Um breve histórico da GRIPE

“A gripe, influenza, grippeta, cortesã, malmatelo, afecção catarral (Synochus catarrhalis), febre dos três dias, febre das trincheiras, febre dos combatentes, febre de Flandres, febre siberiana ou russa, febre chinesa, catarro espanhol, espanhola ou qualquer outro nome dado por médicos ou pelo povo no decorrer dos tempos, é um mal que, segundo os manuais epidemiológicos, data de cerca de 400 d.C, sendo descrita por Hipócrates. No decorrer dos anos de 870 a 1173 teria sido a gripe o mal que acometera diversas populações européias, como a da França, em 1311 e da Itália, em 1323, apesar do obscurantismo dos fatos apresentados. As gripes epidêmicas ocorridas nos anos de 1173 e 1239 foram as primeiras descritas com nítida noção de atividade pandêmica.

Em 1505, a gripe novamente devastou a Europa, sendo raro o país que não sofreu seus efeitos. A epidemia de 1510 também atravessou a Europa de um extremo ao outro, e foi considerada por historiadores como a primeira, seguramente, de “gripe”. O pensamento médico ocidental do século XIV confundia sob o nome de peste várias doenças infecciosas, pandêmicas e quase sempre mortais. Esse fato criava muitas dificuldades no registro e mapeamento das epidemias e pandemias ocorridas até então. Outras explosões do mal, no século XVII, ocorreram nos anos de 1669, 1675, 1691, 1693 e 1695 onde o grau de virulência e mortandade da doença foi muito variável. O século XVIII foi marcado pelo aparecimento de focos epidêmicos da gripe, sobretudo na Bélgica, na Dinamarca, na Alemanha, na Itália e na França, entre os anos de 1708 e 1799.

Foi ainda nesse século, mais especificamente por volta de 1729-1730 que, na Itália, observações relacionaram a doença com a influência do frio, surgindo assim a expressão influenza di freddo usada, até hoje, em diversos idiomas. Mas foi em 1733 que a doença passou a ser denominada, definitivamente, nos meios médicos, de gripe ou influenza, tendo como pioneiros na sua utilização os doutores ingleses Huxhan e Pringle. Entretanto, a primeira tentativa de decodificação epidemiológica da gripe é registrada em 1870, quando a Europa, a América e a Ásia foram flageladas pela doença. Ainda durante o século XIX, entre 1800 e 1881, a gripe lastrou cerca de onze vezes com fisionomia epidêmica em várias partes do globo.

No Brasil, os primeiros registros de epidemias gripais datam de 1552, em Pernambuco. Já no Rio de Janeiro, a primeira manifestação epidêmica se apresentaria em 1559, ficando registrada como febre catarral e matando uma quantidade considerável de escravos na cidade: cerca de 600. Outro grande surto de gripe ocorreu em 1846, quando foi a moléstia batizada de Patuléia. Nos anos de 1852, 1862, 1865 e 1867 outras incursões gripais com feições epidêmicas foram observadas na cidade do Rio de Janeiro, tendo grau de virulência e morbidade variados.

Em 1835, no Brasil, a epidemia acabou por ser confundida com uma manifestação da cholera-morbus que afetava outros países no mesmo período. Isso fez com que o Barão do Lavradio estabelecesse uma comissão incumbida de estudá-la, devido às divergências no seio da Sociedade de Medicina acerca da natureza da moléstia. A comissão concluiu que as causas principais do desenvolvimento da epidemia eram os fenômenos meteorológicos, as variações súbitas de temperatura, devido à escassez de chuvas e aos tipos de ventos que incidiam sobre a cidade do Rio de Janeiro.

Esta visão estava de acordo com os princípios da teoria miasmática, que apontava, como causas das moléstias, os eflúvios, os odores fétidos e os miasmas – isto é, as emanações de ar adulterado e viciado, que acabavam por corromper o organismo humano. Isso seria, a partir das décadas de 50 e 60 do século XIX, negado pelas teorias pasteurianas, que estabeleceriam a noção de que eram agentes patogênicos – vírus, micróbios e bactérias – os causadores das enfermidades. Entretanto, tal descoberta não significou que a crença nos miasmas tenha sido abolida.

Ao longo da história da medicina, conceitos como o de miasma, infecção e contágio tiveram diversos significados, sendo utilizados em teorias as mais diversas, apresentando rupturas e continuidades com as essências gregas de seus termos. As similitudes e dissimilitudes do emprego destes conceitos não podem ser analisadas sem se levar em conta as luzes de cada época, uma vez que não comportavam somente significados médicos. Contudo, deixaremos para fazer uma análise mais profunda sobre esses aspectos mais adiante.

Muitos médicos, como Moncorvo Filho, afirmaram que antes do advento das conclusões a que chegou Louis Pasteur, as lufadas epidêmicas, com todo seu cortejo de horrores, foram alvo das atenções de médicos de todo o mundo, que em geral apresentavam maior preocupação em descrever a doença, que fora alvo de diagnósticos vagos e contraditórios, sendo grande a utilização de profilaxias indeterminadas na tentativa de combatê-la. A epidemia de gripe revelaria a impossibilidade da bacteriologia estabelecer respostas a ela, colocando em cheque seu discurso científico.

Na verdade, a gripe era um mal que pouco se conhecia. Tal ignorância fragmentava a comunidade médica e, por isso, alguns médicos acabaram por definir a influenza espanhola como uma patologia nova, devido ao pouco conhecimento da fisiopatologia da doença e das estruturas virais características do mal. A dificuldade de identificar o agente patogênico da espanhola fora agudizada pela rapidez do período de incubação e pelo polimorfismo de suas manifestações, que levaram os microbiologistas a se verem impossibilitados de explicar o fenômeno.

No século XIX, nos anos de 1889-1890, uma pandemia gripal devastaria as principais cidades da Ásia, Europa e América. Seu alto grau de virulência e morbidade fez com que os médicos europeus a denominasse “Morbus Maximus Epidemicus”.A etiologia da gripe continuou desconhecida por muito tempo, mas avanços no seu estudo foram feitos durante a epidemia de 1889-1890. Após essa epidemia, um grupo de renomados cientistas, entre eles Pasteur e Koch, se interessam em descobrir o agente etiológico da gripe, o maior enigma da época. Em 1891, Friedrich Johann Pfeiffer, chefe do Departamento de Pesquisa do Instituto de Doenças Infecciosas de Berlim, na Alemanha, isolou uma bactéria predominante nos pulmões das vítimas: o bacilo gram-negativo que ficou conhecido como o bacilo de Pfeiffer. Assim, surgia para o mundo o Haemophilus Influenzae.

Vários foram os agentes atribuídos à gripe, sendo o mais conhecido o bacilo de Pfeiffer. Ele acreditava piamente ter descoberto o agente responsável pela gripe, no que se enganara redondamente, pois o que tinha isolado era apenas um microrganismo secundário no processo de infecção gripal. Foi a pandemia de 1918 que acabou fazendo com que a crença no bacilo Pfeiffer, que atribuía a uma bactéria a causa da doença que tantos horrores causou, fosse abalada.

Durante a epidemia de 1918, as primeiras observações sobre os exames cadavéricos permitiram supor que a influenza não se tratava de uma doença de origem bacteriana. Mas apesar disso, a espanhola foi vista por seus contemporâneos, e mesmo por alguns historiadores da saúde pública mais antigos, como um marco de consumação da revolução pasteuriana nos países desenvolvidos.

Nesse mesmo ano de 1918, um interno do Instituto Pasteur – Dujarric – expõe um conjunto de teorias, com grande consistência, que apontavam para um vírus filtrável, e não uma bactéria ou um micróbio como o real responsável pela gripe. Dujarric, juntamente com outros estudiosos da gripe, os cientistas Charles Nicolle, Lebailly e Violle conseguiram importantes avanços sobre a etiologia gripal no decorrer da epidemia de 1918. Tais investigações desencadearam uma onda de estudos sobre a gripe em vários países. Na Alemanha, Selter se debruçou sobre a questão, sendo seguido no Japão por Yamunuchi. Todos buscavam respostas para o enigma de 1918 e os cientistas brasileiros, como se verá não ficaram atrás.

Anos depois, nos Estados Unidos, Shope confirmaria, ao estudar a gripe porcina, que o papel de causador da gripe era desempenhado por um vírus. Em 1933, os cientistas ingleses Wilson Smith, Christopher Andrews e Patrick Laidlaw conseguiram isolar o vírus da gripe que recebeu a denominação de Myxovírus Influenzae. No decorrer dos anos seguintes, dezenas de cepas do vírus da gripe seriam descobertas, classificadas em A, B e C, de acordo com as proteínas que formam o seu núcleo. Constatou-se que as cepas do tipo A eram as que davam origem as grandes epidemias.

Mas o mistério não estava resolvido, e o paradoxo ainda persiste. O que levou a um número de mortes nunca antes visto em se tratando desta doença tão habitual?

Entre 1893 e 1911 a gripe havia vitimado cerca de 4.512 pessoas na cidade do Rio de Janeiro, tornando-se, depois da tuberculose (26.130 óbitos) e da varíola (11.587 óbitos) a doença infecciosa de maior coeficiente mortuário. Apesar disso, não era alvo de grandes atenções por parte das políticas de saúde, sendo considerada doença corriqueira. Assim, de 1904 a 1917 registrava-se anualmente, um considerável número de óbitos, chegando o seu total a 8.622 óbitos no espaço desses 13 anos:

Óbitos em decorrência de gripe de 1904-1917 no Rio de Janeiro.

Embora não fosse considerada doença de notificação compulsória, a gripe aparece na documentação oficial como uma das moléstias a apresentar grande coeficiente de morbidade. Pela tabela notamos que, entre os anos de 1904 e 1910, ocorreu um crescimento do número de falecimentos em decorrência de gripe, totalizando 4.159 casos, sendo a média para o período de 584,14 óbitos por ano. Entre 1911 e 1914 constatamos um boom pois ocorreram 3.042 falecimentos, numa média de 760,5 óbitos por ano. Finalmente entre 1915 e 1917 ocorreu um pequeno declínio sendo de 1.421 o número de óbitos, e a média foi de 473,6 óbitos por ano.

Numa cidade que contava com uma população de cerca de 910. 710 habitantes no mês de setembro de 1918, sendo 697.543 concentrados na área urbana e 213.167 na suburbana e rural, os casos fatais de gripe no referido mês foram apenas de 48 óbitos. A epidemia, que então começava, já elevava as cifras de óbitos a um patamar nunca antes visto. Contudo, a análise do número de mortos durante a influenza se torna um problema, na medida em que, nas diversas fontes analisadas, são atribuídas contagens diferentes no que se refere ao obituário da moléstia. Nessas fontes são apresentados os seguintes números: 14.279,13.713, 13.424,12.388 e 11.890 óbitos para o período que vai de setembro de 1918 à primeira quinzena de novembro, do referido ano. Na cidade de São Paulo, o coeficiente de morbidade da moléstia se apresentou mais atenuado, sendo o número de óbitos de 6.861.

Sampaio Vianna, diretor da Comissão de Estatística Demógrafo-Sanitária da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), em 1918, entretanto, acreditava que essas cifras tinham sido bem mais elevadas. Ele talvez estivesse certo, entre outros motivos, pelo fato de que os socorros públicos aos “hespanholados” estavam em grande parte restritos aos centros urbanos, ficando os subúrbios – ou sertões, como os sanitaristas denominavam qualquer localidade fora do perímetro urbano – em grande carência. Tal fato certamente fez com que grande número de óbitos não viesse ao conhecimento público. Além disso, a gripe era tomada por outras doenças como tifo, febre amarela, varíola, cólera e peste bubônica, o que atrapalhava o estabelecimento de medidas que visavam o socorro público das vítimas e a adoção de uma profilaxia.

Dentro desse contexto, os médicos e autoridades sanitárias tentaram sustentar, ao longo de um bom tempo, o caráter benigno da gripe. Era uma tentativa de contornar o pânico que se instaurou face à violência da moléstia e das limitações dos órgãos responsáveis pela saúde, no que concerne ao socorro da população. Finalmente, não sendo a gripe doença de notificação compulsória, isso causou embaraços à quantificação dos primeiros óbitos ocorridos.

Não só no Brasil o problema da quantificação dos mortos foi problemático, mas em todos os cantos do mundo, naquele ano de 1918. Em primeiro lugar, porque não havia motivo, naqueles tempos de guerra, para se registrar os casos de um mal que até então era visto como de menor importância. Mas a gripe afetou os esforços de guerra, fazendo com que os soldados fossem tombando em tamanha quantidade, prejudicando a capacidade bélica dos exércitos. A grande incidência sobre as tropas fez com que fosse inicialmente conhecida como mal dos combatentes ou febre das trincheiras. Segundo Gina Kolata, a gripe fora o fator que levou a frustração dos planos de batalha do exército alemão, impondo o fracasso da ofensiva de julho de 1918. Um plano militar que quase levou a Alemanha, sob o comando do General Erich Von Ludendorf, a ganhar a Primeira Guerra Mundial.

A história da espanhola no Brasil começa no mês de setembro do ano de 1918, o último do governo Wenceslau Braz. A primeira Guerra Mundial desencadeara a retomada do nacionalismo como forma de superação do atraso do país; e para um grupo de sanitaristas, o atraso de nossa sociedade impunha a melhoria das condições de saúde da população, principalmente da população rural. Sanear o Brasil era uma questão política e moral, uma questão de civilização do país.

A campanha pelo saneamento rural fora desencadeada no começo da década de 1910, fato que muito deveu às expedições do Instituto Oswaldo Cruz ao interior brasileiro. Tais expedições revelaram a precariedade sanitária dos sertões e as mazelas de uma população constituída, segundo o sanitarista Belisário Penna, por uma maioria de
doentes, de incapazes físicos, de maleitosos, opilados, embarbeirados (...). O quadro sanitário da época fora resumido por Miguel Pereira na famosa frase - “O Brasil é um imenso hospital”-, sendo extremamente urgente livrar a população das endemias rurais, principalmente a conhecida “trindade maldita”: malária, doença de Chagas e a ancilostomíase. Segundo a visão destes homens de ciência, tais doenças muito embaraçavam o desenvolvimento da nação.

Nesse contexto, surge a Liga Pró-Saneamento do Brasil, chefiada por Belisário Penna, cuja proposta era uma maior intervenção do Estado nas questões de saúde. A visão de saneamento veiculada pela Liga tinha como enfoque central questões ligadas ao trabalho, à saúde do trabalhador e à valorização do elemento nacional. As reivindicações da Liga Pró-Saneamento foram parcialmente atendidas pelo estabelecimento do Serviço de Profilaxia Rural, em maio de 1918, que teve Belisário Penna como seu diretor. Contudo, o serviço ficava restrito à capital federal e não apresentava uma organização bem delimitada. Não nos aprofundaremos, nesse momento, no desempenho da Liga, mas ela foi de extrema importância nas transformações ocorridas após o surto da espanhola, no que se refere ao código sanitário que se estabeleceria por ocasião da Reforma de Saúde de 1920.

Mas não era só no Brasil que as questões de saneamento e saúde pública chamavam atenção. Como se viu, no mundo do pós guerra se deflagrara uma epidemia, que ficaria conhecida como influenza espanhola. O país tomaria contato com essa peste, antes mesmo dela aqui aportar. O Brasil mandara para a Europa dois grupos militares de auxílio, um era a esquadra de patrulha comandada por Pedro Max de Frontin e o outro era a Missão Médica Militar, chefiada por Nabuco de Gouveia, que saiu do país no dia 18 de agosto de 1918, conduzindo vários médicos para o continente africano, aonde iriam atuar combatendo, entre outras, a peste desconhecida.

Notícias de que havia uma espécie de epidemia a bordo do navio La Plata, que levava a Missão Médica brasileira, começavam a ser divulgadas pela imprensa, relatando algumas mortes e vários doentes hospitalizados em Orã, na Argélia. Essa peste desconhecida já alcançara a Europa, a África, podendo a qualquer momento chegar aos nossos portos. Vários nomes foram atribuídos a ela - febre das trincheiras, peste de Dakar, entre outros - sem que realmente se soubesse de que se tratava ou como atuar sobre ela.

Apesar do segredo que se fizera em torno de tal ameaça, as notícias dos jornais da época nos levam a crer que os tripulantes do navio no qual estava embarcada a Missão Médica brasileira tiveram seu primeiro contato com a moléstia ao chegar ao porto francês de Dakar, no Senegal. Em 29 de agosto muitos já haviam desenvolvido a doença dentro do navio. Outros navios que acompanhavam a divisão de guerra brasileira foram apanhados pela doença em 5 de setembro, quando tocaram em Freetown, Serra Leoa, para realizar reparos e abastecer as embarcações, transformando a viagem numa temporada infernal.

A 9 de setembro são jogados ao mar os primeiros corpos, e a 22 do mesmo mês chegam os primeiros cabogramas confirmando a notícia de que a nova peste atacara os tripulantes da Missão Médica. Notícias confirmadas pelo próprio Nabuco Gouveia, mas que por aqui pouca atenção despertaram, como se o país estivesse a salvo pela distância que o separava da zona dos acontecimentos. O desconhecimento sobre a doença epidêmica e a pseudocientificidade com que o tema era tratado pelos jornais e pelas autoridades acabou contribuindo para despertar o sentimento de imunidade diante da moléstia reinante. O artigo da
Careta demonstra, através do tom pilhérico, a desinformação da sociedade sobre o problema que a ameaçava:

L’influenza hespangneule et les perigues du contagie - cette moleste est une criation des allemands qui l’esparllent dans le monde entier pour interméde de ses submarins. (...) notres officier et mariners de notre escadre et mediques qui parturent le móis passé pour les hospitaux du front, apagnes au millieu du chemin et victimes pour la traideure creation bacteriológique des allemands, pourquoi em notre opinion les mysterieuse moleste furent fabriques dans L’allemagne, carregues de virulence par les sabichons teutoniques, engarrafés et depuis distribués par les submarins qui si encareguent d’espailler les garrafes pert des côtes des pays allies, de manière qui levèes par les ondes pour les praies, les garrafes apagnées par gens innocents espaillen le terrible morbus par tout l’universe, de cette manière obriguant les neutres a se conserver neutres (...).”

A imagem inserida abaixo permite reforçar a visão de incredulidade dada pela citação. Imperava a crença de que se fazia muito alarde por causa da moléstia, tida como corriqueira, que aparecera na cidade.

Para os jornalistas da revista, assim como para uma grande parcela da população e dos grupos políticas de oposição ao governo Wenceslau Brás, o combate à moléstia era tomado como pretexto para intervenção na vida da população. Era um expediente para a revitalização de medidas sanitárias vistas como coercitivas, e que muitas críticas renderam à figura do sanitarista Oswaldo Cruz, durante sua gestão frente à Diretoria Geral de Saúde Pública no início do século:

L’influenze hespagneule nois ameace at avec les ameaces de la dite moleste comecem neuvemente las ameaces de la medicine oficielle, iste c’est la dictadure cientifique (...). c’est l’ameace d’une incursion em notre chèri pays de l’ínfluenze hespangneule le terrible morbus que actuellement va ceifant les vides des pauvres de la vielle Europe (...). Nous avons um grand temeur de l’attaque de influenze hespagneule. Non pour la moleste en soi qui est très facile de traiter comme le diron en devu temps. Mas est qui avec barbasesque d’acune moleste, commece imediatament. La Directorie de la santé a tomer une portion de providences dictatoriales ameaçant de ferir les droits du citoyens avec une série de medides coercitives, preparant hospitaux pour recueiller violentement les ataquès, enfin preparant tout les armes de la tirannie cientifique contre les libertès des pauves civils.”

De acordo com o doutor J. P. Fontenelle, Inspetor Sanitário da Diretoria Geral de Saúde Pública, a censura imposta pelos meios militares acabou acarretando contratempos ao combate do mal e a incompreensão da população diante dos acontecimentos. Enquanto no país imperava um sentimento de imunidade diante do mal, já no dia 5 de agosto, em Lima, no Peru, eram notificados vários casos de Influenza em caráter epidêmico, sendo numerosos os fatais.

Segundo a maior parte das fontes analisadas, a epidemia aportou oficialmente no Rio de Janeiro por volta do dia 14 de setembro, quando o paquete Demerara entrou no porto da cidade com doentes a bordo. A doença irrompeu, em fins desse mês, levando as autoridades a tentar explicar as anomalias que começavam a ser observadas na vida urbana à população.”


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Fonte:
ADRIANA DA COSTA GOULART: "UM CENÁRIO MEFISTOFÉLICO: gripe espanhola no Rio de Janeiro". Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História. Área de concentração moderna e contemporânea; História, poder e sociedade. Orientadora: Professora Doutora Ângela Maria de Castro Gomes Niterói 2003.

Nota
:
A imagem inicial inserida no texto não se inclui na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

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