Mas, como bem disse o sábio: "em assuntos de amor são os loucos quem tem mais experiência". Contudo, em se tratando do mundo real, uma rápida olhada em seus livros já é suficiente para fazer desmoronar essa jibóica ilusão. Darwin bebeu nas mais variadas fontes, inclusive nos ícones do famigerado darwinismo social, como se pode notar nos nomes e nas citações a seguir:
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”. Tradução: Attílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. Hemus Livraria Editora LTDA. São Paulo, 1974.
"Em outro lugar discuti com bastante profundidade o assunto da hereditariedade, pelo que agora não creio neces sário acrescentar alguma coisa mais. Quanto à transmissão, seja dos mais irrelevantes como dos mais importantes caracteres, no caso do homem tem sido recolhido um número de dados maior do que para qualquer outro animal inferior, em bora os dados sejam bastante copiosos também para estes últimos. Assim, no que toca as faculdades mentais, a sua transmissão se manifesta nos cães, nos cavalos e nos outros animais domésticos. Ademais, seguramente se transmitem gostos e hábitos particulares, a inteligência em geral, a coragem, o bom e o mau temperamento, etc. Com o homem assistimos a fatos semelhantes em quase toda família; e agora, graças às notáveis obras de Galton, sabemos que o gênio, que compreende uma combinação extraordinariamente complexa de faculdades elevadas, tende a ser hereditário; por outro lado é igualmente certo que a loucura e as deficiências psíquicas se transmitem nas famílias " (p. 40).
"Galton, que teve excelentes oportunidades de observar os arménios semi-selvagens do sul da África, diz que os mesmos não podem suportar nem sequer uma separação momentânea do grupo (20). São essencialmente escravos, não procurando sorte melhor do que aquela de serem dirigidos por um boi qualquer que tenha suficiente confiança em si mesmo para aceitar a posição. Os homens que irrompem entre estes animais para domesticá-los, põem-se a espiar atentamente aqueles que, pastando separados, revelam uma disposição de autoconfiança e estes são adestrados como guias. Galton acrescenta que tais animais são raros e preciosos e, se deles nascessem muitos, seriam imediatamente eliminados, de vez que os leões estão sempre de emboscada contra os chefes que se distanciam do grupo" (p. 127 - referência 1)
"Como às vezes se pode ver que está se travando uma batalha entre os vários instintos nos animais inferiores, assim não é estranho que exista uma luta no homem entre os seus instintos sociais, com as suas virtudes derivadas e os seus impulsos e desejos inferiores, embora momentaneamente mais incitantes. Conforme observou Galton, isto é tanto me nos surpreendente, porquanto o homem foi imerso por um estado de barbárie num período relativamente recente" (p. 150).
"Até aqui tenho considerado somente o progresso do homem, saindo de uma condição semi-humana para aquela do moderno selvagem. Merece que se acrescentem algumas referências a propósito da ação da seleção natural nas ações civilizadas. Este tema tem sido discutido com habilidade por W. R. Greg e anteriormente por Wallace e por Galton. Muitas das minhas observações são extraídas destes três autores" (p. 160)
"Pela primogenitura, os homens que são ricos são capazes de selecionar, geração após geração, as mulheres mais lindas e atraentes que em geral gozam de saúde do corpo e são ativas de intelecto. As consequências danosas, que podem existir, de uma contínua conservação da mesma linha de descendência, sem seleção de nenhum gênero, podem ser freadas por homens capazes que desejam sempre incrementar a sua riqueza e o seu poder, o que realizam mediante o casamento com as herdeiras. Mas as filhas únicas, conforme demonstrou Galton, são elas mesmas levadas a ser estéreis; assim as famílias nobres são continuamente partidas na linha direta e as suas riquezas se extravasam para alguma linha lateral; mas, infelizmente, esta linha não é determinda por uma superioridade de um gênero qualquer" (p. 163)
"Muitas vezes se tem objetado, para ideias semelhantes, que os homens mais eminentes não têm deixado descendentes que herdassem o seu grande intelecto. Galton afirma: "Sinto desgosto em ser incapaz de resolver a simples questão sobre até que ponto homens e senhoras, que são muito geniais, são estéreis. Contudo, tenho demonstrado que homens eminentes não são absolutamente assim". Grandes legisladores, fundadores de religiões benéficas, grandes filósofos e gênios da descoberta científica ajudam o progresso do gênero humano em medida mais elevada com as suas obras do que gerando uma numerosa prole. No caso das estruturas corpóreas, o fator que contribui para um progresso de uma espécie é a seleção de indivíduos ligeiramente mais dotados e a eliminação daqueles menos dotados, e não a conservação de anomalias fortemente acentuadas e raras. O mesmo se dará com as faculdades intelectuais, visto que os homens um pouco mais hábeis em qualquer grau da sociedade têm melhor êxito do que os menos hábeis e, conseqüentemente, progridem em número, quando não são obstaculados de um outro modo. Quando numa nação o nível de inteligência e o número de pessoas inteligentes cresceram, de acordo com a lei do desvio da média, podemos contar com o aparecimento dos gênios com um pouco mais de frequência do que antes" (p. 164).
"Greg e Galton muito têm insistido sobre o obstáculo mais importante, existente nos países civilizados, contra o aumento do número dos homens de classe superior, isto é, sobre o fato de que os mais pobres e os negligentes, que frequen temente são degradados pelo vício, quase invariavelmente se casam antes, enquanto que os prudentes e os frugais, que em geral são virtuosos também em outras maneiras, contraem matrimônio em idade avançada, com a finalidade de poderem ser capazes de permanecer, eles mesmos e os seus filhos, na comodidade" (p. 165).
"Conforme observou Galton, numa época antiga, quase todos os homens nobres, que se dedicavam à meditação ou à cultura, não pos suíam nenhum refúgio a não ser no seio da Igreja, que exigia o celibato ; isto dificilmente podia ter deixado de causar uma influência deteriorante nas sucessivas gerações" (p. 168).
"Baseados na lei do desvio da média, tão bem ilustrada por Galton em seu livro Hereditary Genius, podemos também concluir que, se em muitas disciplinas os homens são decididamente superiores às mulheres, o poder mental médio do homem é superior àquele destas últimas" (p. 648).
"Por outro lado, Galton observou que, se o prudente evita o matrimônio enquanto que o incauto se casa, os membros inferiores tendem a suplantar os membros me lhores da sociedade. Como qualquer outro animal, o homem sem dúvida chegou à sua atual condição elevada através de uma luta pela existência, devida ao seu rápido progresso; se deve progredir ainda mais, teme-se que deva estar sujeito a uma dura batalha. Se assim não fosse, chafurdaria na indolência e os mais dotados não teriam mais êxito na luta pela vida do que os menos dotados. Por isso a nossa natural taxa de aumento, embora leve a muitos prejuízos óbvios, não deve ser de algum modo muito reduzida. Deveria estar aberta a competição para todos os homens; e com as leis e os costumes não se deveria impedir que os mais capazes tivessem melhor êxito e que criassem o maior número de filhos. Por mais importante que a luta pela existência tenha sido e ainda continue sendo, contudo no que diz respeito ao desenvolvimento das qualidades mais elevadas da natureza humana existem outros fatores mais importantes. Com efeito, as qualidades morais progrediram, tanto direta como indiretamente, muito mais por efeito do hábito, das faculdades raciocinantes, da instrução, da religião, etc., do que pela seleção natural; muito embora a esta última se possam com segurança atribuir os instintos sociais, que constituíram a base para o desenvolvimento do senso moral" (p. 710).
“Dei o nome de seleção natural ou de persistência do mais apto à conservação das diferenças e das variações individuais favoráveis e à eliminação das variações nocivas” (A ORIGEM DAS ESPÉCIES, p. 94).
Spencer via sociedade como resultado de uma luta competitiva da qual apenas aqueles de “maior força moral” deveriam sobreviver, do contrário, dizia este ideólogo, a sociedade se debilitaria. Esta idéia, aliás, bem aproveitada pó Darwin, fora estendida para várias esferas da sociedade. Foi, por exemplo, usada para justificar moralmente os atos inescrupulosos dos capitalistas que controlavam as indústrias americanas. John D. Rockefeller, por exemplo, dizia que a riqueza que acumulara por meio da gigantesca Standard Oil Trust era “meramente a sobrevivência do mais forte..."
O nome de Spencer aparece várias vezes nas obras de Darwin, como em:
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. "A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural". Baseado na tradução de Joaquim da Mesquita Paul, médico e professor, publicada por LELLO & IRMÃO – EDITORES.
"M. Herbert Spencer, numa memória (publicada pela vez primeira no Leader, Março de 1852, e reproduzida nos seus Essays em 1858), estabeleceu, com um talento e uma habilidade notáveis, a comparação entre a teoria da criação e o desenvolvimento dos seres orgânicos. Tira os argumentos da analogia das produções domésticas, das transformações que sofrem os embriões de muitas espécies, da dificuldade de distinguir espécies e variedades, e do princípio de gradação geral; conclui que as espécies têm sofrido modificações que atribui à mudança de condições. O autor (1855) estudou também a psicologia partindo do princípio da aquisição gradual de cada aptidão e de cada faculdade mental" (p. 11).
"Lorde Spencer e outros demonstraram que o boi inglês aumentou em peso e em precocidade, comparativamente ao antigo boi. Se, com auxílio dos dados que nos fornecem os velhos tratados, compararmos o estado antigo e o atual estado dos Pomboscorreios e dos Cambalhotas na Grã-Bretanha, na Índia e na Pérsia, podemos ainda determinar as bases por que têm passado sucessivamente as diferentes raças de pombos, e como vieram a diferir tão prodigiosamente do Torcaz" (p. 47).
"Mas a expressão que M. Herbert Spencer emprega: «a persistência do mais apto», é mais exata e algumas vezes mais cômoda. Vimos que, devido à seleção, o homem pode certamente obter grandes resultados e adaptar os seres organizados às suas necessidades, acumulando as ligeiras mas úteis variações que lhe são fornecidas pela natureza. Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte" (p. 76).
"M. Herbert Spencer responderia provavelmente que, desde que um organismo unicelular simples se torna, pelo crescimento ou pela divisão, um composto de muitas células, ou se está fixo a algumas superfícies de apoio, a lei que estabeleceu entra nação e exprime assim esta lei: «As unidades homólogas de toda a força diferenciam-se à medida que as suas relações com as forças incidentes são diversas». Mas, como não conhecemos fato algum que nos possa servir de ponto de comparação, toda a especulação sobre este assunto seria quase inútil" (p. 141).
"Este princípio, segundo M. Herbert Spencer, é que a vida consiste numa ação e numa reação incessante de forças diversas, ou que delas depende; estas forças, como acontece de contínuo na natureza, tendem sempre a equilibrar-se, mas, desde que, por uma causa qualquer, esta tendência ao equilíbrio é ligeiramente perturbada, as forças vitais ganham em energia" (p. 333).
"Entrevejo num futuro afastado caminhos abertos a pesquisas muito mais importantes ainda. A psicologia será solidamente estabelecida sobre a base tão bem definida já por M. Herbert Spencer, isto é, sobre a aquisição necessariamente gradual de todas as faculdades e de todas as aptidões mentais, o que lançará uma viva luz sobre a origem do homem e sua história" (p. 553).
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”. Tradução: Attílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. Hemus Livraria Editora LTDA. São Paulo, 1974.
"Embora os primeiros vislumbres de inteligência, segundo Herbert Spencer, se tenham desenvolvido pela multiplica ção e pela coordenação de ações reflexas, tanto assim que dificilmente podem ser distintos, como se dá com o caso de jovens animais que mamam, parece que os mais complexos se originaram independentemente da inteligência. Não obstante isto, bem longe estamos de querer ne gar que as ações instintivas possam perder o seu caráter inalterável e irracional e ser substituídas por outras construídas com a ajuda da livre vontade" (p. 85).
"De maneira semelhante H. Spencer, em seu trabalho genial publicado em “Fortnightly Review”, de 1.° de maio de 1870, pg. 535, explica as primeiras formas da crença religiosa no mundo, mediante o fato de o homem ser levado a considerar-se como urna dúplice essência, física e espiritual, por meio de sonhos, sombras e outras causas" (p. 657).
ERNEST HAECKEL
Ele fora amigo de Darwin, que o tinha em grande estima. Por exemplo, em seu “A Origem das Espécies”, Charles Darwin faz menção da sua “Morfologia Geral”, obra esta na qual Haeckel elaborou sua maior farsa.
O Haeckel, que praticamente idolatrava Darwin, escreveu também um livo intitulado “A Origem do Homem”, que tenho aqui em mãos, e do qual posto o seguinte trecho, onde declara sua satisfação em ter contactado três vezes com Darwin, e no qual discorre sobre o conceito de evolução progressiva, conceito este bem utilizado pelos nazistas:
"Entre os filósofos, ninguém impôs melhor a influência da nossa concepção do mundo que o grande pensador inglês Herbert Spencer, um dos raríssimos sábios contemporâneos que sabem igualar os mais vastos conhecimentos em história natural com a especulação filosófica mais profunda.
Spencer pertence àquele antigo grupo de filósofos da natureza que, antes de Darwin, havia encontrado na doutrina evolucionista a chave que deveria permitir a resolução do enigma do universo; ele figura também entre esses evolucionistas que concedem, com razão, a maior importância à herança progressiva, a esta tão discutida transmissão das qualidades adquiridas.Spencer, tal como eu, combateu, desde o primeiro momento, com a maior energia, a teoria do plasma germinal de Weismann, que nega o importantíssimo fator da evolução, procurando se explicar apenas pela "força todo-poderosa da seleção". Na Inglaterra, a teoria de Weismann teve grande êxito, tendo aparecido como "neodarwinismo", opondo-se à nossa concepção de fenómenos evolutivos, caracterizada como "neolamarquismo". Estas afirmações não são de modo algum justificadas; Darwin estava tão convencido do alto teor da herança progressiva, como o seu grande precurssor, Jean Lamarck, e como Herbert Spencer. Tive o prazer de contatar três vezes com Darwin, e sempre verificarnos, sobre esta questão undamental, critérios completamente conformes. Participo da convicção de H. Spencer, de que a herança progressiva é um fator indispensável da teoria monista da evolução e um dos seus elementos mais importantes. Negando-a, como Weismann, cai-se no misticismo, e, neste caso, melhor seria aceitar o mistério da "criação isolada de cada espécie". A própria antropogenia oferece uma infinidade de provas do que defendo.
Se, entretanto, olharmos de um ponto de vista muito geral o atual estado da antropogenia, e se abarcarmos com um só olhar todas as provas empíricas, teremos indiscutivelmente de afirmar: a descendência do homem, a partir de uma série de primatas terciários extintos, não é uma hipótese vaga, mas um fato histórico. Este processo, naturalmente, não pode ser demonstrado por métodos exatos; como também não podemos provar os números fenómenos físicos e químicos que, no decurso 44 de vários milhões de anos, conduziram progressivamente, desdea forma mais simples e desde o primitivo protozoário, até ao gorila e ao Homem.
Entre os filósofos, ninguém impôs melhor a influência da nossa concepção do mundo que o grande pensador inglês Herbert Spencer, um dos raríssimos sábios contemporâneos que sabem igualar os mais vastos conhecimentos em história natural com a especulação filosófica mais profunda.
Spencer pertence àquele antigo grupo de filósofos da natureza que, antes de Darwin, havia encontrado na doutrina evolucionista a chave que deveria permitir a resolução do enigma do universo; ele figura também entre esses evolucionistas que concedem, com razão, a maior importância à herança progressiva, a esta tão discutida transmissão das qualidades adquiridas.Spencer, tal como eu, combateu, desde o primeiro momento, com a maior energia, a teoria do plasma germinal de Weismann, que nega o importantíssimo fator da evolução, procurando se explicar apenas pela "força todo-poderosa da seleção". Na Inglaterra, a teoria de Weismann teve grande êxito, tendo aparecido como "neodarwinismo", opondo-se à nossa concepção de fenómenos evolutivos, caracterizada como "neolamarquismo". Estas afirmações não são de modo algum justificadas; Darwin estava tão convencido do alto teor da herança progressiva, como o seu grande precurssor, Jean Lamarck, e como Herbert Spencer.
O mesmo acontece, porém, com todas as variedades históricas. Todos cremos na existência de Lineu e de Laplace, de Newton e de Lutero, de Malpigio e de Aristóteles, ainda que não se possa demonstrar, de maneira exata, a sua existência, no sentido da história natural moderna. Estamos persuadidos da existência destes génios e de muitos outros, porque conhecemos as obras que deixaram, e porque vemos a influência que exerceram na história da civilização. E estes argumentos indiretos não valem menos do que aqueles que nos serviram para estabelecer a história dos antepassados do homem.
Dentre todos os mamíferos jurásicos, apenas um osso, o maxilar inferior, chegou até nós; Huxley expôs, com muita oportunidade, as causas deste fenómeno. Todos admitimos que estes animais tinham igualmente uma mandíbula superior, e outros ossos, ainda que não possamos prová-lo diretamente.
A chamada "escola exata" considera a evolução das espécies como uma hipótese não demonstrada, e deveria crer, para ser consequente consigo mesma, que a mandíbula inferior era o único osso que possuíam aqueles estranhos animais.Permitam-me, para terminar, que faça uma rápida concessão, perante o futuro, que se aproxima. Estou firmemente convencido de que não somente a ciência do século XX aceitará, nas suas linhas gerais, a nossa doutrina transformista, como até a considerará como a mais importante conquista do espírito da nossa época. Os seus raios deslumbrantes dissiparam as espessas nuvens da ignorância e da superstição que, até hoje, projetavam uma obscuridade impenetrável no mais importante de todos os problemas: a origem do homem, da sua natureza real, e do seu lugar na natureza. A influência incalculável da antropogenia natural, em relação a todos os ramos da ciência e da civilização, terá os mais felizes resultados.Essa grande obra, começada no nosso século por Lamarck e continuada por Darwin, será definitivamente uma das conquistas mais maravilhosas do espírito humano. E a filosofia monista, que baseamos no evolucionismo, favorecerá poderosamente o conhecimento das verdades naturais, ao mesmo tempo que com a sua utilização prática se obterá os melhores resultados. O sólido fundamento empírico deste monismo nos é fornecido pela zoologia filogênica” (p. 44, 45, Global Editora, 1989).
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. "A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural". Baseado na tradução de Joaquim da Mesquita Paul, médico e professor, publicada por LELLO & IRMÃO – EDITORES.
O professor Haeckel, na sua Morfologia Geral e noutras obras recentes, ocupou-se com a sua ciência e talento habituais do que se chama a filogenia, ou linhas genealógicas de todos os seres organizados. É sobretudo nos caracteres embriológicos que se apóia para restabelecer as suas diversas séries, mas auxiliase também dos órgãos rudimentares e homólogos, bem como dos períodos sucessivos em que as diversas formas da vida têm, supõe-se, aparecido pela primeira vez nas nossas formações geológicas. Assim começou um árduo trabalho e mostrou-nos como deve ser tratada a classificação no futuro" (p. 495).
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”. Tradução: Attílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. Hemus Livraria Editora LTDA. São Paulo, 1974.
"Haeckel nos lembra que não somente as medusas mas muitos moluscos flutuantes crustáceos e até pequenos peixes oceânicos compartilham da mesma aparência vítrea, muitas vezes acompanhada de cores prismáticas, dificilmente podemos duvidar que também os pássaros pelágicos e outros inimigos as tenham” (p. 310).
THOMAS MALTHUS
1 – As populações podem crescer exponencialmente, isto é, numa progressão geométrica do tipo: 2, 4, 8, 16, 32, 64 e assim por diante. Resumindo: se todos os descendente de um casal de lobos sobrevivessem e se reproduzissem no mesmo ritmo, em poucos anos a terra estaria coberta deles.
2 – As populações não crescem exponencialmente e, aparentemente, a terra não está coberta de lobos.
3 – Por causa do grande número de descendentes e da ausência de espaço e alimento para todos, faz-se mister que exista uma “luta pela existência” (ou seja: uma competição), já que o número de indivíduos deve ser eliminado a cada geração.
Bem. É de conhecimento de todos que o grande “insight" de Darwin veio da leitura de “Essay on Population” (“Ensaio sobre a população”), publicado em 1798 pelo economista inglês Thomas Malthus. Em ”A Vida de um Evolucionista Atormentado: Darwin”, Adrian Desmond & James Moore relatam mais ou menos como isso se deu:
“O homem condenado continuou a ler, ainda interessado em estatísticas humanas. No final do mês, ele pegou a sexta edição do Ensaio sobre o Princípio da População de Malthus — a polêmica descrição da humanidade que ultrapassava seu suprimento de alimento e dos fracos e imprevidentes que sucumbiam na luta pelos recursos disponíveis, Malthus raramente fora mais atual” (A Vida de um Evolucionista Atormentado: Darwin. Adrian Desmond & James Moore – Geração Editorial. São Paulo, 1995, p. 282-285).
E isto é confirmado pelo darwinista Nélio Bizzo:
“No entanto, todas essas observações não eram suficientes para comprovar a ocorrência da evolução. Era necessário encontrar um mecanismo que explicasse como essas modificações ocorrem. Isso era essencial para questionar a idéia, predominante até aquela época, de que as espécies eram imutáveis.
Foi em 1838 que encontrou a chave do intricado problema, lendo o livro do economista inglês Thomas Malthus sobre populações" (Nélio Marco - “O que é Darwinismo” – Editora Brasiliense, 1989. p 13). Agora vamos à referências do próprio Darwin:
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”. Tradução: Attílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. Hemus Livraria Editora LTDA. São Paulo, 1974.
"Conforme observou Malthus, existe motivo de se suspeitar que atualmente o poder reprodutivo é menor nas raças sem cultura do que naquelas civilizadas. Nada sabemos de positivo sobre este ponto, visto que não se fez nenhum recenseamento dos selvagens; mas, com a ajuda do testemunho de missionários e de outros que têm residido durante muito tempo no meio destes povos, parece que via de regra as suas famílias são exíguas e só raramente numerosas" (p. 59).
"Malthus debateu estes numerosos obstáculos, mas não enfatizou aquele que provavelmente é o mais importante de todos, ou seja o infanticídio, especialmente perpetrado contra os bebês meninas, e o costume de provocar o aborto. Atualmente estas práticas prevalecem em muitas partes do mundo e o infanticídio parece que prevaleceu uma vez em escala ainda mais ampla, conforme demonstrou M'Lennan. Parece que esta prática se originou dos selvagens que se viam a braços com a dificuldade, ou antes a impossibilidade, de manter todos os filhos nascidos. Aos obstáculos supracitados se pode acrescentar a depravação, mas esta deriva da falta de meios de subsistência, embora haja motivo para se crer que em alguns casos (como no Japão) tenha sido encorajada propositalmente como meio para conter a população" (p. 60).
REFERÊNCIA:
CHARLES DARWIN. "A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural". Baseado na tradução de Joaquim da Mesquita Paul, médico e professor, publicada por LELLO & IRMÃO – EDITORES.
"No capítulo seguinte consideraremos a luta pela existência entre os seres organizados em todo o mundo, luta que deve inevitavelmente fluir da progressão geométrica do seu aumento em número. É a doutrina de Malthus aplicada a todo o reino animal e a todo o reino vegetal. Como nascem muitos mais indivíduos de cada espécie, que não podem subsistir; como, por conseqüência, a luta pela existência se renova a cada instante, segue-se que todo o ser que varia, ainda que pouco, de maneira a tornar-se-lhe aproveitável tal variação, tem maior probabilidade de sobreviver, este ser é também objeto de uma seleção natural. Em virtude do princípio tão poderoso da hereditariedade, toda a variedade objeto da seleção tenderá a propagar a sua nova forma modificada" (p. 17).
“PROGRESSÃO GEOMÊTRICA DO AUMENTO DOS INDIVÍDUOS
A luta pela existência resulta inevitavelmente da rapidez com que todos os seres organizados tendem a multiplicar-se. Todo o indivíduo que, durante o termo natural da vida, produz muitos ovos ou muitas sementes, deve ser destruído em qualquer período da sua existência, ou durante uma estação qualquer, porque, de outro modo, dando-se o princípio do aumento geométrico, o número dos seus descendentes tornar-se-ia tão considerável, que nenhum país os poderia alimentar.
Também, como nascem mais indivíduos que os que podem viver, deve existir, em cada caso, luta pela existência, quer com outro indivíduo da mesma espécie, quer com indivíduos de espécies diferentes, quer com as condições físicas da vida.
É a doutrina de Malthus aplicada com a mais considerável intensidade a todo o reino animal e vegetal, porque não há nem produção artificial de alimentação, nem restrição ao casamento pela prudência.Posto que algumas espécies se multiplicam hoje mais ou menos rapidamente, não pode ser o mesmo para todas, porque a terra não as poderia comportar.
Não há exceção nenhuma à regra que se todo o ser organizado se multiplicasse naturalmente com tanta rapidez, e não fosse destruído, a terra em breve seria coberta pela descendência de um só par. O próprio homem, que se produz tão lentamente, veria o seu número dobrado todos os vinte e cinco anos, e, nesta proporção, em menos de mil anos, não haveria espaço suficiente no Globo onde pudesse conservar-se de pé. Lineu calculou que, se uma planta anual produz somente duas sementes - e não há planta que tão pouco produza - e no ano seguinte cada uma destas sementes desse novas plantas que produzissem outras duas sementes, e assim seguidamente, chegar-se-ia em vinte anos a um milhão de plantas” (p. 78, 79).
Excelente artigo !
ResponderExcluirGiovanni C. Oliveira - Professor de Geografia.