Do "homo Habilis" ao "homo Sexualis"

Dentre as muitas bizarrices da teoria evolucionista, uma delas refere-se à estranha tentativa de se tentar "usar" Darwin a fim de explicar os mais variados tipos de comportamentos humanos. Especificamente em relação à homossexualidade, por exemplo, embora tal comportamento em termos evolutivos não apresente nenhuma "vantagem" (os homossexuais não geram filhos), já deram um jeito de "encontrar" nele um fundamento adaptativo e genético. Atribuindo-lhe um caráter adaptativo, E. O. Wilson justifica-o afirmando que a sociedade humana ancestral estava organizada em unidades familiares inimigas. Algumas dessas unidades eram formadas exclusivamente por heterossexuais; outras unidades continham membros homossexuais que agiam como “ajudantes” na caça e na criação e cuidados das crianças. Ou seja, os homossexuais embora não tivessem filhos ajudavam a criar seus parentes geneticamente próximos. Desta forma, tal comportamento favorecia seus genes já que quanto maior a quantidade de parentes que ajudassem a criar, maior a probabilidade de transmitirem genes parecidos aos seus. Desta forma, as unidades que incluíam homossexuais acabaram prevalecendo sobre as que eram heterossexuais, o que explicaria a sobrevivência dos supostos “genes da homossexualidade” (GOULD, "A Falsa Medida do Homem", p. 349).

Todavia, segundo Stephen Jay Gould trata-se de uma estratégia perigosa, uma vez que não existe comprovadamente nenhum gene da homossexualidade. Assim, estando a especulação genética errada, o tiro pode sair pela culatra: "Se se defende um argumento dizendo que as pessoas foram diretamente programadas para ele, como se pode continuar a defendê-lo caso a especulação esteja errada?
O comportamento passaria a ser "não-natural" e digno de condenação. O melhor é ficar resolutamente com a posição filosófica da liberdade humana: o que adultos livres fazem entre si, em particular, é problema deles. Não precisa ser justificado — nem deve ser condenado — pela especulação genética” (GOULD, “Darwin e os Grandes Enigmas da Vida", p. 265).

É isso!

3 comentários:

  1. Discordo. A homossexualidade não é uma atividade, não é uma ação, não é uma atitude, não é um comportamento. Seu texto a trata como se ela fosse isso e ela não é. A homossexualidade é uma característica, uma condição. A teoria apenas apresenta uma das possíveis/prováveis hipóteses pelas quais a homossexualidade, enquanto característica, exista e tenha sobrevivido por tanto tempo. Não é a única teoria existente. É uma delas. Por que existem pessoas com orientações sexuais diferentes da hétero? Porque existem homos, bis e até assexuais? Essas orientações sexuais poderiam favorecer o humano em algo? Se poderiam, como poderiam? Uma outra teoria sugere que a homossexualidade possa ser favorável ao controle natal, garantindo assim, o equilíbrio populoso e consequentemente a preservação da espécie. É só uma teoria. Fato é que a homossexualidade existe e sobreviveu aos processos evolutivos. Bem como a atividade sexual homo é observada em todas as espécies de animais sexuados. Sabe-se que existem animais predominantemente homos e até estritamente homos, embora grande parte dos animais sejam potencialmente bissexuais. A ciência reconhece a homossexualidade como um caráter de naturalidade. A ciência entende a homossexualidade como uma variante natural da sexualidade humana, como uma orientação sexual. O que a teoria faz não é discutir sobre isso, é apenas levantar uma hipótese. Não existem genes que suficientemente determinem nenhuma orientação sexual, seja hétero, homo, bi ou assexual. O que sabemos é que os genes podem influenciar/pré-dispor. Tratar a homossexualidade como uma atividade arbitrária é ser ignorante sobre o que é a homossexualidade. Em toda orientação sexual existe um sexo que se configura como seu objeto de desejo. Esse sexo que é o objeto de desejo de cada orientação sexual pode ser o mesmo sexo, o sexo oposto, os dois sexos, ou até nenhum deles. A excitação sexual ocorre como uma resposta sexual aos estímulos sexuais visuais positivos dos quais alguém é exposto. Se submtermos homens homos a estímulos sexuais visuais do sexo feminino, eles não apresentarão excitação sexual, por não possuírem resposta sexual positiva/eficiente para os estímulos sexuais visuais do sexo feminino, já que o sexo feminino não se configura como o objeto de desejo de sua orientação sexual. Se submetermos homens héteros aos estímulos sexuais visuais do sexo masculino, eles não apresentarão excitação sexual, por não possuírem resposta sexual positiva/eficiente para os estímulos sexuais visuais do sexo masculino, já que o sexo masculino não se configura como o objeto de desejo da sua orientação sexual. Se submetermos homens bis aos estímulos sexuais visuais de qualquer sexo, eles irão apresentar excitação sexual, por possuírem resposta sexual positiva/eficiente para os estímulos sexuais visuais de ambos os sexos, já que os dois sexos se configuram como objeto de desejo da sua orientação sexual. Se submetermos homens assexuais aos estímulos sexuais visuais de ambos os sexos, eles não apresentarão excitação sexual, por não possuírem resposta sexual positiva/eficiente para nenhum dos sexos, já que nenhum dos sexos se configura como objeto de desejo da sua orientação sexual. Tesão não é uma escolha. Tesão não é algo arbitrário. Um homem não escolhe fazer o seu pênis ficar ereto ao ficar excitado e, também não escolhe qual sexo ao qual ele é exposto fará com que ele fique excitado e o seu pênis fique ereto. Não podemos decidir por qual sexo nos sentimos atraídos. Não somos capazes de escolher qual sexo que fará com que o pênis de um determinado homem fique ereto, ao expô-lo aos estímulos sexuais de cada sexo. Não podemos escolher o que lhe causará excitação sexual porque não podemos escolher qual será a sua resposta sexual positiva/efetiva para cada sexo. A homossexualidade é uma característica.

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  2. (Parte 2 do meu comentário.)
    Apenas pessoas bissexuais sentem atração sexual por ambos os sexos. Homossexuais não são bissexuais. Heterossexuais não são bissexuais. Assexuais não são bissexuais. Toda orientação sexual é uma característica. É como dizer que pessoas canhotas têm o direito de escreverem com a mão esquerda. Ora, se essa é a sua mão naturalmente dominante então essa é a mão com a qual elas estão naturalmente condicionadas a escrever. Ser hétero, homo, bi e assexual são características, tal qual ser destro, canhoto e ambidestro. Já foram levantadas teorias pelas quais pessoas são destras, canhotas ou ambidestras. Atualmente, acredita-se que essas pessoas já nasçam com essa característica pré-determinada e que a isso não seja necessariamente de causa genética, mas sim seja algo resultado da formação da sua estrutura vertebral. Antes acredita-se que essas características estavam relacionadas com a maior parte lateral do cérebro, que a parte lateral mais saliente do cérebro seria responsável por determinar respectivamente qual seria o braço dominante de alguém. Acredito que o caráter a orientação sexual seja o neurobiológico, tal qual deve ser o mesmo caráter de ser alguém destro, canhoto ou ambidestro. Enfim, submetendo as pessoas a testes de orientação sexual por resposta sexual, poderemos não só entendermos que orientação sexual não é meramente um comportamento, como ser canhoto não é meramente um comportamento, como também poderemos sabe observar qual é a verdadeira orientação sexual de casa pessoa.

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    1. "Toda orientação sexual é uma característica."
      A assertiva acima é abstrata, e pouco diz sobre haver um tipo determinado de gene que leva alguém a ter essa característica. Pode até ser que futuramente a ciência venha elucidar a questão por esse viés, até lá, porém, Gould, não erra em dizer que nada há de errado na pessoa fazer suas opções, cabendo somente a elas, no seu pleno arbítrio, seguirem seus próprios caminhos... Abraços

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