Delírios de Dawkins


Dawkins chega perigosamente perto, em sua busca por respeitabilidade científica para sua crença no Darwinismo Universal, de colocar a seleção natural do lado de Deus. Ela não é mais uma teoria científica que necessita de rigores habituais da prova e da refutação, mas um conjunto de crenças.”

Deveras!
Quem já leu um dos seus livros de militância prol darwinismo, do tipo, “Deus, um delírio”, não terá muita dificuldade em concluir que há por parte dele um desejo exagerado em escrever a história do mundo a partir do ano de 1859, tal como fizeram os cristãos com o nascimento de Cristo, e os muçulmanos em relação à Hégira (a fuga de Maomé para Iatreb em 622). A data do lançamento do livro “A Origem das Espécies”, 1859, é, pois, para Dawkins, um marco histórico que supera a derrubada do Império Romano, a Queda da Bastilha, a Revolução Francesa, a ida do homem à lua, entre outros eventos de proporções universais. No seu livro propriamente citado, ele deixa isso bem explícito, ao atribuir a Darwin uma espécie de “grito da independência contra ignorância universal", algo semelhante à Declaração dos Direitos do Homem. Se não, vejamos...

Pense nisso. Em um planeta, e possivelmente um único planeta no universo inteiro, moléculas que normalmente não formariam nada mais complicado que um pedaço de pedra reúnem-se em grupos de matéria do tamanho de pedras, de uma complexidade tão inacreditável que são capazes de correr, pular, nadar, voar, enxergar, escutar, capturar e comer outros pedaços animados de complexidade; capazes em alguns casos de pensar esentir, e de apaixonar-se por outros pedaços de matéria complexa. Hoje entendemos em termos básicos como o truque funciona, mas somente desde 1859. Antes de 1859 isso teria parecido esquisitíssimo. Hoje, graças a Darwin, é só muito esquisito. Darwin pegou a janela da burca e a arregaçou, deixando entrar uma torrente de compreensão cujo caráter inovador e fascinante, e cujo poder de elevar o espírito humano, talvez tenha sido inédito — exceto talvez a percepção copérnica de que a Terra não era o centro do universo” (Deus, um delírio, p. 373. Companhia das Letras, 2007).

É isso!

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