Dos cientistas e suas hipocrisias...

Não duvido que o ganhador de um prêmio Nobel seja realmente mereceder dessa insígnia; todavia é preciso que se distinga o cientista e sua descoberta do homem e seu caráter.

No prefácio do livro “A expressão das emoções no homem e nos animais” (Martins Fontes, 2009) de Charles Darwin, o ganhador do prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1973, Konrad Lorenz, num típico gesto de fervor ideológico tenta isentar Darwin de ter superestimado sua teoria. Diz ele:

Quando Jacques Loeb descobriu o princípio do tropismo, chegou a acreditar, e esperar, que todo comportamento humano e animal pudesse ser explicado com base na interação dos tropismos. Quando I. P. Pavlov descobriu a resposta condicionada, pensava aproxi­madamente o mesmo de seu princípio explicativo. Os escritos de Sigmund Freud estão cheios de generalizações semelhantes.
[...]
Entretanto, o maior dos descobridores no campo da biolo­gia não cometeu esse erro: quando Charles Darwin descobriu a seleção natural — o princípio explicativo que estaria destinado a mudar nossa concepção do homem e do mundo mais do que qualquer outro antes dele — decididamente não superesti­mou a quantidade de fenômenos que poderiam ser explicados por seu intermédio. Se errou, foi ao não completar sua teoria.”

E, numa clara tentativa de eximir Darwin da pecha do darwinismo social, bajula-o:

Por essa razão, incomoda-me profundamente o termo "darwinismo". É uma calúnia injusta que acusa o grande homem de um pecado que, mais do que qualquer outro, ele abominaria.

Os biólogos modernos são muito mais "darwinistas" do que Darwin, e com razão.”

Agora, vejam só o que afirmou este biólogo de grande reputação, no ano de 1940, na Alemanha, quando os campos de extermínio já estavam funcionando a todo “vapor”:

Para preservar a raça, seria necessário estar atento à eliminação, ainda mais severa do que é hoje, dos seres moralmente inferiores [...] Devemos – e temos o direito de – confiar nos melhores dentre nós e encarregá-los de efetuar a seleção que determinará a prosperidade ou o aniquilamento do nosso povo” (citado por Albert Jacquard, em “Elogio da Diferença”, Martins Fontes, 1988, p. 90, 91).

Que maravilha, um darwinista social isentando outro de não ser darwinista!

Qual, afinal, a diferença entre um hipócrita e um ator?

Bom, deixemos esta questão para a etimologia grega. De resto, permaneçamos atentos às fingidas manifestações de virtudes...

É isso!

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