Anúncios antigos de transporte de escravos - I

Vão aqui alguns anúncios referentes a uma das épocas mais tristes da história do Brasil, quando seres humanos eram trazidos à força de suas terras, para servirem de mão de obra escrava para os senhores brancos das nossas terras. O grande poeta Castro Alves descreve, em um de seus poemas, como eram o transportes dessas pessoas nos navios de cargas:

Era um sonho dantesco... o tombadilho  
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas  
Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,  
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
E ri-se Satanás!...  
Anúncio de 12/02/1824

Anúncio de 08/05/1824 

Anúncio de 08/11/1824 

Anúncio de 07/12/1824 

Anúncio de 09/11/1824




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Fonte:
Semanario Mercantil, nº 37, de 12/02/1824; nº 48, de 08/05/1824; Diario Mercantil, nº 5, de 08/11/1824; nº 30, de 07/12/1824; de 09/11/1824. Todos disponíveis digitalmente no site da Biblioteca Nacional Digital

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