professor Simeão Correia de Macedo,
não querendo que a capelinha de Nossa Senhora das Dores ficasse sem a Missa do Galo,
foi procurar Padre Cícero, no Crato, para celebrar em Juazeiro. O Padre tinha
28 anos e mais que isso, simpatia, olhos brilhantes e azuis, penetrantes e
rápidos e voz modulada. Tudo estava começando, sem que seu personagem se desse
conta. (BARRETO, 2002, p. 20). Pouco tempo depois, aos 11 de abril de 1872,
chegou definitivamente Padre Cícero ao Juazeiro, com sua família e pouca
bagagem, apesar de relutar nessa decisão.
Um
grande sonho marcou o início de sua vida sacerdotal e foi apontado como a causa que determinou a sua ida para
Juazeiro. Este relato foi feito pelos próprios amigos íntimos.
Cansado, após um dia exaustivo, de horas a fio no confessionário, foi descansar
no quarto vizinho a uma sala de aula da escolinha, onde improvisavam seu
alojamento. Caiu no sono e em visão ouviu a voz de Jesus que lhe dizia: “toma
conta deles”. Ele viu Jesus Cristo e os doze apóstolos, sentados à mesa, numa
cena como a “Última Ceia” de Leonardo da Vinci. De repente, o local foi
invadido por uma multidão de sertanejos famintos, conduzindo seus míseros
pertences em pequenas trouxas. Então Cristo, virando-se para os famintos, falou
de sua decepção com a humanidade, dizendo, porém, que ainda estava disposto a
fazer um último sacrifício para salvar o
mundo. Entretanto, se os homens não se arrependessem depressa, ele acabaria com
tudo de uma vez. Naquele momento, Cristo, apontando para os famintos, falou: E
você, Padre Cícero, tome conta deles. (COMBLIN, 1991, p. 9).
O sonho de Padre Cícero, que o fez decidir-se ficar em Juazeiro, faz
parte do quadro místico-religioso desta época. As devoções ao Coração de Jesus
datam dos séculos XI e XII. No século XVII, Margarida (freira francesa da Ordem da Visitação) teve uma aparição de
Cristo em 1673, na qual Jesus lhe ordenava uma devoção pública “de amor
expiatório” a Ele, “sob a forma de seu coração
de carne.” “Veja o Coração que tanto amou os homens... em vez de gratidão, recebo da maior parte só
ingratidão...” (DELLA CAVA, 1985, p.47).
O sonho de 1872, o Milagre de
1889 e a Guerra de 1914 entraram na hagiografia canônica
do Padre Cícero e na história política do Juazeiro. (BARBOSA, 2004, p.62).
Barreto afirmava que a decisão de
transferir-se para Juazeiro foi decorrência de um sonho “O que é certo é que de então para o resto de sua vida este
sonho marcou a vida do padre Cícero que assumiu sempre a função de um condutor
das massas nordestinas." (2002, p. 21).
Padre Cícero havia dedicado parte de sua
vida à leitura da vida dos santos, como João Maria Batista Vianney, o Cura
d’Ars, São João Bosco e São Francisco Xavier. Quando Padre Cícero começou seu
pastoreio, Padre Ibiapina já gozava de prestígio e respeito como missionário,
pois era sua intenção “recuperar o povo para a Igreja”. (BARRETO, 2002, p. 22).
Faleceu a 20 de julho de 1934. Foi o fim
do mundo em Juazeiro. No dia 21, cerca de 60 mil pessoas acompanharam seu
sepultamento. Mas a cidade não morreu. As romarias continuariam. O povo nunca
lhe faltou, apesar dos muitos inimigos e detratores. O desaparecimento de Padre Cícero não diminuiu
a fé de seus adeptos, os quais não acreditavam em sua morte, pois o mesmo
estava “em viagem” e devia um dia voltar à Cidade Santa a fim de anunciar a
chegada do Juízo Final. Seu retrato está entronizado em todos os oratórios
domésticos, sua lenda messiânica é constantemente enriquecida com um rol de
novos milagres. (QUEIROZ, 1983, p.
87).
O
relógio marcava cinco horas da manhã do dia 20 de julho do ano de 1934. Era o “Dia
de Juízo” para os romeiros, exclamava o povo em Juazeiro. Choro e grito
estremeceram a alma do povo e os
alicerces da cidade. As romarias continuam até hoje. Semanas e mais semanas de romarias ao Juazeiro. Chegavam
todos vestidos de preto. Já não desciam à Rua São José, mas rumavam todos à
Capela do Socorro, construída em 1906, onde estava sepultado Padre Cícero.
Selecionamos
propositalmente para este momento as palavras de uma ilustre escritora
cearense, fiel às suas raízes:
Ele era baixinho, corcunda. Parecia um desses santos de pau que a gente
venera nas igrejas antigas, feitos grosseiramente pelo artista rústico, a
poder de fé e engenho. A cabeça enorme
descaía no ombro sungado e magro, a batina surrada acompanhava em dobras amplas
o corpo diminuto. Só a carne do rosto e
os olhos azuis, límpidos e místicos, que se cravavam na gente, penetrantes como
uma chama. Megalomaníaco, paranóico, gerador de
fanatismo, protetor de cangaceiros, explorador da credulidade sertaneja
de tudo isso foi ele acusado por
teólogos, médicos e sociólogos que juntos lhe
fizeram o diagnóstico. Senhores teólogos, senhores médicos, quão longe
já andais dos belos tempos da fé antiga! Pois quem poderá ser um bom santo sem
ser ao mesmo tempo um bom doido - e a melhor definição de um santo não será ‘um
doido de Nosso Senhor’? Tanto o Santo como o doido despe a roupa na rua,
abandona casa e família, vai comer raízes bravas e pregar à turba ignara
qualquer ardente mensagem que lhe consome o coração. E só a essência
dessa mensagem e a extensão do seu êxito é que estabelecem a diferença. (QUEIROZ, 1944, p. 31).
O
Padre Cícero foi “canonizado” pelo povo e até hoje sua volta é aguardada pelos
romeiros.
(JORGE, 1998, p. 78). Naturalmente, vamos encontrar um processo do retorno ou da
ressurreição do mito. Padre Murilo lembrava o grande cantor nordestino, Luiz
Gonzaga, que cantava: “E olha lá no alto do Horto, o Padre está vivo, o Padre
não está morto.” (BARRETO, 2002, p.63).
Novamente,
encontramos, em Raquel de Queiroz, igual sentimento sobre o fenômeno Padre
Cícero:
Alguns dizem que o padre está debaixo do chão: os incréus, os
materialistas. Porque a gente que tem fé conta que Meu Padrinho, vendo a
choradeira do povo, ressuscitou ali mesmo, sentou-se no caixão, sorriu, deu
bênção, depois deitou-se outra vez e
seguiu viagem dormindo, até a Igreja do Perpétuo Socorro. Ficou morando lá, naquela igreja que
os padres nunca quiseram benzer. De noite, sai de casa em casa curando os
doentes, consolando os aflitos. E se
ninguém o vê, na rua ou na Igreja, é porque as asas dos anjos rodeando-o todo, o encobrem dos olhos dos
viventes. (QUEIROZ, 1944, p. 35).
Os
romeiros continuaram com suas peregrinações no anseio de visitar a Mãe das Dores
e o Padrinho do Juazeiro. A literatura popular tem registrado frequentemente
estes fatos inerentes à história
religiosa do Nordeste, como a poesia de autoria de Dias Gomes:
Quem
for para o Juazeiro
Vá
com dor no coração
Visitar
Nossa Senhora
E
o Padre Cícero Romão.
Que
meu Padrim é um Santo
Isso
tá mais que provado
Basta
atentar nos milagres
Que
ele tem realizado.
O
primeiro foi ter feito
Em
certa manhã pacata
Isso
já faz tanto tempo
Nem
me lembro bem a data
A
hóstia virar sangue
Na
boca de uma beata.
(Texto extraído de obra não
identificada).
Fonte:
Manoel Henrique de Melo
Santana: “Do anátema ao acolhimento
pastoral: Da condenação e exclusão eclesial do Padre Cícero do Juazeiro à sua Reabilitação Histórica”.
(Trabalho apresentado como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Ciências da Religião pela Universidade
Católica de Pernambuco. Área de Conhecimento: Ciências Humanas Orientador:
Prof. Dr. Ferdinand Azevedo). Recife, 2007.
MEMORIAL PADRE CÍCERO - JUAZEIRO DO NORTE/CE
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto externo do MemorialJuazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto externo do Memorial
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto externo do Memorial
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografias antigas
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografias antigas
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: escultura do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografia do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografia do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografia do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografia do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: fotografia do Padre Cícero e seu médico
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: objetos
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: Testamento e Inventário do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: Testamento e Inventário do Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista da cidade: aspecto interno do Memorial: Placa de homenagem ao Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Ônibus (lotação) "Bom Jesus do Horto", que leva turistas e romeiros até o alto do Horto, onde está localizado o Monumento do Padre Cícero Romão Batista, saindo do Centro da cidade, próximo à Praça Padre Cícero
Juazeiro do Norte/CE (2015): Vista do aeroporto, que oferece voos direto para São Paulo, entre outras cidades.
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Fonte da Imagens:
Iba Mendes (Acervo Pessoal)
Meus parabéns pelo seu blog. Muito bom. Fotos excelentes.
ResponderExcluirCaro Daniel...
ExcluirObrigado pela gentileza da "visita"...
Abraços...