"Em um artigo escrito por Freud em 1916 e publicado nos primeiros dias de 1917 no periódico húngaro Nyugat, Freud começa a escrever sobre as resistências mais gerais às teorias da Psicanálise.
O artigo intitulado “Uma dificuldade no caminho da Psicanálise” associa os efeitos das teorias freudianas àqueles produzidos pelas pesquisas científicas, em particular às idéias de Copérnico e Darwin, pois os três teriam imposto uma sucessão de “feridas narcísicas” à humanidade, à medida que colocaram em questão a crença que o homem primitivo sempre nutriu em relação a “onipotência de suas idéias e as conseqüentes tentativas de influenciar o curso dos acontecimentos”.
Primeiramente o amor próprio da humanidade teria sofrido o que Freud chamou de “golpe cosmológico” com Copérnico no séc. XVI, quando o reconhecimento geral de sua teoria desloca o homem da posição de habitante do centro do universo, para habitá-lo em um pequeno e inexpressivo planeta inúmeras vezes menor que o Sol. Sobre isso diz ele:
... já os pitagóricos haviam lançado dúvidas sobre a posição privilegiada da Terra: e, no séc. III a.C., Aristarco de Samos havia declarado que a terra era muito menor que o sol e movia-se ao redor deste corpo celeste. Mesmo a grande descoberta de Copérnico, portanto já fora feita antes dele. Quando esta descoberta atingiu um reconhecimento geral, o amor próprio da humanidade sofreu o seu primeiro golpe, o golpe cosmológico.
Em seguida veio o “golpe biológico” na arrogância do homem, pois este, em sua pretensa supremacia avalizada por possuir razão e por acreditar na imortalidade de sua alma, percebia-se com uma natureza muito distante e diferente daquela atribuída aos animais. As pesquisas de Charles Darwin trouxeram uma outra visão sobre a natureza do homem, mostrando que este não é um ser diferente dos animais, pois ele próprio tem ascendência animal, o que o colocaria mais próximo da algumas espécies e mais distante de outras, mas jamais superior a elas. Diz Freud: “As conquistas que realizou posteriormente não conseguiram apagar as evidências, tanto na sua estrutura física quanto nas suas aptidões mentais, da analogia do homem com os animais.”
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É isso!
Fonte:
MARLY ALVES DAÓLIO: "O PERCURSO DO DESCENTRAMENTO DO SUJEITO DO INCONSCIENTE NA TEORIA FREUDIANA, O DESAMPARO E A REVISÃO ÉTICA QUE O ACOMPANHA". (Dissertação apresentada à banca examinadora da Pós-Graduação Stricto Sensu mestrado em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como exigência parcial para a obtenção do grau de mestre em Filosofia. Orientador: Francisco Verardi Bocca). CURITIBA, 2006.
Nota:
O artigo intitulado “Uma dificuldade no caminho da Psicanálise” associa os efeitos das teorias freudianas àqueles produzidos pelas pesquisas científicas, em particular às idéias de Copérnico e Darwin, pois os três teriam imposto uma sucessão de “feridas narcísicas” à humanidade, à medida que colocaram em questão a crença que o homem primitivo sempre nutriu em relação a “onipotência de suas idéias e as conseqüentes tentativas de influenciar o curso dos acontecimentos”.
Primeiramente o amor próprio da humanidade teria sofrido o que Freud chamou de “golpe cosmológico” com Copérnico no séc. XVI, quando o reconhecimento geral de sua teoria desloca o homem da posição de habitante do centro do universo, para habitá-lo em um pequeno e inexpressivo planeta inúmeras vezes menor que o Sol. Sobre isso diz ele:
... já os pitagóricos haviam lançado dúvidas sobre a posição privilegiada da Terra: e, no séc. III a.C., Aristarco de Samos havia declarado que a terra era muito menor que o sol e movia-se ao redor deste corpo celeste. Mesmo a grande descoberta de Copérnico, portanto já fora feita antes dele. Quando esta descoberta atingiu um reconhecimento geral, o amor próprio da humanidade sofreu o seu primeiro golpe, o golpe cosmológico.
Em seguida veio o “golpe biológico” na arrogância do homem, pois este, em sua pretensa supremacia avalizada por possuir razão e por acreditar na imortalidade de sua alma, percebia-se com uma natureza muito distante e diferente daquela atribuída aos animais. As pesquisas de Charles Darwin trouxeram uma outra visão sobre a natureza do homem, mostrando que este não é um ser diferente dos animais, pois ele próprio tem ascendência animal, o que o colocaria mais próximo da algumas espécies e mais distante de outras, mas jamais superior a elas. Diz Freud: “As conquistas que realizou posteriormente não conseguiram apagar as evidências, tanto na sua estrutura física quanto nas suas aptidões mentais, da analogia do homem com os animais.”
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É isso!
Fonte:
MARLY ALVES DAÓLIO: "O PERCURSO DO DESCENTRAMENTO DO SUJEITO DO INCONSCIENTE NA TEORIA FREUDIANA, O DESAMPARO E A REVISÃO ÉTICA QUE O ACOMPANHA". (Dissertação apresentada à banca examinadora da Pós-Graduação Stricto Sensu mestrado em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como exigência parcial para a obtenção do grau de mestre em Filosofia. Orientador: Francisco Verardi Bocca). CURITIBA, 2006.
Nota:
O título e a imagem inseridos no texto não se incluem na referida tese.
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