Primeira Guerra Mundial: A Vitória dos Aliados


Discorrendo sobre as características e evolução da Primeira Guerra Mundial, A. Souto Maior tece os seguintes comentários acerca de suas características e evolução:

A guerra de 1914 foi singular sob vários aspectos; não somente pelas novas táticas e uso de novas armas como o gás asfixiante, o lança-chamas e a metralhadora, mas sobretudo, pelo fato de exceder o número de vítimas mas civis ao de soldados mortos em combate apesar de cerca de 65.000.000 de homens terem lutado, sob diversas bandeiras, nas várias fases do conflito.
A Alemanha preparara a guerra desde muito e seu exército dispunha de grande superioridade de armamento. Porém teve que combater em duas frentes: uma oriental, contra a Rússia, e outra ocidental em território francês.
Na frente ocidental o avanço alemão fez-se com grande rapidez até a zona do Mame. Uma contra-ofensiva geral, organizada generais franceses Joffre e Galiloni obrigou invasores a recuar. No princípio do inverno de 1914 a frente de combate tinha-se estabilizado numa linha do oitocentos quilômetros, estendendo- se desde a Bélgica até a fronteira da Suíça.
Em 1915 a guerra de movimento foi substituída por uma estratégia baseada na idéia da superioridade da sobre a ofensiva. A luta de trincheiras estabilizou durante algum tempo as operações militares enquanto as nações beligerantes procuravam criar novos armamentos e máquinas de destruição. Apareceram os gases asfixiantes, os carros de assalto, os submarinos e a aviação. Esta, a princípio usada apenas para observação das tropas inimigas passou depois a ser utilizada no bombardeamento das trincheiras e até das cidades.
A guerra já não se limitava a batalhas entre os exércitos de determinados países. Era uma guerra total que atingia quase todas as nações, mobilizando homens, mantimentos e material bélico. A vitória estaria, doravante, condicionada à capacidade industrial das nações envolvidas na luta. Por esta razão o bloqueio foi um recurso militar usado em larga escala.
O ano de 1915 trouxe, entretanto, poucas modificações na frente ocidental. Os italianos, depois do Tratado de Londres (abril de 1915) tinham decidido colocsobre os russos e invadiram a Sérvia.
Em 1916 os alemães desencadearam uma grande ofensiva sobre Verdun, zona difícil de defender e reabastecer. Durante seis meses, os franceses comandadar-se ao lado dos Aliados. Na frente oriental os austríacos e alemães obtiveram algumas vitórias os pelos generais Pétain e Nivelle, mantiveram as suas posições enquanto as forças aliadas, por sua vez, atacavam a região do Soma. Ao findar o ano de 1916 as posições de um e outro lado eram (1uase as mesmas que no princípio desse ano.
A continuidade das hostilidades gerava em todos o cansaço e o desânimo. A população civil sofria dificuldades e privações e esboçavam-se em várias partes greves e agitações sociais que os governos tinham dificuldade em dominar.
A partir de 1917 decidiram os alemães intensificar a guerra submarina a fim de enfraquecer a economia inglesa. O ataque indiscriminado a navios inimigos e neutros, prejudicando gravemente o comércio dos Estados Unidos, levou este país a intervir no conflito (2 de abril de1917).
Em 1917 uma revolução na Rússia derrubara o governo do czar. Negociada uma paz em separado pelo governo revolucionário, puderam os alemães deslocar para a frente ocidental milhares de soldados. Sob o comando dos generais Hindenburg e Ludendorff promoveram então uma grande ofensiva na região do Marne. Porém já havia desembarcado na França um milhão de soldados americanos, acompanhados de moderno material bélico. A guerra ia entrar na sua última fase. A contra-ofensiva francesa dirigida pelo general Foch obrigou os alemães a recuar.
Os alemães e seus aliados tinham chegado ao limite das suas reservas em potencial humano e econômico. O bloqueio marítimo aliado impedia-lhes o reabastecimento de matérias-primas. Em três meses, a Alemanha passou da ofensiva às negociações de paz" (

A. Souto Maior “História Geral”.

Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1976, p. 390-394).


O Brasil, que se manteve firme na luta contra a Alemnha, comemorou grandemente a "Vitória dos Aliados", conforme se pode observar nas imagens a seguir, extraídas da revista "A Cigarra", numa edição de 1917, ano este em que os aliados ocuparam o território alemão.


Fotografia de "A Cigarra" mostrando as ricas regiões do Reno, na Alemanha, que foram ocupadas pelas nações aliadas após vitória na Primeira Guerra Mundial.

1. A bandeira nacional coberta de flores, abrindo a grande marcha comemorativa, em 1917, no centro de São Paulo; 2. A bandeira da França erguida; 3. A bandeira italiana e os veteranos garibalainos; 4. Multidão na Rua 15 de Novembro; 5. A bandeira japonesa e representantes da colônia; 6. A marcha adentrando a Avenida Tiradentes


Vista do Largo São Francisco, no centro de São Paulo, por ocasião da marcha comemorativa, com a presença de representates de várias colônia de imigrantes, autoridades públicas e pessoas da mais variada estirpe social.


Multidão ocupando o Largo São Francisco, rua Riachelo e Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, no centro da capital paulista, em comemoração à vitória dos aliados na Primeira Guerra Mundial


1. Mulheres comemorando com bandeiras das Nações Aliadas; 2. Reprsentantes da colônia Armênia no Brasil; 3. O piquete de cavalaria que fechava o préstito; 4. Autoridades assistindo o desfile na Avenida Tiradentes; 5. Multidão na Rua Direita, no centro de São Paulo; 6. Populares comemorando a vitória dos aliados


Autoridades públicas e representantes do governo assistindo o cortejo na Avenida Tiradentes


A multidão enchendo as ruas Antônio Prado, 15 de Novembro e o Largo da Sé, num dia de domingo, em 1917
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Fonte:
Revista "A Cigarra", disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo

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