Machado e sua experiência no Teatro



O prestígio intelectual que Machado de Assis conquistou em sua juventude literária não se deveu aos textos de ficção. Ele estava com 31 anos de idade quando iniciou a publicação de seus volumes de contos e romances. Como se sabe, Contos Fluminenses é de 1870 e Ressurreição, de 1871. Essas duas obras são o ponto de partida de sua extraordinária produção ficcional, que só foi interrompida no ano de sua morte, em 1908.

Antes de se dedicar mais intensamente à atividade literária que o consagrou, Machado tornou-se conhecido como folhetinista, crítico literário, comediógrafo, poeta, tradutor de poemas, peças teatrais e romances – e até mesmo como censor do Conservatório Dramático.

Os amigos admiravam a inteligência e o brilho do rapaz pobre que começara como tipógrafo e, já na casa dos vinte anos de idade, era uma peça-chave no debate cultural do seu tempo, com intervenções corajosas e, por vezes, contundentes nos textos críticos e nos folhetins que publicava em vários jornais do Rio de Janeiro.

Foram esses escritos que lhe deram nome e que o transformaram no nosso principal crítico literário e teatral da década de 1860. Talvez a maior prova do reconhecimento público conquistado nessa altura seja a carta que lhe endereçou José de Alencar, em 1868, pedindo-lhe que opinasse sobre alguns poemas e sobre o drama
Gonzaga ou A Revolução de Minas de Castro Alves. O poeta baiano estava de passagem pelo Rio de Janeiro, a caminho de São Paulo, onde ia continuar o curso de Direito. Dizia Alencar:

O senhor foi o único de nossos modernos escritores, que se dedicou sinceramente à cultura dessa difícil ciência que se chama crítica. Uma porção de talento que recebeu da natureza,em vez de aproveitá-lo em criações próprias, teve a abnegação de aplicá-lo a formar o gosto e desenvolver a literatura pátria. Do senhor, pois, do primeiro crítico brasileiro, confio a brilhante vocação literária, que se revelou com tanto vigor
. (Correpondência, 1951, p. 21)

Esclareça-se que a carta de Alencar, o maior escritor brasileiro do momento, era uma carta pública estampada no
Correio Mercantil de 22 de fevereiro de 1868.

Para merecer o reconhecimento de Alencar e de seus contemporâneos, Machado trabalhou muito. Sua enorme produção jornalística começa com a colaboração em pequenos periódicos, como a
Marmota Fluminense, A Marmota ou O Espelho, e ganha corpo com o ingresso no Diário do Rio de Janeiro, jornal que acolheu a maior parte de seus escritos entre os anos de 1860 e 1867. Lembre-se ainda que Machado escreveu folhetins para O Futuro, entre setembro de 1862 e julho de 1863, e para a Revista da Imprensa Acadêmica de São Paulo, entre abril e outubro de 1864.

Datam de 1856 os três primeiros artigos críticos que Machado de Assis assinou no jornal
Marmota Fluminense, de seu amigo Paula Brito. Aos dezessete anos, arriscava algumas opiniões sobre a poesia, o teatro e a figura de Frei Francisco de Monte Alverne. Modesto, intitulou-os “Idéias Vagas”, especificando no subtítulo a matéria a ser tratada. Assim, a 31 de julho, escrevia sobre “a comédia moderna”, em termos que revelavam um conhecimento ainda precário do teatro da época, mas algumas idéias e conceitos que o acompanhariam em sua atividade crítica nos anos seguintes. Por exemplo, a crença no alcance moralizador e civilizador do teatro - “o verdadeiro meio de civilizar a sociedade e os povos”. Ou ainda o parentesco entre o teatro e a imprensa, ambos a indicar “o grau de civilização de um povo”. E também a convicção de que o elemento burlesco e os recursos do baixo cômico, como a pancadaria, deseducam o público e o afastam das boas produções dramáticas.

Entendendo o teatro como “lugar de distração e ensino”, o jovem crítico conclama os seus leitores para irem ao teatro, porque é lá que a sociedade mostra as suas faces: frívola, filosófica, casquilha, avara, interesseira, exaltada, com flores, espinhos, dores e prazeres, de sorrisos e lágrimas.

Se aos dezessete anos o crítico aprendiz cometeu deslizes, em pouco tempo o contato mais estreito com o teatro e o convívio com outros intelectuais de sua geração, o fizeram compreender o que se passava na cena brasileira, a ponto de tomar partido na polarização que se estabeleceu entre as duas companhias dramáticas que disputavam o favor do público.

Desde março de 1855, com a criação do
Teatro Ginásio Dramático, pelo empresário Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, o Teatro São Pedro de Alcântara, dirigido por João Caetano, viu sua hegemonia desafiada. O repertório de tragédias neoclássicas, dramas românticos e melodramas, parecia envelhecido para as gerações mais moças. A nova companhia dramática apresentava as últimas novidades francesas, peças de Alexandre Dumas Filho e Émile Augier, entre outros, e assim conquistava não apenas o público comum, mas principalmente os jovens intelectuais ligados ao jornalismo e à literatura.

Segundo Galante de Souza (1955), é certo que Machado acompanhou o movimento teatral e freqüentou o Ginásio antes de escrever o seu primeiro texto importante de crítica literária, “O Passado, o Presente e o Futuro da Literatura”, que o jornal
A Marmota publicou em abril de 1858. Toda a parte final desse texto é dedicada ao teatro e às idéias já não são tão vagas.

O aprendizado do crítico, de acordo com Galante, em menos de dois anos, se deu, em parte, como provável leitor ou espectador de peças, que, ou foram encenadas no Ginásio Dramático ou circulavam em forma impressa no Rio de Janeiro, peças como
A dama das camélias, O mundo equívoco (le demi-monde), Um pai pródigo e A questão do dinheiro, de Alexandre Dumas Filho.

Galante de Souza relata, ainda, que uma das características principais dessa dramaturgia, exceção feita à
A dama das camélias, é sua feição utilitária. Os dramaturgos encenados pelo Ginásio Dramático, contrários à idéia da “arte pela arte”, deram às suas obras um caráter edificante e moralizador, empenhando-se na defesa dos valores éticos da burguesia, classe social com a qual se identificavam.

Nos enredos que imaginaram, as chamadas virtudes burguesas, o casamento, a família, a fidelidade conjugal, o trabalho, a inteligência, a honestidade, a honradez, são o tempo todo contrapostas aos vícios que devem ser combatidos: o casamento por conveniência, o adultério, a prostituição, a agiotagem, o enriquecimento ilícito, o ócio, etc.

Nesse período de aprimoramento de sua formação cultural, Machado seguramente foi leitor dos folhetins teatrais, e é muito provável que se tenha deixado influenciar pelas idéias de Quintino Bocaiúva, folhetinista do
Diário do Rio de Janeiro no segundo semestre de 1856 e entusiasta das comédias realistas encenadas no Ginásio Dramático.

Em abril de 1857, Bocaiúva publicou no Correio Mercantil, capítulo por capítulo, os seus
Estudos críticos e literários: lance d'olhos sobre a comédia e sua crítica, pequeno livro impresso no ano seguinte e certamente lido por Machado, nessa altura seu amigo.

Quintino recusava o romantismo e via o teatro como “fiel espelho” da sociedade. Mas, a seu ver, a imagem refletida no palco não podia ser apenas uma reprodução mecânica e neutra do real. O teatro tinha como função primeira contribuir para o aprimoramento da vida em família e em sociedade, por meio da crítica moralizadora dos vícios.

Em suas palavras, o teatro não é só uma casa de espetáculos, mas uma escola de ensino, e seu fim não é só divertir e amenizar o espírito, mas, pelo exemplo de suas lições, educar e moralizar a alma do público.

Tudo indica que Machado acompanhou de perto a vida teatral do Rio de Janeiro, a partir do segundo semestre de 1856, e que isso foi decisivo para sua formação.

Não nos esqueçamos também de sua convivência com amigos jornalistas nas reuniões da Sociedade Petalógica, onde se encontrava com outros intelectuais, poetas, dramaturgos, políticos, artistas, viajantes e curiosos, conforme ele mesmo lembrou em uma crônica.

Ali, dizia, todos os assuntos eram comentados:
Queríeis saber do último acontecimento parlamentar? Era ir à Petalógica. Da nova ópera italiana? Do novo livro publicado? Do último baile e da última peça de Macedo ou Alencar? Do estado da praça? Dos boatos de qualquer espécie? Não se precisava ir mais longe, era ir à Petalógica. (Crônicas, 1951, p. 21)

Imerso no debate cultural de seu tempo, Machado amadureceu cedo o senso crítico. Ao escrever sobre o teatro brasileiro no ensaio “O Presente, o Passado e o Futuro da Literatura”, em maio de 1858, demonstrou estar a par do que se passava nos palcos do S. Pedro de Alcântara e do Ginásio Dramático, os dois principais teatros em atividade.

Severo em seu diagnóstico, começava por dizer que não tínhamos teatro dramático, que o que tínhamos era uma “inundação de peças francesas”, e um excesso de traduções. A seu ver, isso se devia aos empresários dramáticos, que preferiam encenar traduções a animar os autores nacionais.

Com suas idéias, Machado credenciou-se a assumir o posto de crítico teatral que lhe foi oferecido pelo jornal
O Espelho, no segundo semestre de 1859.

O
Espelho foi um periódico de vida efêmera, à semelhança de muitos outros no Brasil do século XIX. Durou exatamente dezenove números: o primeiro foi publicado a 4 de setembro de 1859 e o último, a 8 de janeiro de 1860. A partir do segundo número, Machado assinou a “Revista de Teatros”, escrevendo um total de dezoito textos críticos. Nos números 4, 5 e 17 publicou também as suas “Idéias sobre o Teatro”, três artigos nos quais não comentava os espetáculos em cartaz, mas estendia-se em reflexões sobre a situação e os problemas do teatro brasileiro.

O primeiro deles apresenta um diagnóstico pessimista do que se passa nos palcos e nas platéias fluminenses. Machado constata que o teatro no Brasil é muito pobre de realizações importantes do ponto de vista estético e que apenas acidentalmente desponta um talento, insuficiente porém para mudar a rotina instituída burocraticamente à maneira de uma repartição pública. Entre as causas dessa pobreza, o crítico destaca primeiramente a falta de iniciativas e afirma que não iniciativa, isto é, não mão poderosa que abra uma direção, que um terreno, mas não há semente.

A quem caberiam as iniciativas? Aos empresários teatrais e ao governo, ele esclarece, no final do artigo. Segundo ele, o governo havia transformado a arte dramática numa “carreira pública”, com suas subvenções improdutivas, empregadas na aquisição de individualidades parasitas. A conseqüência do descaso do governo em relação às companhias dramáticas subvencionadas foi a má formação cultural da platéia, que via o teatro apenas como um passatempo.

No segundo folhetim, dando continuidade às reflexões sobre o teatro brasileiro, Machado lamenta inicialmente que não no palco estão os problemas, mas também na dramaturgia. Por falta de apoio do público, já viciado pela enxurrada de traduções que lhe foram impostas, apenas excepcionalmente surge um ou outro dramaturgo para concorrer com os estrangeiros.

Retornando à crítica desferida aos empresários teatrais no texto “O Passado, o Presente e o Futuro da Literatura”, o articulista aborda agora com mais vigor o estrago feito no público, vitimado por uma “educação viciosa” e por um repertório de
boulevard, que nada tinha a ver com a vida brasileira.

A inexistência de uma dramaturgia forte e constituída como tal acarreta uma série de conseqüências. Em primeiro lugar, a cena brasileira deixa de ter a cor local, isto é, deixa de ser uma reprodução da vida social na esfera de sua localidade. Sem essa característica, seu alcance moral é limitado e o teatro perde sua função civilizadora. A arte destinada a caminhar na vanguarda do povo como uma preceptora vai copiar as sociedades estrangeiras.

Destituído de uma dramaturgia voltada para as questões nacionais, o teatro não se realiza como o canal de iniciação que deve ser, como o meio de propaganda mais eficaz de que o homem dispõe para a afirmação e defesa dos seus ideais. Machado compara o teatro à imprensa e à tribuna, os outros dois meios de proclamação e educação pública.

O tom enfático do artigo revela o jovem que acredita nas instituições e no poder transformador ou mesmo revolucionário da palavra, quando empregada convenientemente.

A palavra escrita no jornal, falada na tribuna e dramatizada no palco é sempre transformadora, afirma Machado, com a diferença de que no teatro é mais insinuante, porque a verdade aparece nua, sem demonstração, sem análise.

Enfim, o que o jovem Machado queria para o Brasil era um teatro realista, civilizador, formado por peças que retratassem os costumes da nossa vida social com o objetivo de melhorá-los por meio da crítica moralizadora. Era preciso, portanto, depender menos das traduções e favorecer o surgimento de dramaturgos, para que o sangue da civilização pudesse ser inoculado nas veias do povo pelo teatro. O que acontecia no Brasil era preocupante, não tínhamos ainda uma literatura dramática plenamente constituída e os poucos dramaturgos não atuavam sobre toda a sociedade.

Machado foi um crítico teatral preocupado com todos os aspectos da montagem teatral. Seus folhetins quase sempre seguem um padrão. Ele faz um estudo da peça, do ponto de vista literário e dramático, sem deixar de resumir o seu enredo para facilitar o entendimento do leitor, e em seguida um comentário sobre a encenação, destacando porém, quanto a esse segundo aspecto, as interpretações dos artistas.

Nas referências que faz aos cenários ou aos figurinos, menos extensas, encontram-se elogios aos telões pintados por João Caetano Ribeiro, críticas ao S. Pedro e ao Ginásio quando usam “decorações gastas”, e observações rápidas, sem muitos detalhes, acerca da boa ou má realização das montagens.

Preocupava-o, em primeiro lugar, a adequação dos cenários, figurinos e objetos em cena ao universo retratado pela peça. Afinal, a primeira regra em arte dramática é a harmonia, escreveu ao dar um exemplo de inadequação no uso de acessórios. Sabia que o cuidado com os elementos cênicos era fundamental para o bom êxito de um espetáculo e chamava a atenção dos ensaiadores para as falhas que enxergava.

Embora pontuais, suas observações dão uma idéia razoável de como eram concebidos e como funcionavam nos espetáculos os cenários, os figurinos e os acessórios. Assim, é nos testemunhos a respeito do trabalho dos intérpretes e nas análises e interpretações dos textos dramáticos que se encontra o material mais rico para se caracterizar a cena brasileira naquele final de 1859.

A partir de sua colaboração na revista dramática, cuja estréia se deu a 29 de março de 1860, apresenta uma detalhada explicação do que deve ser a crítica teatral e de como o crítico deve proceder. Os conceitos expendidos são definidos por Machado como um “programa” a ser seguido nos próximos folhetins, dando-nos a entender que se tratava do início de uma função no jornal que teria vida longa, porém, logo após a segunda revista, publicada a 13 de abril, somente lançaram outra no ano seguinte, em 24 de julho.

Nesse programa, ele nos mostra um certo recuo em relação à sua posição crítica anterior: se no folhetim de O Espelho declara pertencer à escola realista, agora afirma que suas opiniões sobre o teatro são ecléticas e que aplaude o drama como forma absoluta de teatro, não aceitando o realismo na sua totalidade, nem tampouco o romantismo.

Apesar disso, Machado continua acreditando que o teatro é um grande canal de propaganda. Escrevendo em jornal mais importante, procurou colocar-se acima das escolas literárias, para libertar-se de qualquer sectarismo no julgamento das peças teatrais. Para o exercício da crítica, queria critérios estéticos, como esclareceu que o belo não era exclusivo de forma dramática alguma, mas do trabalho do artista.

Entendo que o belo pode existir mais revelado em forma que menos imperfeita, mas não é exclusivo de uma só forma dramática. Encontro-o no verso valente da tragédia, como na frase ligeira e fácil com que a comédia nos fala ao espírito. (Crítica Teatral
,1951, p.160).

Definindo-se como um crítico de teatro que crê no teatro, assegura aos seus leitores que tem estudado a matéria e acompanhado de perto o que se passa nos palcos do Rio de Janeiro. Todos podem esperar ele uma crítica fundamentada no conhecimento e uma postura correta de acordo com os princípios que sempre adotou.

Machado, embora deslocado de sua função de crítico teatral depois da publicação de sua terceira revista dramática, acompanhou de perto todo o movimento nos palcos fluminenses e registrou nos folhetins que escreveu para o Diário, entre outubro de 1861 e maio de 1862; para o Futuro, entre setembro de 1862 e julho de 1863; e novamente para o Diário, entre julho de 1864 e maio de 1865.

Nesses folhetins, entretanto, por força da própria natureza do gênero, Machado ocupou-se de assuntos diversos, o teatro entre eles, assim, seus comentários são às vezes mais curtos, às vezes mais longos, mas jamais desprovidos de importância. Eles nos permitem compreender melhor as suas idéias teatrais, e também acompanhar a própria evolução do teatro brasileiro no período.

As intervenções de Machado no debate cultural foram bastante abrangentes. Como crítico teatral e folhetinista escreveu sobre a maior parte dos espetáculos teatrais entre setembro de 1859 e maio de 1865. Mais que isso, expôs com franqueza suas idéias sobre o teatro, os artistas que viu, a forma de organização das companhias dramáticas, além de reinvindicar o tempo todo a melhoria das condições de trabalho para os artistas e a proteção do governo para a arte.

Durante esse período, seu envolvimento com o teatro cresceu muito. Tornou- se comediógrafo, autor de
Hoje avental, amanhã luva, Desencantos, O caminho da porta, O protocolo, Quase Ministro, As forcas caudinas; tradutor de Montjoye, deOctave Feuillet, e censor do Conservatório Dramático Brasileiro."

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Fonte:
MARGARETH RAMOS TEIXEIRA MIYAMOTO: "A máscara da ópera em Dom Casmurro". (Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do grau de Mestre em Literatura e Crítica Literária à Comissão Julgadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Profª. Drª. Maria Rosa Duarte de Oliveira). São Paulo, 2006.

Nota
:
A imagem (Caricatura de Machado de Assis) inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.

Disponível digitalmente no site: Domínio Público

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