Um pouco da história da BELEZA

BELEZA: HISTÓRIA E FETICHE

“A história da beleza tem um longo percurso que pode ser estabelecido da Grécia Antiga, por volta do século VI a.C., à Idade Média, chegando até a contemporaneidade.

O sentido da beleza é histórico e, ao longo do tempo, assume diferentes formas e significados. Afinal, “[...] a Beleza jamais foi algo de absoluto e imutável, mas assumiu faces diversas segundo o período” (ECO, 2004, p. 14).

Assim, variam as idéias acerca dos significados e sentidos de algo que se pode considerar como coisa bela em cada época. Está em causa, como ponto de partida, a beleza que ainda não é concebida como uma “regra”, mas reconhecida como um bem, isto é, um bem alheio a interesses, sentida no plano da admiração e não da realização, a “bela-ação”. É o sentido que pode ser visto a partir de uma expressão comum entre os gregos, aquela em que o indivíduo se submete à sua experiência subjetiva as coisas como são em si. Pois, “[...] não a desejamos como um bem a ser adquirido [...] existem coisas que se mostram agradáveis à contemplação independentemente do desejo que temos delas” (ECO, 2004, p.10).

Na Grécia Antiga, segundo Eco (2004), referindo-se ao período da era de Péricles, a beleza não tinha a sua autonomia. Mesmo em Homero, o belo ainda não possuía critérios de definição que o ligassem à teoria da beleza. O critério de avaliação da beleza naquela época era o da beleza originada de uma resposta dada pelo oráculo de Delfos: “O mais justo é o mais belo” ou “Quem é belo é caro, quem não é belo não é caro” (p. 37). Sem um critério de ordem que fosse considerado como regra para o entendimento sobre a beleza, era algo de origem no oráculo, portanto sem estatuto autônomo.

Nesse sentido, a beleza estaria associada a outros valores ligados ao belo. O olhar da representação “clássica” da beleza era, na verdade, fictício ou projetado a partir do passado, que era caracterizado pelos grandes mestres e considerado em sua ordem de grandeza e qualidades para alcançar a sua imitação na superioridade das estátuas. O que se via era uma exigência a que o indivíduo deveria submeter-se: uma precisão de sujeito que possuía uma alma bela em um corpo belo, para que o verdadeiro caráter dos antigos fosse descoberto em tempos modernos. Nesses termos é que o artista era visto com suposta capacidade para efetuar a arte e a literatura da Grécia e Roma Antigas (ECO, 2004).

Nesse momento da História, desvela-se o classicismo, com critérios estilísticos e estéticos sobre a arte e a literatura na Grécia e Roma Antigas, em analogia aos homens pela sua capacidade de criação no mundo das artes: expressando a juventude das artes como um fato, o artista “precisaria” de um tempo de percurso no processo de produção da sua obra. Isto é, ele necessitava de um amadurecimento natural em sua produção para conceber o momento de adequação do objeto de arte produzido com o sentido da beleza estética, fazendo uma reprodução da grandiosidade da obra a partir de um artista mestre, com produções particulares, como as estátuas antigas gregas, comprovadas na origem daquilo que se apresentava à alma bela, como a sua, corpo belo, para ser o primeiro em tempos modernos a descobrir o verdadeiro caráter de grandeza e, assim, ser considerado imune à imperfeição, com aptidão à grandeza.

Como se vê, a idéia fundamental do caráter de perfeição pensando o sentido da beleza agrega-se aos valores da arte. Porém, Platão (2004) afirma no texto “A República” a questão da possibilidade de imitação da arte como um fato que retrata o distanciamento da verdade. Platão chama a atenção para o que isso pode representar para o sentido da beleza, ou seja, para o contrário dela, por retratar um objeto “arte” que não convida o espírito à reflexão, à contemplação da coisa em si.

Com isso, Platão (1992) estabelece duas concepções sobre o sentido da beleza: a harmonia e a proporção, como paradigmas de uma compreensão do sentido da ordem, revelada por um momento ulterior da temática do belo, com a idéia de limite e proporção das partes, o que promove a visão de beleza ligada à sua autonomia. Assim, a beleza passa a ser pensada enquanto formas afins, uma condição de trabalho perfeito que atende a uma ordem na maneira de ser das coisas, ou seja: “São as idéias a medida de todas as coisas sob a animação do Bem, o que equivale dizer que ‘Deus deve ser a medida de todas as coisas’” (PLATÃO, 1992, p. 107).

O sentido belo está, portanto, referido àquilo que diz respeito ao objeto que é visto em sua forma, que “deleita os sentidos, e entre estes, em particular o olhar e a audição” (ECO, 2004, p. 41). Isto é, refere-se à forma capaz de fazer com os sentidos do belo em si uma conexão com a sua essência, uma sintonia convergente de precisão.

A precisão do sentido do belo é compreendida como a exatidão em si, pensado o esmero da harmonia da beleza do indivíduo para além das aparências. Nesse aspecto, Platão (2004) afirma que, para atingir este atributo da harmonia do belo, as ações do indivíduo deverão ser orientadas de forma contrária aos prazeres irracionais, isto é, àqueles não referidos à “boa forma” do corpo. Buscar a harmonia do belo corresponde também à “temperança” dos fatores que se ligam ao bem-estar do corpo, na relação “saudável e formoso”. Assim, a saúde é composta na sintonia entre “a harmonia do seu corpo com vista a acertar o acorde de sua alma” (PLATÃO, 2004, p. 292).

O sentido do belo que vai além das aparências implica uma forma de olhar particular e apreende essa particularidade numa amplitude tal que o belo passa a ser compreendido como necessário para o ser de relação. Platão (2002), ao significar seu entendimento acerca do belo, dirá:

Que pensamos então que aconteceria, se a alguém ocorresse contemplar o próprio belo, nítido, puro, simples, e não repleto de carnes humanas, de cores e outras muitas ninharias mortais, mas o próprio divino belo pudesse ele em sua forma única contemplar? Porventura pensas, disse, que é vida vã a de um homem a olhar naquela direção e aquele objeto, com aquilo com que deve,quando o contempla e com ele convive? Ou não consideras, nas palavras de Diotima, que somente então, quando vir o belo com aquilo com que este pode ser visto, ocorrer-lhe-á produzir não sombras de virtude, porque não é em sombra que estará tocando, mas reais virtudes, porque é no real que estará tocando? E que, a quem produziu autêntica virtude e a alimentou cabe tornarse amigo da divindade, e se a algum outro homem cabe tornar-se imortal é
sobretudo a este? Eis o que me dizia Diotima, ó Fedro e demais presentes, e do que estou convencido; e, porque estou convencido, tento convencer também os outros de que para essa aquisição um colaborador da natureza humana melhor que o Amor não se encontraria facilmente (PLATÃO, 2002, p.164-165).

No desenvolvimento cultural, e dentre suas concepções, a beleza da arte se destacará na importância da pintura e da escultura. A partir daí, a beleza expressa uma realidade cultural traduzida na busca da beleza ideal, na visão dualista que abrange a harmonia da alma e do corpo, isto é, o equilíbrio da representação realista da beleza das formas humanas. “A Beleza das formas orgânicas é preferida àquela dos objetos inorgânicos” (ECO, 2004, p. 45): o sentido da beleza expressando o seu contorno através da harmonia do corpo e alma. Em síntese, é o sentido de Beleza que se revela nas formas harmônicas em si e na bondade da alma refletida nas formas visíveis, na definição do belo como o que “agrada e atrai”.

A superioridade da beleza da natureza em relação à arte, configurando certas influências negativas a partir de Platão, por suas atitudes hostis, é destacada por Venturi (2002). O autor revela a importância maior da beleza da natureza em razão da adequação de suas causas, ou seja, faz referência à beleza do corpo humano por considerá-lo na proporção de suas partes. Fala da importância notável do pensamento estético que
Aristóteles dispensou para o desenho, no sentido de aperfeiçoar o juízo da beleza do corpo humano limitado pela proporcionalidade, seja na simetria do corpo visto como beleza da natureza ou pela aprendizagem do desenho como produto da arte, subordinando a beleza natural do corpo humano ao conhecimento do desenho.

O advento da arte renascentista ressalta o advento da harmonia das proporções e destaca os valores das proporções e especificidades como relevantes e responsáveis pelo realce do belo. Denota diversidades, partindo de formas de olhar, com o exemplo das cores que agregam valores à aura do belo e outras qualidades sensíveis, reconhecidas como objetivo inserido entre as características atribuídas à beleza na evidência do corpo. Desse modo, torna-se evidente que a beleza marca, em seu processo de fruição, presença no mundo, e assim pode-se configurá-la numa forma tal que está submetida a um processo contido em si, que ganha abrangência e tônus em seus “contornos”, dos quais emergem formas criativas a partir de desvendamentos do mundo da criação da arte
no contexto da civilização.

A arte e a beleza foram objetos de discussão na época medieval, sempre ligadas a uma âncora que buscava o sentido da realidade em si, aquilo que se constitui para além das aparências, utilizando-se das mediações do que constitui a coisa bela sob a influência da filosofia de Platão.

Na Idade Média, está em causa a transitoriedade revelada na experiência que, para Eco (2004), refere-se ao período que consolida a filosofia da beleza exterior e acrescenta que esta é “fugaz como as flores da primavera”. (p. 91). Os valores dados à significação sobrenatural das coisas do universo são valores significados pelos costumes e atribuídos como positivos e negativos até mesmo às cores. Ocorrem entre os séculos X e XIII, em consonância com o momento em que se registram variadas mudanças no gosto e nas convicções dessas significações, representadas por contradições acerca do referencial de Beleza, pensando o sentido da harmonia e da conveniência em si.

Para Roberto Grossatesta (Apud ECO, 2004),

[...] A beleza é harmonia e conveniência de si, consigo mesma e de todas as suas partes singulares com ela mesma, entre elas e a harmonia do todo, e do próprio todo com todas as coisas. Ora, Deus, sumamente simples, é suma harmonia e conveniência, sem possibilidade alguma de dissonância ou discrepância, não apenas em harmonia com todas as coisas, mas também fonte da própria harmonia do ser para todas as coisas [...] (ECO, 2004, p. 126).

No século XII, Eco (2004) observa que cores que antes não eram apreciadas, como
a cor azul, tornaram-se cores representativas. O valor místico e estético passou a ser a cor, a partir de então responsável pela ornamentação dos vitrais das catedrais. A beleza foi representada em suas formas variadas, quanto aos estilos e gostos distintos, para diversas finalidades. Numa referência ao ciclo dos romances do Rei Artur, por exemplo, os cavaleiros de cabelos ruivos eram considerados vis, “traidores e cruéis”. Isto é, o que se vê nesse prisma são os valores distintos do belo em sua trajetória histórica. E acrescenta: “[...] apenas alguns séculos antes, Isidoro de Sevilha dizia que entre os cabelos mais belos estavam os louros e os ruivos” (ECO, 2004, p. 123).

Também no séc. XII, há a franca expansão da sensualidade feminina, mesmo que com extremo rigor e moralidade. Assim, Eco (2004) assevera que os filósofos, teólogos ou místicos não se ocuparam de tratar da beleza feminina, vez que o moralismo da Idade Média tinha desconfiança da forma de compreender a mulher pelos prazeres do corpo. Era uma época em que os homens de igreja agregavam os valores morais aos seres e objetos. Entretanto, as formas especiais de fazer referência à sensualidade da mulher estabeleciam critérios sociáveis incomuns. Ou seja, para expressarem sobre o corpo, utilizavam-se atitudes específicas, como os cânticos. Essas atitudes eram vistas como condição para aludir a uma determinada parte do corpo. Nesse caso particular, Hugo de Fouilloi cita um sermão sobre um cântico que aludia à forma de como deveriam ser os seios femininos: “belos são, com efeito, os seios que se realçam um pouco e são modicamente túmidos. [...] contidos, mas não comprimidos, docemente presos em que ondeiem em liberdade” (ECO, 2004, p. 154). Como se pode observar, a referência contempla conteúdos de expressão retórica, que parece contrariar o sentido da beleza em si.

No século XV, emerge uma espécie de beleza de fato contraditória, cuja exigência fica além da percepção da visão. Entra em pauta a criação artística, o artista sendo ao mesmo tempo “criador de novidades e imitador da natureza”. Exemplo é Leonardo Da Vinci, cujas atividades cumpriram a exigência básica da época, ou seja, a inovação técnica, que impõe uma espécie de transformação enigmática da beleza dos rostos femininos (ECO, 2004, p. 176 e 178). Na verdade, toma-se, nesses casos, a criação na esfera da arte: “A beleza adquire assim um alto valor simbólico que se contrapõe à concepção da Beleza como proporção e harmonia” (p. 184).

Neste período, entre os séculos XV e XVI, a beleza mágica se pode considerar como aquela que transcende o tempo. Trata-se de uma beleza que independe das mediações sociais da época, instituída a partir da universalidade objetiva na subjetividade do indivíduo, que apreende a qualidade do ser humano não no pressuposto da “cor do rosto”, na forma aparente, mas em algo além do visível, na sua essência, naquilo que transcende. Fala-se de uma beleza atemporal, aquela que fora intitulada por Plotino, apud Eco (2004):

Na verdade, não há beleza mais autêntica do que a sabedoria que encontramos e amamos em algum indivíduo quando, prescindindo de seu rosto, que pode ser feio, e sem atentar de fato para a sua aparência, buscamos a sua beleza interior. Se esta última não te comove a ponto de considerares belo um tal Homem, também não poderás, olhando em teu próprio intimo, perceber a ti mesmo como coisa bela. E insistindo nesse comportamento, buscarás em vão, pois estarias procurando em coisa feia e não pura. Por isso esses nossos discursos não são dirigidos a todos: mas mesmo que te vejas belo, é bom que te recordes [...] (ECO, 2004, p. 184).

Reabilita-se a beleza supra-sensível de Plotino, mergulhada nas raízes simbólicas da cultura da época, e se atribui à beleza a mesma dignidade e autonomia do bem e da sabedoria. Não por acaso o entendimento da natureza é procedido no interior de uma relação mais geral, que Eco qualifica de correspondência entre o “macrocosmo e o microcosmo”.

Na passagem do século XVI ao XVII, inicia-se a transformação progressiva da imagem da mulher. Especificações de traços e particularidades são vistas na representação da sua beleza, nas imagens e nas aparências. São consideradas modelos sensuais, que apresentam traços pessoais no corpo, caracterizados de forma específica, por exemplo, os lábios estreitos sem traços passionais, as vestimentas se apresentando com modelos específicos da época.

A beleza clássica admite o efeito da dissolução, ao se apresentarem outras formas de expressão. Surge, nesse percurso, a caracterização do sentido da beleza como afirmação do processo que dá sentido ao belo em si, referido numa especificidade como “graciosa e sacra beleza”, ou seja:

[...] Pode-se dizer que o bom e o belo são, de algum modo, uma mesma coisa, sobretudo nos corpos humanos, de cuja beleza a mais próxima causa eu considero que seja a Beleza da alma que, como partícipe da verdadeira Beleza divina, ilustra e faz belo tudo o que toca, especialmente se o corpo no qual habita não é de matéria tão vil que a impeça de imprimir-lhe a sua qualidade. Porém, a Beleza é o verdadeiro troféu da vitória da alma quando ela, junto com a virtude divina, domina a natureza material e vence com sua luz as trevas do corpo. Não se deve, portanto, dizer que a beleza faz as mulheres soberbas ou cruéis, [...] nem se devem imputar às belas mulheres aquelas inimizades, mortes, destruições, das quais as causas são os apetites imoderados dos homens [...] (ECO, 2004, p. 212).

Novas expressões de beleza surgem com as mudanças do espírito renascentista, ponto de partida para o barroco, que implica uma beleza que, “mesmo não tendo forma própria, deve outrossim ter sutileza ou acuidade capaz de surpreender e penetrar a alma do ouvinte” (ECO, 2004, p. 229).

Assim, abre-se espaço para a beleza conceitual. Considera-se o caráter impressionante do estilo, prevalecendo a engenhosidade sobre o conteúdo. A expressão da beleza da mulher passa a ser representada pela sua capacidade de exprimir a “multiplicidade de particulares e de relações do corpo feminino” (ECO, 2004, p. 232), mesmo aquelas insignificantes, como um “sinal” ou uma “cabeleira”.

O que se tem nesse momento espelha o sentido da beleza, marcado pelas contradições de seus juízos de gosto. Assim, pode-se ver que a questão do belo, em que pese o seu sentido, suscita a imanência, isto é, ocorre em contradição aos processos da natureza do belo em si. Ou seja, o belo ganha significação e agrega importâncias diferenciadas no seu sentido em si, marcados por juízos de valores contraditórios, com conseqüentes conflitos constituídos nas subjetivações feitas através de critérios específicos estabelecidos, que ancoram nas diversidades caracterizadas no emblema do sentido da beleza do corpo. A história vai apontando idéias sobre o belo, em suas formas variadas e caracterizações, que assumem valores especiais através das emoções subjetivas, magia do estilo de época, no caso representado pelo maneirismo, que antecipa o barroco em suas diversificações e formas assimétricas.

No final do século XVII, as mulheres barrocas são substituídas por mulheres menos sensuais, porém mais livres em seus costumes, suas vestes e cabelos. As damas parisienses seguem uma revolução de costumes em relação à moda vista até então, acrescentados os debates sobre a natureza do amor. Essas discussões foram objeto de contribuição das mulheres à filosofia moderna, na idéia de que o sentimento não é uma simples perturbação da mente, mas exprime, ao lado da razão e da sensibilidade, uma terceira faculdade do homem.

O sentimento representa uma reserva usada por Rousseau para revelar-se contra a Beleza moderna artificiosa e decadente, reconhecendo para o olhar e para o coração o direito de mergulhar na beleza originária e incorrupta da natureza, com um sentido de nostalgia melancólica do “bom selvagem” e do menino espontâneo que estavam no homem em sua origem e que doravante estão perdidos para sempre (ECO, 2004, p. 260).

Como desenvolvimento desse processo histórico, surge o debate estético do século XVIII, a partir das inovações do Renascentismo e do século XVII: a modernidade. Reflete Rousseau na sua expressão de beleza moderna: “artificiosa e decadente” e sugere novas tendências de caráter conceitual sobre os valores da beleza fundamentados sob a sua forma. Começa a era da indústria editorial, a beleza se confundindo com o emblema dessas mudanças entre beleza natural e artística, entre homem sensível e natureza, no interior de uma multiplicidade de relações, cuja percepção fundamenta o juízo do belo e cujas idéias dependem da difusão da imprensa.

Inicia-se uma nova fase, caracterizada pela atenção à expressão individualista, voltada para o homem moderno, época que converge o rigor individual e a paixão arqueológica em busca de pesquisas que incluem a beleza em suas várias dimensões. Assim, a beleza clássica é vista como um momento crítico que, ao fim e ao cabo, instaurava a discussão de temas de poses tradicionais que buscavam maior liberdade
expressiva.

Com efeito, o que se vê a partir de então é a revelação da beleza com característica específica quanto ao seu sentido, destacando-se o pressuposto subjetivo, preparado e feito de qualidades interiores e de liberdade em relação aos estereótipos, para além da necessidade do uso do método e da excelência prática.

Já no final do século XVIII, a beleza natural é uma bela coisa; mas a beleza artística é uma bela representação de uma coisa. Se, porém, o objeto é dado como um produto da arte, e como tal deve ser definido belo, então a arte sempre pressupõe um fim na sua causa (e em sua causalidade). O juízo não é mais puramente-estético, ou seja, ele é juízo-de-gosto. A natureza não é mais julgada como ela aparece na arte, mas na medida em que efetivamente é arte, “embora sobre-humana”.”


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Fonte:
WALTER FERREIRA LEMES: “SUBJETIVIDADE E CULTURA: O SENTIDO DA BELEZA PARA A MULHER” (Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Psicologia, pelo Sub-Programa de Psicologia Social do Mestrado em Psicologia da Universidade Católica de Goiás. Realizado sob a orientação da Profª. Dra. Anita Cristina Azevedo Resende). Goiânia, 2006.

Nota:
O título e a imagem inseridos no texto não se incluem na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

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