A VIA CRUCIS DE PAUL TILLICH – SOBRE A VIDA E A OBRA DO AUTOR



A Via Crucis de Paul Tillich – sobre a vida e a obra do autor

A bibliografia sobre o pensamento de Paul Tillich é muito vasta. No entanto, no Brasil essa produção não se dá de maneira tão ampla, pelo contrário, ainda são poucos os comentários sobre o autor e também poucas as obras de Tillich traduzidas para o português. Já em língua inglesa, muito utilizada para o levantamento bibliográfico da presente pesquisa, há uma pluralidade de comentários e produções que se põem como bases para o estudo de Tillich. Essas obras em inglês não dizem respeito apenas a produções estadunidenses, mas também de traduções para o inglês de inúmeras obras européias sobre o pensamento de Tillich.

Além disso, diversos textos biográficos foram consultados. A vida de Tillich acrescenta dados que, mesmo talvez não sendo os mais óbvios quando se tenta fazer uma aproximação a algum autor, são importantes para a presente pesquisa, uma vez que sua relação com o corpo, a sensualidade, a sexualidade, a quebra de tabus, e o constante fascínio estético foi bastante intenso em sua vida.

Dizer sobre o local de nascimento e crescimento de Paul Tillich, seu contexto acadêmico, seu exílio, tudo isso tem sido trabalhado no estudo biográfico do autor. O que há de mais rico na vida do autor e que se evidencia no presente trabalho são suas relações com as demais pessoas.

Hannah Tillich, segunda esposa de Paul Tillich, a qual permaneceu com o autor até o falecimento do mesmo, fez questão de mostrar em seu livro ―From Time to Time‖ o comportamento inusitado do casal tanto no que diz respeito a paixões, relacionamento cotidiano, sexo, adultérios, numa perspectiva. É como se Hannah quisesse dizer que Paul Tillich, o teólogo que a América e a Europa tanto adoram, traiu e foi traído, viveu intensamente, apaixonou-se e se fez apaixonante, sofreu e causou dor. Ele não é apenas o Dr. Tillich, ele é o homem Tillich. Hannah fez esse caminho de maneira ao mesmo tempo bela e surpreendente. ―From Time to Time‖ é uma bibliografia bastante elucidativa dentro da perspectiva na qual se pretende apresentar os aspectos biográficos do autor na pesquisa.

Ao lado de Hannah, outro autor que se demonstra importante para a construção de um relato biográfico de Tillich dentro das perspectivas do presente projeto é Rollo May. May foi aluno e amigo de Tillich. Segundo Rollo May a única mulher que não se via encantada por Tillich era Hannah Tillich, sua esposa, que diz ter sofrido muito em seu relacionamento. May conta que:

Uma mulher fez uma observação certa vez: ―nenhuma mulher teria sido uma boa esposa para Paulus‖. As emoções dele eram muito complexas, suas necessidades muito grandes, e sua ausência muito comum. Hannah acertou em muitas coisas e falhou em algumas. Mas a fantasia de inumeráveis mulheres que ―se eu tivesse me casado com Paulus, as coisas teriam sido diferentes‖ parece largamente uma ilusão (MAY, 1974, p.58).

O fato é que Hannah foi a segunda esposa de Tillich. A primeira, Paul Tillich encontrara grávida de um amigo íntimo assim que retornou de seu período como capelão militar na primeira guerra mundial. May costuma relacionar constantemente os amores e desamores de Tillich à imagem de sua mãe, que morreu quando o teólogo era ainda jovem.

Diz que sua mãe tinha uma grande expressividade na vida do autor, e dá pouca importância para outros fatos, como de ter sido traído enquanto estava no campo de batalha e ver seu lar destruído ainda muito jovem. Parece que se da vida de Tillich fosse escrito um romance, certamente se apresentaria uma extensa e densa obra trágica e deveras existencial, enquanto May gostaria de produzir uma análise clínica de psicologia freudiana.

Tillich narra em seu diário, ―My Travel Diary‖ (Meu diário de viagem), que em alto mar, viajando da América para a Europa, saiu da rotina de seus jantares e conversas com os companheiros de viagem da primeira classe para dançar e beber com pessoas simples e pobres da terceira classe:

A senhora Goldman me convidou para a terceira classe. Eles têm uma sala muito confortável para dançar e beber lá. As paredes são pintadas. A música é mantida por um rádio [...] eu dancei com todo mundo, e me diverti dez vezes mais do que na classe de turistas. Aqui existem intelectuais, proletariados, comunistas, judeus (TILLICH, 1970, p.32-33).

Isso mostra como o autor em estudo não pode ser analisado simplesmente a partir de um viés, como tentou fazer Rollo May e outros biógrafos, mas deve ser visto na complexidade de suas relações durante o desenvolver de sua vida. Todavia, as limitações da análise de May não tiram o mérito de narrativas esclarecedoras sobre a vida do autor com relação a paixões, sensualidade, corpo, e até mesmo prostituição e pornografia. Todos esses dados enriquecem a análise biográfica do autor. Por exemplo, sabe-se através May que: ― ele podia falar sobre sexualidade em público até o ponto que isso não fosse uma confissão pessoal‖ (MAY, 1974, p.55).

Paul Tillich é considerado hoje um dos grandes teólogos do século XX. Por trás da fama e dos inúmeros comentários que existem sobre o autor há um pensador bastante peculiar, com suas questões e propostas específicas, passíveis de serem analisadas muito mais minuciosamente do que se pretende aqui fazer e do que normalmente se faz quando se lê a teologia de Tillich.

Tillich, em sua vida e teologia, possui uma profunda influência dos acontecimentos ao seu redor. Não que toda teologia de Tillich seja uma simples resposta àquilo que ele viveu. De fato, os acontecimentos do século passado foram importantes, mas o foram para todos, não apenas para Tillich ou para os teólogos.

A teologia de Tillich quando primeiramente lida pode ser considerada de difícil compreensão, especialmente por termos que necessitam de vasta explicação, como demoníaco, kairós, preocupação última, entre outros; mas os estudantes que compreendem esses conceitos rapidamente passam para o estágio de perplexidade quanto a Tillich. Dificilmente se nota algum leitor de Tillich que seja a ele indiferente. Narram as biografias que a presença de Tillich causava o mesmo efeito:

O fato simples é que ele foi marcadamente um homem amável. Ele possuía uma qualidade espiritual combinada com uma sensualidade a qual as mulheres achavam altamente atrativa. Wilhelm Pauck nos conta que na Alemanha, quando era mais jovem, mulheres o procuravam depois de cada uma de suas palestras. O mesmo acontecia em Nova York e em Harvard; em qualquer lugar que ele discursava, lá mulheres se reuniam (MAY, 1974, p.49).

Esses comentários sobre a vida de Tillich não se dão como simples elucidação e apresentação do autor como parte necessária de fixação do contexto do autor ante à pesquisa. Assim como será feito na biografia de Clarice, busca-se sublinhar e demonstrar na medida do possível a intersecção entre as vidas e as obras dos autores.

A tragicidade e peculiaridade da vida de Tillich bem como se verá na vida de Clarice são proporcionais à profundidade, complexidade, e beleza da obra dos autores.

Tillich elabora sua teologia da cultura a partir de seu encontro com diversas culturas. A infância do autor foi circundada por um ambiente de resquícios medievais, por catedrais barrocas, cidades construídas no interior de muros e fortalezas. Sua educação se deu dentro de um mundo o qual estava prestes a desabar: o humanismo do fim do século XIX. Como ele mesmo afirmou, é um homem de dois momentos, o primeiro na Alemanha que precede a primeira guerra mundial, e que lhe despertava um imenso sentimento de finitude. E o segundo após a primeira grande guerra, quando trabalha em diversas Universidades na Alemanha e posteriormente nos Estados Unidos da América.

O desabrochar de seus pensamentos começou quando saiu dos muros que circundavam as cidades de sua infância e juventude, ou seja, quando saiu do universo fechado, e conheceu um mundo diferente, amplo, vasto e surpreendente. Muitas vezes esses aspectos são suprimidos das biografias de Tillich, bem como muitas vezes são deixadas de lado as preferências estéticas do autor e sua relação com as obras de arte. Entretanto, consideramos essas informações válidas e necessárias, e concorda-se com Calvani ao dizer que:

Os textos destinados a apresentar os aspectos principais da obra tillichiana geralmente não fazem referências às suas preocupações estéticas. É uma grave deficiência, uma vez que o interesse pela arte não algo periférico em Tillich, como um hobby para horas vagas. Ao contrário, durante toda sua vida, a arte foi uma constante referência e fonte de inspiração (CALVANI, 2010, p.51).

Tillich se fascinava com o mar. A areia, as ondas do mar quebrando na praia, a impossibilidade de ver o fim do horizonte ao fitar o mar em sua potência. Essa imagem foi importante para o autor tanto em sua juventude, quando saia da cidade e viajava até o mar báltico com sua família. Mas também o seguiu até seus últimos dias, quando escolheu estar próximo ao oceano atlântico na costa estadunidense. De semelhante modo ele se fascinava com obras de arte diversas, especialmente no campo das artes plásticas.

Quando se lê em sua Teologia Sistemática o conceito de ―ultimate concern‖ (traduz-se por preocupação última, ou ainda por preocupação suprema), pode-se logo notar que suas reflexões se deram dentro do constante problema existencial da finitude humana. Tal problema da finitude era considerado por ele como algo passível de revelação através de vários meios, em geral através da cultura.

Tillich se engajou politicamente na Alemanha, e esse é um âmbito importante dentro do conceito de cultura em Tillich. Tillich freqüentou os meios politicamente engajados na luta contra os problemas sociais encontrados na Alemanha pós-primeira guerra mundial. O próprio autor afirma que:

Não é surpreendente que minhas primeiras ideias ligadas à relação entre religião e cultura, o sagrado e o secular, heteronomia e autonomia, foram incorporadas em minhas reflexões sobre socialismo religioso, que veio a se tornar o foco para todo meu pensamento (TILLICH, 1966, p.80).

De fato, tal âmbito é importante na obra e na vida de Tillich. Peculiar é o autor narrar em sua autobiografia ―On the boundaries‖ (Nas fronteiras) como foi difícil para ele levar em consideração tal âmbito: ―o curso da teologia alemã depois da guerra mostra muito claramente que é praticamente impossível para uma pessoa educada como luterana se mover da religião para o socialismo‖ (TILLICH, 1966, p.75)10. Ele, sendo luterano e filho de pastor luterano, se sentia na fronteira entre o luteranismo e o socialismo. Entretanto, ele conseguiu dialogar com ambos de maneira bastante profícua.

Tillich também fez parte da chamada Escola de Frankfurt. Ele viveu e trabalhou nesse local por quatro anos, os quais foram seus últimos anos na Alemanha. Depois ele foi demitido de seu cargo na Universidade de Frankfurt pelo governo de Hitler. Em Frankfurt Tillich possuía um grupo que se reunia ao seu redor. Enio Muller explica que:

O grupo se reunia regularmente para debater temas do momento. Dele faziam parte intelectuais importantes como Karl Mannheim, Max Horkheimer e Theodor Adorno. A amizade de Tillich com os dois últimos, especialmente, estendeu-se depois pelo resto de suas vidas. Tillich foi um dos que mais se empenhou para que Horkheimer, oito anos mais novo que ele, assumisse a direção do Instituto de Pesquisa Sociais, em 1931, e junto com isso uma cátedra de Filosofia social na Universidade. Adorno, dezesseis anos mais novo que Tillich, foi assistente dele enquanto escrevia sua tese de habilitação sobre Kierkegaard, entregue em 1931 (MULLER, in Mueller; Beims, 2005, p.28).

Nessa mesma Alemanha já possuía admiradoras, especialmente moças que se viam encantadas pelas palavras, pela capacidade de fabular do autor, pela amplitude de seu pensamento, por sua polidez e serenidade. Este é outro fator que o acompanhou até seus últimos dias. Enquanto estava em seu leito, doente, onde viria a falecer, mulheres de diversas partes do país buscavam informações sobre seu ídolo quase octogenário:

Quando Paulus estava no hospital com a doença da qual ele viria a morrer, mulheres sobre as quais eu nunca havia ouvido telefonaram para mim de diversas partes do país para perguntar sobre ele, e eu sempre me maravilhei com a falta de ciúmes delas [...] cada uma falava de sua própria convicção de que ela representava algo de especial para Paulus – alguma luz única, revelação, ou algum tipo secreto de relacionamento que ocorreu em alguma hora em particular ou alguma caminhada junto a ele (MAY, 1974, p.51).

A vida de Tillich foi marcada por uma luta pessoal entre o romantismo e o existencialismo, entre os devaneios extáticos e estéticos, e a profunda angústia de quem compreende a limitação da condição humana. Isso demonstra a possibilidade do desenvolvimento de seu comportamento como sendo ao mesmo tempo sereno, encantador, forte, carente e melancólico.

Talvez, sua obra ―On the boudaries‖ (Nas fronteiras) poderia contar com muitas outras fronteiras as quais o autor julgava demasiadamente pessoais e íntimas para serem reveladas. Uma nota a ser dita é que, ao mesmo tempo que admirava pornografia, não admitia que se fizesse brincadeiras de baixo calão com relação ao sexo e assuntos afins. May afirma que ―Paulus realmente não gostava de brincadeiras sujas ou sexuais e ele me reprovou claramente certa vez por contar uma. Entretanto, ele realmente gostava de boa pornografia, e queria que lhe fosse falado sobre bons livros de pornografia‖ (MAY, 1974, p.63).

Ao mesmo tempo, que era um pastor luterano e vívido pregador da mensagem cristã que julgava pertinente, encontrava-se com prostitutas e conversava com elas com sinceridade e carinho de quem se considerava existencialmente tão importante quanto elas: ―que eu saiba Paulus nunca visitou uma prostituta com o propósito de sexo explícito. Mas ele ia frequentemente conversar com elas, mostrar por sua ação que ele não as condenava‖ (MAY, 1974, p.63).

Com sua voz grave, seu vasto conhecimento e carisma ante ao seu público, demonstrava ser um homem forte, mas no íntimo de suas relações tanto em família, quanto com amigos e mulheres, mostrava-se carente e fraco.

Tillich viveu de fato em constante terreno fronteiriço. Não apenas as fronteiras de sua teologia, mas também em sua vida, em seu cotidiano.

Tillich não apenas caminhou pela via crucis do corpo do ser humano, mas peregrinou pela mesma. Viu a morte prematura de sua mãe, viu seus amigos e colegas morrendo na frente de batalha da Primeira Guerra Mundial, viu seu país falindo duas vezes nos intentos bélicos das duas grandes guerras, viu-se perdido nos Estados Unidos da América, com quarenta e sete anos e sem saber falar uma só palavra da língua vernácula de tal país, viu-se deixado por sua primeira esposa e por seu íntimo amigo com o qual ela engravidara, presenciou mundos diversos, culturas diversas, encantou e viu-se encantado, amou, odiou, foi amado, e odiado. Entende-se que Tillich demonstrou em sua obra e vida como a existência humana se dá sobremaneira de forma perplexa, e que a partir disso pode-se fazer teologia e tentar entender algo mais sobre o ser humano e sobre as peripécias da existência.

A obra de Paul Tillich é extensa. Não se pretende aqui mostrar dados que sirvam como planilha ou relatório de títulos de livros e ensaios do autor. No espaço dedicado aqui para o entendimento da obra de Tillich, vale muito mais traçar linhas gerais e explicar conceitos essenciais do pensamento do autor.

Valhamo-nos pois de um comentário sucinto e intenso feito por Josgrilberg: ―todo método de Tillich – a correlação, o círculo teológico, a fenomenologia crítica, a análise – é solidário na relação da teologia com a ontologia‖ (JOSGRILBERG, 1995, p.55). De fato tal afirmação já revela muito sobre o autor em questão. Tillich é um ontólogo. É importante lembrar que os estudos de Tillich são feito no início do século XX, antes da primeira Grande Guerra, o que implica uma forma de pensar, especialmente na Alemanha, ainda bastante relacionado com o pensamento do século XIX.

Em 1911 recebeu o grau de doutor em Filosofia na Universidade de Breslau com a tese sobre a Filosofia da religião em Schelling. Em 1912 defende tese na Universidade de Halle para obtenção do grau de licenciado em teologia (o mais alto grau no ensino teológico alemão da época). O objeto de estudo ainda era Schelling, porém, nessa segunda tese, Tillich priorizou a análise do misticismo naquele filósofo. A importância de Schelling é decisiva para Tillich (CALVANI, 1995, p.14).

A importância de Schelling para Tillich é notória. Entretanto, muitos outros teóricos podem ser citados como importantes para Tillich. A lista de tais teóricos deveria se iniciar com a filosofia grega pré-socrática, passando pela patrística, pelo contexto da reforma protestante no fim da idade média e chegando até Kant e o já citado Schelling. Tais pensadores são completados pelos autores de pensamento existencial, que estavam muito em voga na época de Tillich e foram estudados e comentados durante toda obra do autor:

A influência de Kierkegaard e Heidegger o motivou a refletir profundamente sobra a existência, enfatizando principalmente a alienação da existência em relação à essência e a vida como experiência caracterizada pela ambigüidade (CALVANI, 1995, p.25).

Tanto em filosofia quanto em teologia Tillich seguiu caminhos semelhantes em seus estudos. Isso também acontecerá no decorrer de sua obra que mostrará a relação necessária entre uma filosofia da religião e teologia da cultura.

Essa relação é normalmente apresentada tanto por Tillich quanto nos estudos a seu respeito através do método da correlação:

O método da correlação explica os conteúdos da fé cristã numa interdependência mútua entre as questões existenciais e as respostas teológicas. A teologia formula as questões implicadas na existência humana e também as respostas contidas na auto-manifestção divina (HIGUET, 1995, p.40).

Esse um tema fundante da ―Teologia sistemática‖ de Tillich, que é sua maior obra, a qual demorou cerca de vinte anos para ficar pronta e apresenta o pensamento do autor sistematicamente:

Na prática, a teologia sistemática começa com uma análise da situação humana de onde surgem as questões existenciais e demonstra que os símbolos usados pela mensagem cristã são as autênticas respostas a essas perguntas. A análise da situação humana é existencial porque parte do fato que o ser humano, na própria existência, possui o único acesso possível à existência em si mesma (HIGUET, 1995, p.40).

A ―Teologia sistemática‖, mesmo sendo a maior obra de Tillich, carece algumas vezes de complementação advinda de ―obras menores‖ do autor. Mesmo por que, a leitura da ―teologia sistemática‖ é densa, digna de ser objeto de estudos profundos. A simples leitura da mesma pouco oferece ao seu leitor. Vale dizer que a teologia sistemática não é o objeto central do presente estudo, apesar de seus conceitos serem essenciais para o entendimento de qualquer pesquisa sobre Tillich.

Uma teologia sistemática cristã, como normalmente se apresenta, mostra caracteres de elucidação dos dogmas e conceitos da fé cristã. Tillich também agiu dessa forma. Entretanto, sua teologia é muito mais plural do que normalmente se propõe no âmbito da teologia sistemática, especialmente em relação àquilo que se propunha em sua época: ―não é à toa que o interesse por Tillich tem aumentado nos meios ecumênicos. Sua teologia não era, de forma alguma confecional ou denominacional‖ (CALVANI, 1995, p.25).

Em relação à estética e aos estudos de artes, Tillich já produzia em tal área desde o período alemão. Entretanto obteve um grande êxito ao tratar desse assunto no ambiente acadêmico americano:

Em 1955, Tillich transferiu-se para a Universidade de Harvard numa posição privilegiada. Fazia parte agora de um grupo seleto de professores não vinculados a uma faculdade específica, mas que tinha possibilidade de lecionar em todas as faculdades do campus (CALVANI, 1995, p.21).

A participação de Tillich como um livre docente na Universidade de Harvard foi marcante para sua carreira. Esse foi o momento no qual o autor atingiu o auge de sua popularidade. Em breve lhe seria dedicada uma edição da revista ―Times‖ e vários prêmios seriam entregues ao autor.


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Fonte:

ELTON VINICIUS SADAO TADA:  “A CORAGEM DE SER” DE PAUL TILLICH E “A VIA CRUCIS DO CORPO” DE CLARICE LISPECTOR: Semelhanças e assimetrias em busca de uma leitura teológico-existencial da obra de Lispector”. (Dissertação com vistas ao recebimento do título de mestre, apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo). São Bernardo do Campo, 2010.

Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domínio Público

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