Anúncios antigos de cigarros - VII


A indústria tabagista soube explorar de todos os modos todos os espaços culturais possíveis, dentre os quais, destaca-se o cinema. Era comum que os grandes galãs de Holywood atuassem tendo à boca um cigarro fumegante. Essa massificação do tabaco como algo diretamente associado à fama, ao glamour, ao prazer e à aventura, certamente fora preponderante para que se elevasse sobremaneira o número de fumantes ao redor do mundo.

E, para não ficar em minhas insipientes letras, faço menção de um pequeno trecho da excelente Dissertação de Mestrado de Miguel Angel Schmitt Rodrigue, intitulada "Cinema clássico americano e produção de subjetividades: o cigarro em cena", na qual trata ele longamente sobre a ligação entre a indústria tabagista e a indústria cinematográfica: "Desta maneira, no processo de mudanças pelos quais os filmes de Hollywood ganham nova temática, o que se pode observar é que o cigarro não fica relegado aos antigos “galãs”. Ele continua sendo um elemento que compõe a estética dos novos “astros”; acompanhando as mudanças, passa a ser indício de intenções “libertárias”. Juventude e liberdade: esses são, portanto, os símbolos nos quais, neste novo segmento de filmes, o cigarro passa a se associar. E é interessante notar que se os jovens mudaram de vocabulário e de vestimenta, o cigarro não foi deixado de lado; apenas deixou de ser um símbolo de classe e elegância para o se tornar um indício de rebeldia e transgressão. Desde então, a publicidade da indústria tabaqueira se valeu dessas imagens-clichês para elaborar suas peças e estratégias publicitárias. Não é por acaso que uma das marcas da companhia Souza Cruz leva o nome de Free, e é uma das mais consumidas pelos jovens de nosso país."

Fonte:
Miguel Angel Schmitt Rodriguez: “cinema clássico americano e produção de subjetividades: o cigarro em cena”. Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Maria Bernardete Ramos Flores. Florianópolis, 2008.


Marca: "Minister". A indústria tabagista soube explorar o desejo que todos as pessoas tem de serem felizes e realizadas, daí ser o cigarro sempre apresentado nas propagandas como um "colaborador" em todo esse processo (anúncio de 1969)

Marca: "Minister". A indústria tabagista "segregou" em suas marcas os próprios grupos sociais. Há cigarros de "luxo" e cigarros "comuns", que faz transparecer o status social de quem fumava (anúncio de 1961)

Marca: "Minister". O cigarro vinculado ao desejo de conhecer novos horizontes (anúncio de 1962)

Marca: "Minister". Lugares luxuosos para cigarros "luxuosos", a exploração do anseio humano em se realizar nos seus momentos de lazer (anúncio de 1962)

Marca: "Minister". O cigarro representando o glamour e o prazer de se estar em lugares encantadores (anúncios de 1962)
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Fonte:
Revista "Veja" (anúncios: 1), edições de 1969, disponível digitalmente no site da Veja Digital
Revista "Quatro Rodas" (anúncios: 2-6), edições de 1961 e 1962, disponível digitalmente no site da Quatro Rodas

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