Evolucionismo VS Criacionismo: Quadro de relações Semânticas


"A partir da semântica de base do evolucionismo, considerando a natureza dialógica do discurso, de acordo com o que vimos, e ancorando-nos no princípio dialético de que, ao afirmarmos alguma coisa, negamos o seu contrário, encontramos aqui, especialmente através da recusa do discurso do Outro, a mesma semântica de base presente no último parágrafo escrito sobre o criacionismo conservador, na seção intitulada ―uma palavra sobre o posicionamento criacionista. Vejamos.

Quando o neodarwinismo, na seqüência 1, diz que célula não foi projetada, está negando o projeto divino do discurso criacionista. Quando diz que para ― fabricar um relojoeiro não é necessário um criador, está procurando negar o argumento criacionista de que assim como para existir um relógio é necessário um relojoeiro, para existir um relojoeiro é necessário um criador. As três seqüências precedidas pelo número 2 têm o mesmo objetivo, negar que Deus seja o criador. A seqüência 3 é menos enfática que as anteriores, mas está funcionando, de certo modo, para enfraquecer o discurso criacionista que defende que Deus tem um propósito em toda a criação. As seqüências precedidas pelo número 4 são as mais repetidas nesse discurso e procuram mostrar o homem como um animal comum, que tem o mesmo ancestral que os macacos tiveram, negando com isso o discurso criacionista que afirma que Deus criou o homem e que por isso o homem é especial. As seqüências 5 destacam o papel da evolução, negando a doutrina da criação, defendida pelos criacionistas. Até mesmo a metáfora do título ―Farol da Evolução encontra um certo paralelo no discurso criacionista, que considera a Bíblia como uma lâmpada.73 As seqüências de número 6 mostram o sema ―eras e seu correspondente neodarwinista ―milhões (ou bilhões) de anos, negando com isso o discurso criacionista conservador que defende que a criação divina ocorreu há cerca de 10 mil anos.

Assim, a partir do texto "O farol da evolução", analisando a semântica de base do neodarwinismo e analisando sua negação do antagonista é possível constatar que o discurso criacionista é formado a partir dos seguintes temas: (1) projeto, (2) Deus, (3) propósito/teleologia, (4) Homem-Ser-especial/Adão, (5) criação, (6) semana-da-criação.

Para visualizarmos melhor a oposição semântica peculiar aos protagonistas de nossa análise, mostraremos o seguinte quadro de relações semânticas aonde, de um lado é apresentado o que o criacionismo conservador afirma (e, por conseguinte, o neodarwinismo nega) e de outro lado é apresentado aquilo que o neodarwninismo afirma (e, conseqüentemente, o criacionismo conservador nega)."


É isso!

Fonte:
NILSON CÂNDIDO FERREIRA. "EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO: ASPECTOS DE UMA POLÊMICA" (Tese apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas, como requisito para obtenção do título de Doutor em Lingüística, na área de Análise do Discurso). Orientador: Prof. Dr. Sírio Possenti CAMPINAS, SP 2008.

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