“Os exploradores e cientistas do século das luzes tinham como objetivo classificar as plantas e encaixá-las em um sistema de nomenclatura do mundo natural, esta classificação significava o domínio sobre a natureza que acreditavam obter a partir do conhecimento profundo da mesma.
Carl Linnaeus, também conhecido como Carl von Linné ou Carolus Linnaeus é considerado o pai da taxonomia. Iniciou os seus estudos em medicina, ingressando na Universidade de Lund em 1727. Um ano depois pediu transferência para a Universidade de Uppsala. Durante o seu curso de medicina interessou-se em estudar e colecionar plantas àquela altura eram necessários conhecimentos de botânica no curso para poderem ser preparados medicamentos.
Lineu, como é conhecido em língua portuguesa, foi o autor do Systema Naturae (1735) que é o sistema binário de nomenclatura das plantas e dos animais. Sua ambição era descrever e classificar o vasto mundo biológico revelado pelas viagens dos descobrimentos e pelo microscópio. Segundo Baumer, Lineu era um homem piedoso que via na natureza o plano de Deus, portanto para ele as espécies eram fixas, imaginadas no espírito do Criador antes mesmo da criação, não haveria para ele nenhuma modificação seja por adição ou por subtração nas espécies. No final de sua vida, Lineu retomou esta idéia, levantando algumas dúvidas sobre o assunto.
Ele abandonou a crença fixista da espécie ao observar a facilidade de hibridação com produção de novas espécies de algumas plantas. No entanto, Lineu acreditava que qualquer nova espécie que pudesse surgir provinha de uma primae speciei (espécie original do Jardim de Éden). Assim as novas espécies ainda faziam parte do plano de criação de Deus, pois tinham sempre estado potencialmente presentes. Lineu também observou a luta pela sobrevivência, no entanto, considerava a luta e a competição necessárias para manterem o equilíbrio da natureza, como fazendo parte da ordem divina.
Organizou várias expedições, sendo a primeira uma expedição botânica e etnográfica com destino à Lapônia em 1731. À medida que ia chegando cada vez mais informação de plantas e animais de todos os cantos do mundo, (informação obtida através das expedições científicas de seus alunos) Lineu continuou a rever e a atualizar o seu Sistema Naturae que cresceu de um simples panfleto para um trabalho com vários volumes.
O sistema de Lineu é um claro exemplo das classificações artificiais. Trata-se de um esquema de identificação, por isso, de tipo dedutivo, baseado em poucos caracteres, sendo estes facilmente discerníveis. A unidade de classificação é o gênero, que o Criador teria materializado através de um ou mais modelos (as espécies).
Ele considerou o Reino Animal dividido em seis classes- Mamíferos, Aves, Anfíbios, Peixes, Insetos e Vermes. Cada uma destas classes abrangia várias ordens e estas, por seu lado, vários gêneros e espécies.
Também foi o responsável pela substituição da designação polinomial de espécie pela designação binomial. Cada espécie passou a ser designada apenas por dois termos: o primeiro indica o nome do gênero a que a espécie pertence, o segundo é o restritivo especifico e tem valor sistemático apenas quando acompanhado pelo nome do gênero. Lineu não inventou a nomenclatura binominal, no entanto, aplicou-a com consistência e precisão à classificação dos seres vivos.
Há, no entanto que ter em conta que Lineu reconheceu muito mais diversidade do que qualquer outro naturalista até então, o que naturalmente, tornou bastante mais complexa a atividade de classificação.
A exuberante variedade da flora tropical, no entanto, não era de fácil classificação se levarmos em conta que esta era feita a partir da flora européia. Para os naturalistas viajantes era impraticável a exigência de Lineu de dispor da flor e do fruto de cada planta para uma identificação segura.
Em sua formação acadêmica no Curso de Filosofia Natural da Universidade de Coimbra, Ferreira aprendeu com o mestre Vandelli o Sistema de Classificação de Lineu. Foi este sistema o mais atual de sua época que ele utilizou para classificar as espécies observadas no Brasil. O próprio Lineu, em carta enviada a Vandelli em outubro de 1779, congratula-se com este colega por ter conseguido que seu discípulo, Ferreira, “viesse a percorrer o Brasil como naturalista”.
Em “Observações Gerais sobre a classe dos mamais” o naturalista faz diversas classificações segundo o sistema de Lineu, mas sempre se refere também ao nome dado pelos indígenas à espécie em questão. Isto por que para fazer as classificações era necessário recorrer ao que já havia nos livros, mas muitas vezes se tratava de novas espécies que haviam somente no local encontrado. Para além desse fato, como referiu Gauer, “o indígena deveria contribuir no sentido de transmitir o conhecimento da terra”, pois “os costumes europeus não encontravam respostas na nova terra e tudo estava por fazer.”
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É isso!
Fonte:
ROSSANA SAMARANI VERRAN: “INVENTÁRIO CIENTÍFICO DO BRASIL NO SÉCULO VIII: A CONTRIBUIÇÃO DE ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA PARA O CONHECIMENTO DA NATUREZA E DOS ÍNDIOS”. (Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul, como requisito à obtenção do título de Doutor em História: área de concentração: História das Sociedades Ibero-Americanas. Orientadora: Profª. Drª. Ruth Maria Chittó Gauer). Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006.
Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
A Classificação Botânica e Biológica de Lineu
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