“Congregação Meninos de Darwin” ((rs))


Um pouco de humor, porque hoje é sexta, e ninguém é de ferro!
O colunista “Macaco Simão”, em uma de suas tiradas humorísticas no jornal Folha de S. Paulo, afirmou que, para saber se o planeta Marte é habitado, seria necessário encontrar lá três cousas: um Banco Bradesco, um McDonald’s e uma igreja evangélica.

Especificamente em relação à igreja evangélica, por pura curiosidade, acreditem, pesquisei alguns nomes e encontrei vários que eu denominaria de pitorescos. Por exemplo: Comunidade Caverna de Adulão; Igreja Evangélica Florzinha de Jesus; Igreja Pentecostal do Fogo Azul; Igreja a Serpente de Moisés, a que engoliu as outras; Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo; Igreja Pentecostal Jesus vem você fica; Assembléia de Deus com Doutrinas e sem Costumes; Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação para Cristo; Igreja Evangélica Jesus foi ali e volta já etc.

Pois bem. Já que hoje é sexta, e ninguém é de ferro, fiquei imaginando como seria uma igreja, seus rituais e preceitos, caso os fervorosos darwinistas resolvessem fazer jus aos seus dogmas, e abrissem uma congregação para cultuar e testemunhar as maravilhas da Imaculada Teoria da Evolução. Imaginei então três nomes para esta fictícia "igreja", dentre os quais: Igreja Darwiniana Independente, Testemunhas de Darwin e Congregação Meninos de Darwin. Todavia, vou ficar com o último, por representar melhor a postura da galera ultradarwinista.

Nome escolheido, imaginemos agora um prédio suntuoso numa dessas esquinas aqui de São Paulo. Nele, como em qualquer bom templo, há um púlpito, muitos assentos, um grupo musical, um coral, uma orquestra, e, obviamente, um padre, pastor, bispo, enfim, um líder que esteja à frente do trabalho. Cenário concebido, penetremos nessa imaginária congregação. Projetemos mentalmente um culto (ou missa), em que há cânticos, testemunhos, leituras e, como não poderia faltar, um belo sermão.

VAMOS...

Congregação Meninos de Darwin.

Neste instante, um líder muito carismático denominado "darwino-mor" , tendo em mãos o inviolável “A Origem das Espécies”, inicia a liturgia:


A paz de Darwin seja convosco!

Darmém!”

Prezados irmãos, levantemos em reverência ao grande Darwin e abramos nosso guia, precisamente na página 214 e façamos uma leitura uníssona (todos se erguem):

“A seleção natural atuando somente pela vida e pela morte, pela persistência do mais apto e pela eliminação dos indivíduos menos aperfeiçoados....”

Todos dizem amém, ou melhor, darmém!

Leitura preliminar realizada, os membros voltam a sentar, enquanto o coral “Elos de Darwin” se prepara para entoar hino oficial da congregação. E então jubilam-se:

“O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído;
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Terminados os cânticos, o "darwino-mor" abre espaço para que os membros que assim desejarem manifestem-se com testemunhos, mensagens de otimismo e leituras diversas.
Forma-se então uma fila, cada um aguardando com ansiedade a sua vez. O primeiro, aparentemente muito animado, traz em suas mãos um grande osso, o qual é levantado para o alto enquanto ouvem-se gritos de “ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin...”.

O guru então pede silêncio, e o membro, pondo o osso em cima do púlpito, inicia seu testemunho:

Amados irmãos, eu estava caçando com meu cachorro Mutante, e de repente notei que ele começou a fuçar, fuçar, fuçar, e, como um bom darwinista, logo pensei tratar-se de um fóssil e, para minha surpresa, não é que era mesmo um fóssil? Mas não era de qualquer fóssil não, irmãos. Era um maravilhoso fóssil de um Angaturama limai.

“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”

Vem o segundo membro. Este, por sua vez, traz consigo um livro de Dawkins, mais exatamente “Deus, um Delírio”. Animado passa a falar:

Caríssimos irmãos darwinistas, gostaria de compartilhar com vocês um trecho do livro (ergue o livro) do nosso "darwino-mestre" Dawkins. Esse maravilhoso cientista me fez enxergar a vida de uma forma diferente, e hoje, irmãos, não sou mais escravo da religião e do fundamentalismo.

“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”

Na ordem, sobe então o terceiro membro, que está visivelmente aborrecido.

Meus preciosos irmãos, ultimamente eu ando meio jururu com a vida. É que fui cair na besteira de ler o herético livro de Michael Behe, “A Caixa Preta de Darwin” (ouvem-se maldições) e, irmãos, depois que li este livro fiquei com uma dúvida embaraçosa: será que o nosso gradualismo explica mesmo os alicerces da vida? Será que a nossa maravilhosa Seleção Natural é capaz de gerar tamanha complexidade? Será que o flagelo bacteriano evoliu por etapas como dizem nossos mestres? Irmãos... (neste instante outro membro irritado remete-lhe um soco certeiro na venta e ele cai).

- Como ousas duvidar da capacidade do nosso gradualismo e da força da nossa grandiosa Seleção Natural, heim, seu criacionista maldito?
Acalmado os ânimos, segue o quarto membro, que vai logo dizendo:

Meus irmãos, acho que descobrir, finalmente, qual foi a função adaptativa do queixo. (Bem entusiasmado) Isso mesmo irmãos, depois de tanto estudar os sociobiólogos cheguei à conclusão que o nosso maxilar teve a importante função de coçar em tempo remoto o nosso pescoço...

“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”

E assim que todos da fila foram à frente, chega, finalmente, a vez do sermão final. O "darwini-mor", munido, é claro, do “A Origem das Espécies”, pede silêncio e inicia seu tão aguardado sermão:

Minhas valiosas ovelhinhas, abramos nosso guia-maior na página 122. Vejamos o que São Darwin nos reserva esta noite (todos se levantam):
"Por mais lenta que seja a marcha da Seleção Natural, se o homem, com os seus limitados meios, consegue realizar tantos progressos aplicando a seleção artificial, não posso perceber limite algum na soma de alterações, assim como na beleza e complexidade das adaptações de todos os seres organizados nas suas relações mútuas e com as condições físicas de existência que pode, no decurso das idades, realizar a força seletiva da natureza”.

Darmém!

Prezados irmãos, não há limites para a Seleção Natural
(ouve-se aplausos)! Se o homem, irmãos, com sua mente limitada, consegue fazer proezas por meio da seleção artificial, o que se dirá, meus queridos, da nossa potentíssima Seleção Natural?

“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”

Neste texto, irmãos, o nosso grande Darwin estava profetizando que no futuro ocorrerá uma seleção tão perfeita na raça humana que terá como conseqüência a existência de uma raça pura, livre de todos os males que afetam as raças inferiores em nosso tempo. E nós, valiosos irmãos, já nos despontamos como parte desse rigoroso processo seletivo operado pela perfeitíssima Seleção Natural, conforme palavras do grande Darwin. Também a religião, irmãos, esta será aniquilada como bem o quer o nosso "darwino-mestre" Richard Dawkins. Estaremos assim, irmãos, livres deste grilhão espiritual que submete o nosso mundo à ignorância e ao atraso da ciência!

“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”
Irmãos, não haverá mais criacionistas para nos encher a nossa paciência, nem tedeístas para nos atormentar com essas besteiras de complexidade irredutível e complexidade especificada. Em toda parte a "Vox populi” será “vox Darwin!

“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”

Meus amados, permaneçamos firmados na verdade que o nosso grande Darwin nos deixou. Não nos deixemos desfalecer quando as críticas infundadas surgirem abruptamente, pois serão como neblinas que logo se esvaem!
“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…"

E, por fim, irmãos, batalhemos ardorosamente em prol da nobre causa da Evolução! Continuemos em buscas de cada elo perdido. Não vamos sossegar enquanto nossa árvore evolutiva não estiver com todos seus galhos em perfeira ordem e num espetáculo magistral.

Marchemos, irmãos, rumo ao progresso!


“Ave Darwin, Ave Darwin, Ave Darwin…”


E que a paz de Darwin vos acompanhe!


Darmém!

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É isso! ((rs))

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