O valor semântico da palavra “evolução”

O embaraço dos darwinistas com a palavra “evolução” é simplesmente jibóico. Por mais que tentem desassociá-la do conceito de “progresso”, esbarram-se diante do fato de que seu uso inicial tinha exatamente esta finalidade, ou seja, a de denotar a ação ou resultado de progredir, a marcha ou movimento para diante, o desenvolvimento ou continuidade de uma ação, e por aí vai. O dilema é de tal monta que alguns professores de Biologia, constrangidos com a realidade semântica atrelada ao uso deste termo, já sugerem algo como “Teoria da Transmutação”, “Teoria da Adaptação”, “Teoria da Transformação” etc.

A palavra “evolução”, portanto, parece não fazer sentido sem seu vínculo com “progresso”, uma vez que foi exatamente dessa maneira que se utilizou Darwin ao escrever todas suas obras e estabelecer sua teoria. Em “A Origem das Espécies” ele deixa isso bem claro: “
A seleção natural atua exclusivamente no meio da conservação e acumulação das variações que são úteis a cada indivíduo nas condições orgânicas e inorgânicas em que pode encontrar-se colocado em todos os períodos da vida. Cada ser, e é este o ponto final do progresso, tende a aperfeiçoar-se cada vez mais relativamente a estas condições. Este aperfeiçoamento conduz inevitavelmente ao progresso gradual da organização do maior número de seres vivos em todo o mundo. Mas referimo-nos aqui a um assunto muito complicado, porque os naturalistas ainda não definiram, de uma forma satisfatória para todos, o que deve compreender-se por ‘um progresso de organização’. Para os vertebrados, trata-se claramente de um progresso intelectual e de uma conformação que se aproxime da do homem. Poder-se-ia pensar que a soma das alterações que se produzem nas diferentes partes e nos diferentes órgãos, por meio de desenvolvimentos sucessivos desde o embrião até à maternidade, basta como termo de comparação...” (Lello & Irmão Editores, p. 138).

No que diz respeito ao homem em especial, o conceito de evolução como progresso constitui-se a própria essência da doutrina; do contrário, não seria possível explicar o desenvolvimento moral e intelectual do homem a partir de sua condição semi-humana. Em “A Origem das expressões no homem e nos animais”, isso fica patente: “
Nos humanos, algu­mas expressões, como o arrepiar dos cabelos sob a influência de terror extremo, ou mostrar os dentes quando furioso ao extremo, dificilmente podem ser compreendidas sem a crença de que o homem existiu um dia numa forma mais inferior e ani­malesca. A partilha de certas expressões por espécies diferentes ainda que próximas, como na contração dos mesmos músculos faciais durante o riso pelo homem e por vários grupos de ma­cacos, torna-se mais inteligível se acreditarmos que ambos descendem de um ancestral comum. Aquele que admitir que, no geral, a estrutura e os hábitos de todos os animais evoluíram gradualmente, abordará toda a questão da Expressão a partir de uma perspectiva nova e interessante” (Companhia das Letras, p. 17).

Já no seu “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”, esse entendimento torna-se ainda mais evidente: “
Até aqui tenho considerado somente o progresso do homem, saindo de uma condição semi-humana para aquela do moderno selva­gem. Merece que se acrescentem algumas referências a propó­sito da ação da seleção natural nas ações civilizadas. Este tema tem sido discutido com habilidade por W. R. Greg e anteriormente por Wallace e por Galton. Muitas das minhas observações são extraídas destes três autores. Nos selvagens, as fraquezas do corpo e da mente são imediata­mente eliminadas; aqueles que sobrevivem, apresentam nor­malmente um vigoroso estado de saúde” (p. 160). E mais adiante: “No caso das estruturas corpóreas, o fator que contribui para um progresso de uma espécie é a sele­ção de indivíduos ligeiramente mais dotados e a eliminação daqueles menos dotados, e não a conservação de anomalias fortemente acentuadas e raras. O mesmo se dará com as faculdades intelectuais, visto que os homens um pouco mais hábeis em qualquer grau da sociedade têm melhor êxito do que os menos hábeis e, conseqüentemente, progridem em número, quando não são obstaculados de um outro modo. Quando numa nação o nível de inteligência e o número de pessoas inteligentes cresceram, de acordo com a lei do desvio da média, podemos contar com o aparecimento dos gênios com um pouco mais de frequência do que antes” (p. 164). E, para completar: “A julgar de tudo o que sabemos do homem e dos animais inferiores, sempre tem havido uma sufi­ciente variabilidade em suas faculdades morais e intelectuais para um progresso seguro através da seleção natural” (Hemus Editora, p. 171).

É isso!

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