A Invenção do modelo dos dois sexos

"A partir da metade do século XVI e durante todo o século XVII, mudanças ideológicas significativas começam a ocorrer com a instauração do pensamento cartesiano. O cartesianismo propunha que homens e mulheres partilhassem da mesma Razão e que a única diferença entre os sexos estaria baseada nos órgãos reprodutores. Nesse sentido, não existiriam diferenças morais entre homens e mulheres e, portanto, aqui ainda não haveria uma distinção de essência entre os dois sexos dada pela Anatomia. Na verdade, o pensamento cartesiano existia paralelamente ao modelo galênico que ainda sobrevivia (NUNES, 2000).

Foi somente no século XVIII que o modelo dos dois sexos foi inventado. Evidentemente que essa mudança de concepção não ocorreu de maneira repentina e muito menos de maneira uniforme. Percorreu épocas e lugares diferentes. Além do mais, não passou a existir de maneira soberana, pois sempre houve autores que tentavam retomar o modelo do sexo único. De fato, Laqueur (2001) ressalta que o modelo do sexo único esteve continuamente em tensão com o modelo dos dois sexos e a predominância seria dada pelo contexto sociocultural vigente. Assim, o modelo do sexo único relacionava-se ao padrão médico, à cultura e às demandas políticas da época em que predominou.

A forma cultural de distinguir os gêneros masculino e feminino dispensava o recurso à diferença dos sexos. E, ao contrário do que se pensa habitualmente, não foi o estabelecimento da diferença dos sexos que condicionou o lugar social, moral e psicológico da mulher; foi a rediscussão de seu novo estatuto social que deu origem à diferença de sexos como a conhecemos (COSTA, 1995, p.104).

Dessa forma, podemos perceber que para Costa (1995) foi a necessidade de repensar o lugar da mulher dentro da sociedade a partir do novo contexto político e social que se delineava no final do século XVII e início do século XVIII, possibilitando a criação do modelo da diferença sexual.

Na cartografia inaugurada pelo modelo dos dois sexos, órgãos que possuíam o mesmo nome para homens e mulheres passaram a ser diferenciados, como por exemplo, o que antes era nomeado de testículos femininos passou a ser chamado de ovários. E os órgãos como a vagina, que não tinha um nome específico, passaram a ter. O sistema nervoso e o esqueleto, que seriam comuns aos dois sexos, passaram a ser estudados a partir da especificidade de cada um. A mulher com o seu esqueleto e o seu sistema nervoso e assim por diante. Foi descoberto, também, que o orgasmo feminino não era necessário para a fertilização.

Costa (1995) comenta que ao se constituir uma outra ordem política, as diferenças entre homens e mulheres passaram a ser pensadas em termos de descontinuidade e oposição e não mais em termos de continuidade e hierarquia. Sendo assim, o modelo do sexo único representava a continuidade e hierarquização das formas de um único sexo. Já o modelo dos dois sexos denominado de sexo Político-Ideológico ordenava posições opostas e descontínuas entre os sexos. Desta forma, torna-se evidente a necessidade de nomeação dos órgãos específicos da mulher.

Podemos perceber grandes mudanças na visão, sobretudo do corpo feminino e de seus prazeres, a partir da construção do modelo dos dois sexos. É importante, entretanto, mais uma vez, ressaltar que essas mudanças não estão separadas do contexto sociocultural. Nesse sentido, delineou-se a necessidade de redefinir o papel da mulher com seu corpo reprodutivo: “Os dois sexos, em outras palavras, foram inventados como um novo fundamento para o gênero” (LAQUEUR, 2001, p.190). Na verdade, homens e mulheres passaram a ser vistos como seres diferentes, uma vez que dotados de essências diferentes. O próprio corpo com suas especificidades instituiria a diferença de essência entre homens e mulheres. Anatomias diferentes, essências diferentes e, portanto, funções sociais diferentes.

Essa essência passou a ser concebida no registro estritamente biológico, que passou a caracterizar o ser do homem e o da mulher por marcas inscritas em suas configurações anatômicas e em suas regularidades fisiológicas (BIRMAN, 2001, p.43).

Segundo Nunes (2000), a partir das transformações sociais e políticas que ocorreram na segunda metade do século XVIII, tornou-se necessária a redefinição dos papéis sociais de homens e mulheres. Dessa forma, a mulher é capturada como objeto de estudo a ser investigado e controlado. As discussões de gênero ganham força e o modelo da diferença sexual se enraíza, deixando a mulher de ser vista como uma simples Especialização Funcional do Homem.

A forma cultural de distinguir os gêneros masculino e feminino, característica do pensamento antigo que dispensava o recurso à diferença de sexos, dá lugar a uma nova interpretação sobre o corpo, especialmente sobre o corpo feminino. A necessidade política de se constituir novas realidades sociais para homens e mulheres foi o motor dessa transformação (NUNES, 2000, p.36).

Rousseau e os filósofos iluministas, além de outros pensadores da época, encontraram na reinterpretação do corpo uma forma de reestabelecer a hierarquia masculina que estava ameaçada, tanto pelo cartesianismo, quanto pelo pensamento liberal, através dos ideais de liberdade e igualdade entre os indivíduos.

O advento da democracia é incompatível com a autoridade paterna vigente. Liberdade, igualdade e fraternidade substituem a submissão, hierarquia e paternidade. Direitos do homem ou da humanidade, eis a questão: a queda do Deus monarca pai vai colocar em discussão a idéia da superioridade de um sexo sobre o outro (NÉRI, 2005, p.61).

Laqueur afirma que haveria duas explicações que fundamentam a construção do modelo dos dois sexos: uma seria de ordem epistemológica e a outra, de ordem política. A explicação epistemológica teria pelo menos duas vertentes. A primeira faria parte da história, em que se pode pensar que na modernidade haveria menos espaço para a ficção, para a superstição, para a imaginação: “O ceticismo não foi criado no século XVIII, mas a divisão entre o possível e o impossível, entre o corpo e o espírito, entre a verdade e a falsidade, e entre o sexo biológico e o gênero teatral, foi muito aguçada” (LAQUEUR, 2001, p.191). A segunda vertente estaria próxima das ideias que Foucault (2007) apresentou em As palavras e as coisas, ao afirmar que até o século XVII seria a relação do microcosmo com o macrocosmo que deveria garantir e definir os limites do conhecimento.

Todas as formas complexas onde as semelhanças entre corpos, e entre corpos e o cosmo, que confirmavam uma ordem de um mundo hierárquico foram reduzidas a um único plano: a natureza. No mundo da explicação reducionista, o que importava era o fundamento simples, horizontal e imóvel do fato físico: o sexo (LAQUEUR, 2001, p.191).

Dessa forma, o sexo passou a fazer o trabalho do gênero no modelo do sexo único, ou seja, o sexo, melhor ainda, a anatomia determinaria o que culturalmente era cabível aos indivíduos:

O ventre, que era uma espécie de falo negativo, passou a ser o útero – um órgão cujas fibras, nervos e vascularização ofereciam uma explicação e uma justificativa naturalista para a condição social da mulher (LAQUEUR, 2001, p.192).

Sendo assim, Laqueur enfatiza que o que pôde dar substância à criação dos dois sexos não foi uma teoria do conhecimento e nem os avanços científicos, mas um contexto político. Homens e mulheres, feministas e antifeministas estavam brigando por poder, sobretudo na esfera política do século XIX pós-revolucionário. Assim, as explicações transcendentais, que muitas vezes davam sustentação ao modelo de um sexo, não mais funcionavam. Era necessário, portanto, recorrer à natureza, ao sexo biológico. Com efeito, era a anatomia dos sexos que apoiava ou negava o que era reivindicado por cada sexo. Em relação a esse aspecto, Birman (2001) comenta que:

Com a perda irreversível de legitimidade do paradigma do sexo único e sua progressiva substituição pelo modelo da diferença sexual, o que passou a caracterizar a condição do homem e da mulher foi a presença de marcas naturais essenciais. Ser homem ou ser mulher, então, seria a conseqüência inevitável e insofismável de traços inscritos na estrutura do organismo. Esses traços seriam indeléveis, na medida em que seriam produzidos pela natureza biológica (2001, p.43).

Dessa forma, não foi a ciência e suas descobertas que passaram a adotar o modelo dos dois sexos, mas o modelo da diferença sexual que teria influenciado a própria anatomia e possibilitado que seus paradigmas (científico e metafísico) pudessem aparecer. Néri (2005) comenta que apesar de o modelo da diferença sexual ser inspirado no iluminismo científico, não é a ciência que determina o discurso sobre o sexo, pois o fundamental no discurso sobre a sexualidade é a cultura e a política.

...esse momento de afirmação do modelo de dois sexos deve ser analisado de vários pontos de vista: da perspectiva filosófica ele vem significar a passagem da metafísica ao iluminismo; na teoria política ela vem assinalar o marco da Revolução Francesa; do ponto de vista da história econômica ela corresponde ao capitalismo e ao nascimento da família burguesa (NÉRI, 2005, p.63).

A esse respeito, podemos ressaltar as contribuições de Foucault (1988) ao analisar o dispositivo da sexualidade em que demonstra que a sexualidade pode ser compreendida como poder, ou melhor, como dispositivo de saber/poder. Dessa forma, observa que o surgimento das ciências sexuais visa o adestramento dos corpos e das sexualidades muito mais do que a repressão do sexo, para que sejam produzidas subjetividades que estejam em consonância com a consolidação do capitalismo e da família burguesa. De fato, o que podemos observar é a própria produção dos corpos sexuados e engendrados com seus campos de atuação bem delimitados.

Parece-nos evidente que a ciência evoluiu muito, sobretudo a ciência reprodutiva do início do século XX. Foram feitos estudos sobre ovulação, esperma, menstruação, enfim, sobre a compreensão do sexo, sempre na tentativa de determinar o que é ser homem e o que é ser mulher. Não foi a ciência, porém, que fundamentou o modelo dos dois sexos, da mesma forma que não foi a ciência que sustentou o modelo do sexo único. Ambos os modelos estão impregnados de valores sociais e culturais de sua época. Mesmo a anatomia com seus desenhos, que pareciam copiar tão realisticamente os corpos humanos, não estavam livres de uma interpretação contextualizada social e historicamente.

Em termos mais amplos, no final do século XVII as várias correntes intelectuais que criaram a transformação do conhecimento humano chamado de revolução científica – baconianismo, mecanicismo cartesiano, epistemologia empírica, síntese newtoniana – haviam destruído radicalmente a forma galênica de compreender o corpo com relação ao cosmo. Isso significou o abandono, entre outras coisas, dos isomorfismos anatômicos entre o homem e a mulher e também o expurgo da linguagem científica das antigas metáforas, que ligavam a reprodução às outras funções do corpo, ao mundo natural e à grande cadeia do próprio ser (LAQUEUR, 2001, p.194).

Entretanto, apesar de Laqueur problematizar o surgimento da Biologia e o avanço científico como não sendo as principais causas do surgimento do modelo dos dois sexos, era a Anatomia que, pelo menos aparentemente, dava as regras. De fato, era a Biologia que explicava os fatos naturais, tornando-os culturais: “... o útero predispõe naturalmente a mulher à domesticidade” (LAQUEUR, 2001, p.194).

Sendo assim, nesse momento histórico, o que daria a noção de diferença sexual seria um exame empírico. Esse exame poderia questionar verdades até então inquestionáveis a respeito das características das mulheres: “... na verdade, o sexo está em todo lugar precisamente porque a autoridade do gênero entrou em colapso” (LAQUEUR, 2001, p.195). Ao se referir às ideias de Locke, Hobbes e Rousseau no que concernem às explicações acerca da diferença sexual, Laqueur mostra que essas estariam sempre baseadas nas descobertas que fossem na época realizadas. Assim, os anatomistas do século XVIII se preocuparam em fazer ilustrações do esqueleto feminino, a fim de demonstrar a evidência da diferença sexual, criando-se ao invés de uma, duas estruturas básicas: a do homem e a da mulher.

Na verdade, a vagina ou as palavras equivalentes (shiede, vagin) usadas para designar a bainha ou órgão côncavo no qual seu oposto, o pênis, se encaixa durante o coito e através do qual os bebês nascem, só entraram no vernáculo europeu por volta de 1700(LAQUEUR, 2001, p.199).

Deste modo, os testículos passaram a nomear os órgãos exclusivamente masculinos e os ovários puderam então nomear o que antes era chamado de testículo feminino.

Apenas com o advento do século XIX, houve uma rejeição por parte do mundo acadêmico da relação entre a fecundação e o orgasmo. Ainda nessa época, a parte externa da vagina era muito pouco valorizada, pois segundo alguns escritores da época, ela não desempenhava nenhum papel na concepção. Como não seria imprescindível para a concepção, o orgasmo passou a ser algo que a mulher poderia ter ou não. Diferentemente de outros momentos históricos, porém, o orgasmo passou a ser debatido com insistência.

Podemos concluir, mais uma vez, que nessa época era a ciência que dava a definição dos sexos. Era ela que determinava o que seria ser homem e ser mulher. Não nos esqueçamos, porém, da questão interpretativa, pois não seria mais a Anatomia que daria a diferença dos sexos como no modelo do sexo único. Nesse sentido, os próprios desenhos anatômicos refletiriam também toda uma produção cultural. Vale salientar, que não estamos negando a realidade do sexo ou do dimorfismo sexual enquanto processo evolutivo. Interessa-nos, na verdade, demonstrar, baseando-nos em fatos históricos, que:

... quase tudo que se queira dizer sobre sexo – de qualquer forma que o sexo seja compreendido – já contém em si uma reivindicação sobre o gênero. O sexo, tanto no mundo de sexo único como no de dois sexos, é situacional; é explicável apenas dentro do contexto da luta sobre gênero e poder (LAQUEUR 2001, p.23).

Sendo assim, pode-se perceber que a Anatomia não está isenta de alterações convencionais. Na verdade, ela também é uma construção complexa que está cheia de restrições e implicações como toda a ciência de maneira geral. Nesse sentido, não está livre das representações. Os corpos representados nos livros de Anatomia dos séculos XVIII e XIX não servem de fundamento único para o gênero, pois eles estão impregnados de significação cultural.

A Anatomia e a natureza, como nós conhecemos em termos mais amplos, obviamente não é um mero fato inalterado pelo pensamento ou convenção, mas uma rica construção complexa baseada não só na observação e em uma variedade de restrições sociais e culturais sobre a prática da ciência, como também na estética da representação. Longe de serem os fundamentos do gênero, os corpos masculino e feminino dos livros de Anatomias dos séculos XVIII e XIX são, eles próprios, artefatos cuja produção faz parte da história de sua época (LAQUEUR, 2001, p.202).

Assim, nos parece evidente que a anatomia se insere no campo das produções culturais e estéticas de uma determinada época, pois mesmo nos modelos dos anatomistas do século XIX, o corpo humano aparece representado pelo corpo masculino e a representação do corpo feminino surge com o propósito de mostrar as diferenças marcantes entre esses corpos. Devemos levar em consideração que a Anatomia do século XIX estava muito relacionada à estética, à produção da arte e da cultura; “Portanto, a elaboração do esqueleto humano ou de qualquer representação ideal é um exercício de estética ligado à cultura” (LAQUEUR, 2001, p.206). Então, nos parece um equívoco interpretar a importância dada à visão anatômica do dimorfismo sexual, no século XIX, ao puro avanço da ciência.

A ciência anatômica era em si a arena onde a representação da diferença sexual lutava por ascendência. As manifestas diferenças anatômicas entre os sexos, o corpo fora da cultura, são conhecidas apenas através de paradigmas altamente desenvolvidos em termos culturais e históricos, ambos científicos e estéticos. A idéia de que somente o avanço científico, a pura descoberta anatômica explicaria o extraordinário interesse, no final do século XVIII e ao longo do século XIX, pelo dimorfismo sexual não é apenas empiricamente errada – é filosoficamente mal orientada (LAQUEUR, 2001, p.207).

Ao nos remeter à embriologia do século XVIII e XIX, Laqueur nos mostra a existência de certa retomada do modelo galênico, uma vez que se acreditava que os órgãos masculinos e femininos possuíssem a mesma origem, ou seja, vinham de estruturas mais simples do que o esperma e o óvulo (epigênese):

As representações modernas do desenvolvimento da genitália externa têm uma forte semelhança com as ilustrações de Vesalius ou Leonardo, e os gráficos modernos da embriologia genital parecem reproduzir fielmente o discurso de Galeno sobre a mulher como homem invertido (LAQUEUR, 2001, p.242).

Por outro lado, no século XVII, quando o óvulo foi descoberto, houve certo questionamento do papel masculino, uma vez que “a mulher fornecia a matéria do feto,” enquanto que o homem “atuava nela.” Posteriormente, porém, houve a descoberta dos microorganismos presentes no líquido ejaculado pelo homem – os espermatozóides fazendo com que os homens recuperassem a dignidade. Assim, "o esperma e óvulo podiam agora figurar como homem e mulher, e a dignidade masculina foi restaurada” (LAQUEUR, 2001, p.210).

Entretanto, é importante salientar que mesmo esperma e óvulo sendo considerados produtos distintos que se originam de sexos diferentes, até o início do século XIX, seus conceitos não eram estáveis, pois ainda não havia um consenso a respeito da função de cada um no processo de reprodução. Foi apenas em 1876 que Oskar Hertwig conseguiu comprovar que o esperma penetra o óvulo, dando a esse processo o nome de fertilização. Esse modelo microscópico pareceu inquestionável, sendo capaz em algum nível de estabelecer a diferença entre os sexos. Ainda assim, Laqueur nos adverte que:

“[...] nos séculos XVIII e XIX, e ainda hoje, em algum ponto do conhecimento científico, são possíveis inúmeras afirmações culturais contraditórias sobre a diferença sexual” (LAQUEUR, 2001, p.213).

Em suma, pudemos perceber o grau de influência da cultura nas concepções atuais sobre o ser homem e ser mulher, o masculino e o feminino. A própria interpretação do que era visualizado empiricamente estava impregnada por questões históricas e sociais. Para mostrar a importância da influência da cultura sobre a ciência, Costa comenta que,

Antes da “questão feminina” emergir como um problema de dimensão político-econômica importante, as descobertas científicas baseadas na anatomia e na fisiologia eram incapazes de renovar o olhar dos estudiosos sobre a sexualidade humana (1995, p.104).

Assim, nos parece evidente que a relação que hoje conhecemos entre sexo e gênero nem sempre existiu. Vale lembrar que via de regra opera-se vinculação em que sexo estaria para a natureza e teria como representante homem (macho) e mulher (fêmea) e o gênero estaria para a cultura, sendo representado pelos adjetivos masculino e feminino. Uma vez que até o século XVIII o que imprimia a marca dos corpos não era o sexo, mas o gênero, podemos afirmar que a relação sexo/gênero não é fixa, estando, portanto, sujeita às diversas interpretações estabelecidas no decorrer da história.

Na verdade, o que está na base do modelo da diferença sexual é a relação que se estabelece entre o ser mulher e o ser mãe, a partir da necessidade de delimitar um lugar social para o feminino. Lugar esse, que não deveria colocar em risco a hierarquia imposta pelo masculino.

Vale dizer, o que estava fundamentalmente em questão na concepção da diferença sexual era a manutenção da figura da mulher na posição da maternidade. É em torno da figura a mulher como mãe que o paradigma da diferença sexual pode ser mais bem elucidado (BIRMAN, 2001, p.51)."

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É isso!


Fonte:
ROSÁLIA ANDRADE CAVALCANTI: “CORPOS REINVENTADOS: A QUESTÃO DOS GÊNEROS EM FREUD”. (Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco, na linha de Pesquisa Psicanálise e Psicopathologia Fundamenta. ORIENTADORA: Profª. Dra. Luciana Leila Fontes Vieira). Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Recife, 2009.

Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

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