"Para não dizer que não falei de flores..."

Não tenho por hábito ler livros de auto-ajuda, mas abrir uma exceção para “Deus, um Delírio”, de Richard Dawkins. Auto-ajuda?

Ora, se existem livros de auto-ajuda para religiosos que odeiam ateus, por que não livros de auto-ajuda para ateus que odeiam religiosos? Relevada as devidas proporções ideológicas, qual a diferença de um livro do tipo “Um ateu garante: Deus existe” e outro do tipo “Um cristão garante: Deus não existe”?

No fim o objetivo é mesmo, ou seja, nem provar nem desaprovar a existência de Deus, mas apenas manter uma discussão que rende muito, inclusive dinheiro.

Quando um ateu que se diz convicto de sua descrença ou quando um religioso que se diz convencido de sua crença tentam provar a todo custo que Deus inexiste ou existe, o que realmente eles querem é provar para si próprios que sua descrença ou crença faz algum sentido.

Mas voltando ao Dawkins, de vez em quando ele consegue “dá uma dentro” quando critica a religião. Por exemplo, ao citar alguns dos corriqueiros argumentos usados por religiosos a fim “provar” a existência de Deus, tais como:

Argumento da Devastação Incompleta
: Um avião caiu matando passageiros e tripulantes. Mas uma criança sobreviveu só com queimaduras de terceiro grau. Portanto, Deus existe.
Argumento dos Mundos Possíveis: Se as coisas tivessem sido diferentes, as coisas seriam diferentes. Isso seria ruim. Portanto, Deus existe.
Argumento do Puro Desejo: Creio mesmo em Deus! Creio mesmo em Deus! Creio, creio, creio, creio. Creio mesmo em Deus! Portanto, Deus existe.
Argumento da Descrença: A maioria da população do mundo é de pessoas que não acreditam em Deus. Isso era exata-mente o que Satã queria. Portanto, Deus existe.
Argumento da Experiência Após a Morte: A pessoa X morreu atéia. Hoje ela percebe seu erro. Portanto, Deus existe.
Argumento da Chantagem Emocional: Deus o ama. Como você pode ser tão insensível e não acreditar nele? Portanto, Deus existe (Companhia das Letras, 2007, p. 96).

Sempre me pergunto sobre o que é mais fácil: provar que Deus existe ou deixar que Deus mesmo se faça provar? Aliás, pensando teologicamente, será que Deus (levando em conta sua existência) quer realmente ser “provado”? Por que, afinal, não tomar a crença em Deus como um atributo exclusivo da fé?

É isso!

3 comentários:

  1. Todos estes argumentos se aplicam surpreendentemente bem à Selecção Natural.

    Claro,......após tantos anos defendendo a Selecção Natural, o professor já se atreve com qualquer coisa

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  2. Caro Emilio,

    De certa forma sim. Em alguns casos e exemplos, a Seleção Natural parece atuar como um deus grego, mais especialmente como Baco (Βάκχος). ((rs))
    É isso!

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  3. Quer dizer, não acreditar em deus, e uma crença?

    Então se for assim, não colecionar selos, é um hobby.

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