Para quem não sabe, o alemão Ernst Heackel, que fora contemporâneo de Adolf Hitler, foi um dos mais sorrateiros fraudadores prol Teoria da Evolução. Até recentemente o seu famoso desenho de desenvolvimento embrionário dos vertebrados (“A Ontogenia recapitula a Filogenia”) permanecia estampado em nosso livros didáticos como expressão da mais pura verdade. Agora já se sabe que ele manipulou falsamente tais desenhos a fim de favorecer os pressupostos darwinistas da evolução rigidamente gradual. Pois é...
Foi para este "grande cientista" que o honradíssimo Charles Darwin escreveu esta cordial missiva, em 29 de abril de 1879:
"Meu caro Haeckel:
Acabo de ler a tradução inglesa da sua "Liberdade na ciência" etc. Deixe que lhe diga quanto a admiro. É um ensaio deveras interessante, com cujas idéias estou absolutamente de acordo. A conduta de Virchow é vergonhosa, e espero que se arrependa um dia. Que maravilhoso é o prefácio de Huxley!"
"A Origem do Homem". Ernst Haeckel. Global Editora, 1989, p. 74.
Com profundo pesar, vejo-me de novo obrigado a demonstrar a absoluta falta de fundamento das afirmações de Virchow e a completa ausência de bases experimentais na sua inconsiderada oposição à teoria da evolução. Com a criação, há quarenta anos, da patologia celular, o célebre patólogo adquiriu uma autoridade que aumentou a sua infatigável atividade nos meios políticos e sociais. Para muita gente, Virchow é uma espécie de papa científico, o que lhe permite falar sem o recurso a qualquer informação biológica e, por conseguinte, derrubar a "teoria símia". Ainda hoje em dia são especialmente os sacerdotes de todas as igrejas e os órgãos clericais das mais diversas tendências — defensores acérrimos da superstição e inimigos declarados do livre-pensamento — que invocam a autoridade de Virchow. Foi o que aconteceu, há vinte anos, quando expus, no Congresso de naturalistas alemães, em Munich (1877), as relações da teoria da descendência subordinada ao conjunto global da ciência. Virchow combateu imediatamente esta teoria da maneira mais viva, e, para satisfação dos padres e da reação, afirmou que o transformismo é uma hipótese não demonstrada, que a origem simiesca do homem é impossível e que a atividade psíquica não é uma simples função do cérebro. Decorreu, desde então, um ano, e até hoje, o eminente patologista deu livre curso ao antagonismo derrotista, visando a teoria moderna da evolução, combatendo vigorosamente a descendência do homem vindo de uma série de antepassados vertebrados.
É ainda mais penoso ter que se julgar estes fatos deploráveis, porque, há menos de meio século, o jovem Virchow tinha convicções bem diferentes, diametralmente opostas às suas atuais ideias. Durante a sua permanência em Vürzburg (1849--1856), o célebre patologista executou o seu principal trabalho original, que devia modificar a medicina científica no sentido celular. Aí, em colaboração com os grandes histólogos Kõlliker e Leydig, estabeleceu as bases da sua patologia celular. Aí também, numa notável série de memórias, demonstrou essa unidade do organismo humano, uma das teses mais importantes do monismo moderno. Quando, em 1856, Virchow se deslocou para Berlim, afastou-se progressivamente das teorias monistas, passando-se definitivamente para o campo do dualismo místico. (Veja-se a minha memória "Freie Wissenschaft und freie Lehre", resposta ao discurso de Virchow, sobre a liberdade da ciência no Estado moderno, Stuttgart, 1878)".
Fonte:
"A Origem do Homem". Ernst Haeckel. Global Editora, 1989, p. 72, 73.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Excetuando ofensas pessoais ou apologias ao racismo, use esse espaço à vontade. Aqui não há censura!!!