Eu li isso...

"Quando a pangênese foi publicada por Darwin em 1868, seu meio-primo Francis Galton (1822-1911) a considerou um possível modo de explicar as leis da hereditariedade, e propôs que a parte da hipótese, que admitia a circulação das gêmulas pelo corpo e sua transmissão através das gerações, deveria ser testada.

Galton considerava que a hipótese da pangênese era a melhor e mais elaborada proposta para explicar a hereditariedade, pois afirmou:

Nenhum a teoria da hereditariedade foi enunciada com mais clareza e plenitude que a Pangênese do Sr. Darwin, e a afirmação preparatória da teoria contém a m ais elaborada epítome que existe, dos mais variados fatos que uma teoria da herança completa deve dar conta.

Pode-se perceber aqui que Galton conferiu um status superior à proposta de Darwin já que se referiu a ela como teoria e não como hipótese, como Darwin o fez.

Mas, embora otimista em relação a alguns aspectos da hipótese da pangênese, Galton percebeu que esta apresentava alguns problemas tais como:

a) Sob o ponto de vista físico, era difícil compreender como um corpo coloidal (como as gêmulas deviam ser) poderia passar livremente através das membranas encontradas no organismo.
b) Havia dificuldades em entender como se dava a passagem das gêmulas do pai para o corpo da mãe. Se elas se difundiam no corpo da mãe, então um número mais limitado das gêmulas paternas passaria para o feto, que então apresentaria m enos características paternas levando os descendentes a serem muito mais parecidos com as mães e com as avós.

Galton entendeu que as gêmulas circulariam pelo corpo, pois Darwin afirmara que as unidades lançariam grânulos que seriam disseminados por sistema. Nas palavras do próprio Darwin: eu assumo que as unidades todo o lançam grânulos minúsculos que são dispersados através de todo o sistema (...). E a fim de testar a transmissão das gêmulas, Galton realizou um experimento usando coelhos de variedades, que ele considerou puras, da raça Silvergrey:

Eu, portanto, decidi injetar sangue de natureza diferente na corrente circulatória de animais de variedades puras (claro, sob a influência de anestésicos) e a partir do cruzamento entre eles, perceber se sua prole apresentava ou não sinais de mistura" (p. 26-27).

Fonte:
Andreza Polizello. “Modelos microscópicos de herança no século XIX: a teoria das estirpes de Francis Galton” (Dissertação apresentada à banca examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em História da Ciência, sob a orientação da Profa. Dra. Lilian Al-Chueyr Pereira Martins. SÃO PAULO, 2009).

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