A História do Brasil através das charges: Década de 10


Um pouco da História do Brasil através de charges publicadas em seus periódicos ao longo dos tempos. Nesta postagem, eventos que marcaram a segunda década de século XX.


Enterrando os mortos
Quando o canhão cala... há "pás" na terra.

Nota:
A charge (de 1915) remete à Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914, um conflito de proporção mundial que trouxe uma expectativa sombria, motivada principalmente pelas disputas entre as grandes potências capitalistas pela posse dos mercados mundiais.

A Terra eriçada
A PAZ - Mas... onde querem que eu pouse?

Nota:
Esta charge também esta relacionada à Primeira Guerra Mundial, conflito este que envolveu inúmeros países da Europa e de outros continentes, como o Brasil, na América, entre outros. A charge foi publicada na revista "A Cigarra", em 1916.


A aliança secular
PORTUGAL (monologando) - Os pequenos sempre foram muito úteis.

Nota:
Outra charge ligada à Primeira Guerra Mundial. Ela foi publicada na revista "A Cigarra" em 1916, quando a Inglaterra solicitou a Portugal que tomasse posse dos navios alemães, o que levou a Alemanha a declarar guerra ao país ibérico. Lembrando que historicamente Portugal sempre serviu aos interesses da Inglaterra, como no caso do Tratado de Methuen, de 1703, que deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal, o qual, em troca, teve reduzidas suas tarifas de importação de vinho. O "secular" tem o seu "quê" de ironia, e parece remeter a questões envolvendo Inglaterra-Portugal-Brasil.


O tônico do pobre
Emoção de chicote.

Nota:
A charge (de 1916) é um trocadilho perspicaz com o famoso tônico "Emulsão de Scott". Além de uma crítica ao elevado preço dos remédios, a charge tipifica muito bem o contexto histórico de "melhoria do corpo", o que remete aos ideais eugenistas tão em voga na época. A primeira metade do século XX foi marcada pela proliferação dos chamados "tônicos", como o famoso Biotônico Fontoura e o próprio Emulsão de Scott.


Os conselhos do Conselheiro
Rodrigues Alves - Sobretudo muito cuido com o "savoir vivre"... É preciso não desgostar o Braz.
Altino Arantes - O Braz: ... Não entendo.
Rodrigues Alves - Sim, o Venceslau.

Nota:
A charge (de 1916) reflete a elite política paulista. Na época o presidente do Brasil era Wenceslau Braz, o qual fora apoiado por Rodrigues Alves, que governava São Paulo. A expressão francesa ""savoir vivre" significa "etiqueta" ("saber viver"). O "É preciso não desgostar o Braz", na fala de Rodrigues Alves, parece ser um trocadilho com o bairro do Braz, um grande reduto de eleitores na época.

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Fonte:
Revista "A Cigarra", edições de 1916, disponível digitalmente no site: Domínio Público

Um comentário:

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