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Coisas que Darwin não explica: o altruísmo
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Qual a explicação darwinista para a inteligência, relacionada a um cérebro de extraordinária complexidade e cujo súbito aparecimento não parece ser capaz de se integrar no aludido mecanismo evolutivo?
Até pouco tempo os darwinistas acreditavam que as semelhanças entre o homem e o animal, em especial os chimpanzés, “eram tamanhas que traços como a habilidade para linguagem e matemática também estivessem presentes nos animais, e que tudo o que nos separava deles era uma questão de gradação”. Mas, como os próprios darwinistas divulgaram recentemente, as limitações da linguagem animal em relação ao homem são enormes e indiscutíveis.
Já no que concerne ao adaptacionismo, qual teria sido a utilidade adaptativa das manifestações da inteligência?
A inteligência humana teria sido resultado de uma seleção da aptidão em fabricar ferramentas, conforme propôs Darwin? Ou teria sido resultado da aptidão em organizar a caça ao grande animal, como imaginou Ernest Mayr? Ou ainda resultado da aptidão em manipular as relações sociais, graças à linguagem, como sugeriram pesquisadores americanos?
Segundo Darwin, as expressões mais refinadas da emoção humana tinham uma origem animal. Ele escreveu um livro inteiro defendendo esta tese. Alfred Russel Wallace, ao contrário, acreditava na criação especial da inteligência humana, a única imposição do poder divino sobre um mundo orgânico inteiramente construído pela seleção natural (vide Gould, “O Polegar do Panda”).
A história nos mostra que, toda vez que se puseram a explicar a inteligência à luz da teoria evolutiva, sempre se apelou para o racismo e preconceitos. Um exemplo citado por Gould, refere-se a Paul Broca. Diz Gould:
“Broca e sua escola queriam mostrar que o tamanho do cérebro, através do seu elo com a inteligência, poderia resolver o que eles consideravam a questão primária para a "ciência do homem" — explicar por que alguns indivíduos e grupos são melhor sucedidos do que outros. Para isso, dividiram as pessoas de acordo com convicções apriorísticas acerca do seu valor — homem versus mulheres, brancos versus negros, "homens de gênio" versus pessoas comuns — e tentaram demonstrar diferenças no tamanho do cérebro. Os cérebros de homens eminentes (literalmente homens) formaram um elo essencial da sua tese — e Cuvier era o creme de la creme. Como conclusão, escreveu Broca:
Em geral, o cérebro é maior nos homens que nas mulheres, nos homens eminentes do que nos de talento medíocre, nas raças superiores do que nas inferiores. Como em outras coisas, existe uma relação notável entre o desenvolvimento da inteligência e o volume do cérebro.
Broca morreu em 1880, mas seus discípulos continuaram a catalogar cérebros eminentes (de fato, acrescentaram o do próprio Broca à lista, embora seu cérebro pesasse uns meros 1.484 gramas)”p. 132.
STEPHEN JAY GOULD: "A Falsa Medida do Homem". Martins Fontes. São Paulo.
É isso!
Até pouco tempo os darwinistas acreditavam que as semelhanças entre o homem e o animal, em especial os chimpanzés, “eram tamanhas que traços como a habilidade para linguagem e matemática também estivessem presentes nos animais, e que tudo o que nos separava deles era uma questão de gradação”. Mas, como os próprios darwinistas divulgaram recentemente, as limitações da linguagem animal em relação ao homem são enormes e indiscutíveis.
Já no que concerne ao adaptacionismo, qual teria sido a utilidade adaptativa das manifestações da inteligência?
A inteligência humana teria sido resultado de uma seleção da aptidão em fabricar ferramentas, conforme propôs Darwin? Ou teria sido resultado da aptidão em organizar a caça ao grande animal, como imaginou Ernest Mayr? Ou ainda resultado da aptidão em manipular as relações sociais, graças à linguagem, como sugeriram pesquisadores americanos?
Segundo Darwin, as expressões mais refinadas da emoção humana tinham uma origem animal. Ele escreveu um livro inteiro defendendo esta tese. Alfred Russel Wallace, ao contrário, acreditava na criação especial da inteligência humana, a única imposição do poder divino sobre um mundo orgânico inteiramente construído pela seleção natural (vide Gould, “O Polegar do Panda”).
A história nos mostra que, toda vez que se puseram a explicar a inteligência à luz da teoria evolutiva, sempre se apelou para o racismo e preconceitos. Um exemplo citado por Gould, refere-se a Paul Broca. Diz Gould:
“Broca e sua escola queriam mostrar que o tamanho do cérebro, através do seu elo com a inteligência, poderia resolver o que eles consideravam a questão primária para a "ciência do homem" — explicar por que alguns indivíduos e grupos são melhor sucedidos do que outros. Para isso, dividiram as pessoas de acordo com convicções apriorísticas acerca do seu valor — homem versus mulheres, brancos versus negros, "homens de gênio" versus pessoas comuns — e tentaram demonstrar diferenças no tamanho do cérebro. Os cérebros de homens eminentes (literalmente homens) formaram um elo essencial da sua tese — e Cuvier era o creme de la creme. Como conclusão, escreveu Broca:
Em geral, o cérebro é maior nos homens que nas mulheres, nos homens eminentes do que nos de talento medíocre, nas raças superiores do que nas inferiores. Como em outras coisas, existe uma relação notável entre o desenvolvimento da inteligência e o volume do cérebro.
Broca morreu em 1880, mas seus discípulos continuaram a catalogar cérebros eminentes (de fato, acrescentaram o do próprio Broca à lista, embora seu cérebro pesasse uns meros 1.484 gramas)”p. 132.
STEPHEN JAY GOULD: "A Falsa Medida do Homem". Martins Fontes. São Paulo.
É isso!
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