CARACTERÍSTICAS DO ROMANCE POLICIAL



Características do romance policial

Diante da impossibilidade de definirmos claramente o que é romance policial, verificamos que nem mesmo o autor Thomas Boileau-Narcejac chega a um consenso e faz um questionamento:

O que é um romance policial? É curioso constatar que ninguém sabe nada. Os críticos só estão de acordo em um ponto: o romance policial não é um romance como os outros, porque a lógica tem nele um papel preponderante (apud VASQUEZ, s/ data: 26).

Tomamos como romance policial aquele construído a partir de um crime (ou mais), principalmente se for fatal, no qual vítima, criminoso e detetive são primordiais. Esse crime deve ser de morte, ou seja, um assassinato, mas há narrativas policiais que envolvem sequestros, roubos, desaparecimentos etc., como ocorre em alguns contos de Agatha Christie.

Segundo Regina Zilberman, em Como e por que ler a literatura infantil brasileira (2005: 111), “um dos princípios básicos da literatura policial é a consumação do crime já nos primeiras páginas”, portanto, é necessário que a vítima torne-se conhecida logo no início da narrativa.

No que se refere ao criminoso, é essencial que seja um personagem com destaque dentro da narrativa e que conquiste o leitor em sua primeira aparição no romance. No decorrer da trama, o envolvimento entre leitor e personagem deve caminhar para uma relação de familiaridade. O culpado fica mais intrigante no momento em que mostra ser um principiante e não um assassino profissional, o que deixa o leitor surpreso e ainda mais envolvido na sequência de ações.

Dentro dessa estrutura, o detetive costuma ser sério e mais maduro com cerca de 40 anos. Ele pode apresentar duas condutas: ser uma “máquina de pensar” como Dupin e Poirot que seguem a linha do raciocínio e da intuição/dedução, ou ser como Sam Spade que prefere a ação e usa a força física quando necessário.

Desse modo, podemos concluir com estas palavras escritas por Cecília Meireles: “diante de cada história o leitor veste a pele do herói e vive sua vida, arrebatado de sensação à surpresa do desenlace” (1984: 128). Portanto, o romance policial está sempre presente no dia-a-dia das pessoas nos livros, na TV ou na vida real.


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Fonte:
Adriana Pereira de Jesus: “A construção do romance policial em: O caso da estranha fotografia, Berenice Detetive e Droga de Americana!”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Letras. Orientadora: Profª. Drª.  Maria Luiza Guarnieri Atik). São Paulo, 2008.

Notas:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domínio Público

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