Thomas Huxley: "o grande puxa-saco de Darwin"

O texto a seguir, escrito por Thomas Huxley uma semana após a morte de Charles Darwin, faz jus à famosa alcunha ("Bulldog de Darwin") que recebeu por sua fidelidade absoluta ao naturalista inglês:

"Conversar com Darwin trazia sempre a lembrança de Sócrates. Havia o mesmo desejo em encontrar alguém mais sábio do que ele; a mesma crença na soberania da razão; o mesmo bom humor imediato; o mesmo interesse colaborativo em todas as formas e trabalhos dos homens. Em vez de desistir a respeito dos problemas da Natureza, considerando-os impossí veis de solução, nosso filósofo moderno dedicou sua vida inteira em atacá-los com o mesmo espírito de Heráclito e de Demócrito, cujos resultados são a substância da qual suas especulações eram apenas sombras auspiciosas.

Neste momento, a devida apreciação ou até mesmo a enumeração desses resultados não é praticável, tampouco desejável. Há um tempo para cada coisa - um tempo para nos glorificarmos em nossas constantes con quistas sobre o reino da Natureza e um tempo para chorar nossos heróis que nos lideraram nessas vitórias.

Ninguém lutou melhor, assim como ninguém foi mais afortunado do que Charles Darwin. Ele encontrou uma grande verdade que foi pisada e ultrajada por ignorantes, e ridicularizada por todo o mundo. Mas ele viveu o suficiente para vê-la, mormente por meio de seus próprios esforços, esta belecida de maneira irrefutável na ciência, incorporada de maneira inseparável dos pensamentos comuns dos homens e odiada e temida pelas pessoas que a prejudicariam, mas não ousariam desafiá-la. O que um homem poderia desejar mais? Uma vez mais, a imagem de Sócrates surge de repente e o nobre epílogo da
Apologia soa em nossos ouvidos como se fosse o adeus de Charles Darwin:

"A hora da partida chegou e seguimos nossos caminhos - eu para morrer e vocês para viverem. Qual é o melhor? Somente Deus sabe!".

Fonte:
Thomas Henry Huxley: "Darwiniana: 'A Origem das Esécies' em debate". Madras Editora. tradução: Fulvio Lubisco. São Paulo, 2006.

É Isso!

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