Nietzsche e sua navalha verbal contra Darwin

"Certas verdades são percebidas pelos medíocres primeiramente, porque são mais conformes à sua inteligência e não têm atrativo ou sedução senão para os espíritos medíocres. Se é levado a constatar este fato, por si mesmo pouco confortador, precisamente depois que as mentes de alguns ingleses respeitabilíssimos, mas de inteligência medíocre — designarei Darwin, John Stuart Mill e Herbert Spencer — na média do gosto europeu parecem exercer uma influência preponderante.

De fato, quem poderia duvidar da utilidade do aparecimento,
a intervalos, de tais espíritos? Seria um erro sustentar que precisamente os espíritos superiores, que tentam sendeiros inacessíveis aos outros, possuam suficiente habilidade para constatar muitos fatos pequenos e vulgares, para tirar deles certas conclusões — pelo contrário. esses são exceções e se encontram numa posição pouco feliz frente à "regra". E além disso, devem fazer outras coisas distintas do apenas conhecer, devem ser, significar, representar novos valores! O abismo que separa o saber do poder é talvez mais profundo e também mais sinistro do que se possa crer aquilo que se ouve do poder, num estilo grandioso, quem tem o espírito que cria, poderá, talvez deva ser um ignorante — posto que as descobertas científicas à Darwin exigem uma certa restrição de vistas, uma certa aridez do espírito, certo pedantismo, muito conforme à índole inglesa."

- Friedrich Wilhelm Nietzsche, em "Além do bem e do mal ou Prelúdio de uma filosofia do futuro".

É isso!

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