Darwinismo: entre fatos e boatos

É sabido que o epistemólogo Karl Popper chegou a contestar a Teoria da Evolução como experimentalmente “refutável”. Essa conclusão está fundamentada no fato de tal teoria ser constituída por um vasto conjunto de enunciados, e de tal modo que se torna praticamente impossível organizar uma confrontação verdadeiramente definitiva com os diversos “dados” em questão. Por exemplo: dados decorrentes da classificação, da paleontologia, da anatomia comparada, da genética, da embriologia, da biogeografia etc.

A seguir, analisemos de maneira sucinta alguns pilares darwinistas. Vejamos, pois, o que se pode extrair de cada um deles. Esta análise se dará sob a base do neodarwinismo, que é o gradualismo rígido e estrito, e norteia-se por alguns pontos abordados por um darwinista em um desses banais debates da Internet.

PALEONTOLOGIA:
Stephen Jay Gould em nenhum momento chegou a negar a evolução. Quando faço menção de dele não é para contestar a evolução, mas para apontar as fragilidades epistemológicas de alguns dos dogmas do neodarwinismo, como é o caso do gradulismo. A Teoria do Equilíbrio Pontuado, criada por Gould, serve como demonstração da fragilidade do gradualismo diante da realidade fóssil. Discorrendo, por exemplo, acerca do cambriano, diz Gould:

“Essa visão ortodoxa "congelou", sem o benefício de nenhum dado direto da paleontologia para testá-la, já que a escassez de fósseis anteriores à grande "explosão" cambriana, há 600 milhões de anos, constitui talvez o fato mais marcante e a frustração da minha profissão” (Polegar do Panda, p. 195).

“O registro fóssil causara a Darwin mais desgosto do que alegria. Nada o perturbava mais do que a explosão cambriana, o aparecimento coincidente de quase todos os projetos orgânicos complexos, não perto do começo da história da Terra, mas a mais de cinco sextos do caminho” (p. 214).

“Há 600 milhões de anos, no começo do que os geólogos chamam de Período Cambriano, surgiu grande parte do maior filo de invei librados, num espaço curto de alguns milhões de anos. O que ocorreu durante os prévios quatro bilhões de anos da história do planeta? O que havia no começo do mundo cambriano que pudesse ter inspirado tamanha atividade evolutiva?

Essas perguntas têm preocupado os paleontologistas desde que triunfou a opinião evolucionista, há mais de um século. Isso porque, embora rasgos evolutivos rápidos e ondas maciças de extinção não se jam contrários à teoria darwiniana, um preconceito profundamente arraigado no pensamento ocidental predispõe-nos a buscar a continuidade e a mudança gradativas:
natura non facit saltum (a natureza não dá saltos), como diziam os antigos naturalistas.

A explosão cambriana preocupou Darwin de tal maneira que ele escreveu na última edição de seu The Origin of Species: "O caso, no momento, tem de ficar inexplicado; e pode perfeitamente ser trazido como argumento válido contra as ideias aqui expostas". A situação, na verdade, era ainda muito pior na época de Darwin. Naquela época, não tinha sido descoberto um fóssil sequer da era pré-cambriana; era a explosão cambriana de invertebrados complexos que fornecia as provas mais antigas de vida na Terra. Se tantas formas de vida surgiram ao mesmo tempo, e com tamanha complexidade inicial, não seria possível argumentar que Deus escolhera a base do cambriano para Seu momento (ou seus seis dias) de Criação?

A dificuldade de Darwin foi parcialmente contornada. Agora já temos registros de vida pré-cambriana estendendo-se a mais de três bilhões de anos atrás. Fósseis de bactérias e algas verde-azuladas foram encontrados em diversas partes, em rochas com idades entre dois e três bilhões de anos.

Mesmo assim, essas excitantes descobertas em paleontologia pré-cambriana não afastam o problema da explosão cambriana, já que incluem apenas bactérias e algas verde-azuladas (veja o ensaio 13), e algumas plantas superiores, como as algas verdes. A evolução dos metazoários complexos (animais multicelulares) parece tão súbita quanto antes.
(Uma única fauna pré-cambriana foi encontrada em Ediacara, na Austrália. Nela se incluem alguns parentes do coral atual, águas-vivas, artrópodes e duas formas misteriosas, sem semelhança alguma com nada que viva atualmente.

Mesmo assim, as rochas de Ediacara estão bem abaixo da base cambriana e qualificam-se como pré-cambrianas por uma margem mínima.) O fato é que o problema aumenta na medida em que estudos exaustivos de um número cada vez maior de rochas pré-cambrianas destrói o velho e popular argumento de que os metazoários estão ali realmente, apenas não os encontramos ainda”.

“A chamada explosão marca somente o primeiro aparecimento no registro fóssil de criaturas que viveram e se desenvolveram durante boa parte do pré-cambriano. Então o que teria impedido a fossilização de faunas tão ricas? Nesse ponto temos uma variedade de propostas que vão desde o mais absurdo argumento ad hoc ao eminentemente plausível”.

Fonte:
Stephen Jay Gould. “Darwin e os Grandes Enigmas da Vida “. Editora Martins Fontes. São Paulo, 1999, p. 104, 114-115).


GENÉTICA:
No debate inicialmente citado, um darwinista muito otimista com Darwin citou como prova favorável à Teoria da Evolução, e isso no que se refere à genética, desde “marcadores genéticos”, passando por “genes desativados”, indo a “genes de mitocôndrias e cloroplastos”, continuando por “observação da especiação em tempo real através”, chegando aos transgênicos, e terminando em "mecanismos genéticos que levam a mutação e especiação" e “observação de especiação em moscas, bactérias, ratos, peixes etc”.

É um fenômeno comum entre darwinistas fazer menção de vários mecanismos supostamente favoráveis à Teoria da Evolução, porém, sequer eles principiam uma confrontação entre todos esses dados, relacionando-os entre si. Mas isso Popper explica!

Em relação ao que foi citado pelo dito darwinista, todos os casos APENAS poderão ser tomados como exemplos MACROevolutivos se extrapolados a partir de eventos MICROevolutivos. Note-se “observação de especiação em moscas, bactérias, ratos, peixes etc”. Se tomarmos exatamente esses casos constataremos apenas a ocorrência de mudanças intra-espécies, e não inter-espécies, isto é, mudanças inusitadas as quais não podem ser observadas empiricamente e que supostamente teriam acontecido num passado longínquo, coisas de alguns milhões de anos. Sem essas extrapolações, no entanto, o gradualismo ortodoxo simplesmente não subsistiria, e, na verdade, subsiste apenas como conteúdo filosófico ou, como diria Popper: “metafísicos”. Mas eu fico com "enunciados históricos", para ser mais ameno.

BIOQUÍMICA:
A Bioquímica é a grande pedra no sapato dos darwinistas. Embora muitos deles tenham se contorcido epistemologicamente a fim de tentar explicar as máquinas moleculares pelo viéis do rígido gradualismo a la Darwin, os resultados ainda permanecem no âmbito da especulação e da retórica. Michael Behe, mediante o conceito de Complexidade Irredutível levou à bancarrota o gradualismo como explicação para a origem da vida a partir de eventos cegos e aleatórios, tais como Seleção natural, acaso e mutações e outros "coadjuvantes"etc.

CITOLOGIA E HISTOLOGIA:
Como os darwinistas podem provar que tecidos diferentes em espécies diferentes têm a mesma origem evolutiva? Sim, pois é isso o que realmente importa. Obviamente não será por meio dos estudos das células, já que sequer conseguem explicar por meio do gradualismo alguns dos componentes celulares, quanto mais a própria célula.

ECOLOGIA:
A degradação ao meio ambiente, por exemplo, além de extinguir várias espécies, torna-o irrecuperável em vários aspectos. Mananciais, florestas, rios, mares e um grande número de espécies vivas estão perdendo sua potencialidade em conseqüência da ação humana, principalmente. Apelar para a Seleção Natural e outros mecanismos evolutivos em nada vai dirimir esta situação. É fácil inferir que processos cegos guiaram ao evolução no passado. O problema é hoje. Quanto à asserção de espécies altamente adaptadas ao meio ambiente, isso é pura tautologia, afinal, existe porventura algum ser vivo que não esteja adaptado ao meio ambiente onde vive? Em caso afirmativo: quais?

É isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Excetuando ofensas pessoais ou apologias ao racismo, use esse espaço à vontade. Aqui não há censura!!!