Faça-se Newton!

Embora tenha formulado suas teorias no século XVII, o reinado de Newton alcançaria toda sua plenitude no século das Luzes, período em que se verifica o triunfo da física experimental. A obra basilar de Newton, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, na qual o físico inglês desenvolveu sua teoria da atração dos planetas e da queda dos corpos, não era de fácil entendimento. Entretanto, ao colocar as abstrações matemáticas a serviço da física para, através da experimentação empírica, extrair da natureza suas próprias leis, Newton descortinava novos horizontes para o desenvolvimento científico.

Na Europa do século XVIII, a natureza tornou-se objeto de empreendimentos múltiplos, ponto de partida e de chegada de reflexões sobre economia, política, filosofia, moral e teologia. “Em nome do pressuposto ideológico de uma primazia das ciências físicas para o desenvolvimento da ciência moderna, da matematização do universo e das certezas matemáticas aplicadas com sucesso ao mundo dos fenômenos físicos, o século XVIII foi considerado como o século de Newton. “ Suas obras eram comentadas por seus discípulos nas academias e universidades e, superadas as primeiras incompreensões, explicavam-nas aos últimos incrédulos. Mesmo em estruturas de pensamento rígidas de universidades como a Sorbonne, a filosofia de Newton gradualmente se firmava. Por outro lado, Voltaire, em francês, e Algarotti, em italiano, encarregavam-se de divulgar as idéias newtonianas colocando-as ao alcance do grande público. Na Inglaterra, o poeta Alexander Pope traduziu em versos sua reverência a Newton.

Em 1735, o primeiro empreendimento científico de caráter internacional reunia cientistas e geógrafos em torno de um objetivo comum: determinar, através da observação e experimentação matemáticas, a forma exata da Terra. Um grupo liderado pelo físico francês Maupertius, partiu em direção à Lapônia para medir um grau longitudinal no meridiano. Para proceder à mesma mensuração no Equador, outro grupo seguia rumo a América do Sul encabeçado por Luois Godin. Esta expedição entrou para a história com o nome de um dos seus poucos sobreviventes: Charles de la Condamine. Incumbida de verificar empiricamente se a Terra seria uma esfera, como queria Descartes, ou um esferóide achatado nos polos, como conjeturara Newton, a expedição La Condamine confirmaria o cálculo newtoniano.”

---
É isso!

Fonte:
Ana Lúcia Rocha Barbalho da Cruz: “Verdades por mim vistas e observadas oxalá foram fábulas sonhadas”. (Cientistas brasileiros do setecentos, uma leitura auto-etnográfica Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de doutor, ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Paraná, sob orientação da Profª Drª Etelvina Maria de Castro Trindade e co-orientação do Prof. Dr. Magnus Roberto de Mello Pereira.

Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Excetuando ofensas pessoais ou apologias ao racismo, use esse espaço à vontade. Aqui não há censura!!!