Evolução e depressão

Do ponto de vista evolutivo, que vantagens poderiam advir das doenças da mente, tais como a depressão, a melancolia, a tristeza, a neurose, entre tantas outras?

Natalie Angier, em “A Beleza da Fera”, citando nomes muito populares, tais como: Lord Byron, Percy Bysshe Shelley, Herman Melvilie, Robert Schumann, Virginia Woolf, Sarnuel Taylor Coleridge, Ernest Hemingway, Robert Lowell, Theodore Roethke, acredita que a criatividade seria a resposta mais plausível evolutivamente falando. Escreve ela:

“Seja qual for o campo de atividade, os indivíduos mais notavelmente criativos sofrem de neurose bipolar e depressão em taxas de dez a trinta vezes maior do que a que é encontrada na população em geral. E ainda que a criatividade seja um elemento essencial em muitas profissões, o elo entre criatividade e instabilidade mental é mais pronunciado nas artes do que em outros campos. Em uma pesquisa com 1.004 indivíduos da estatura de Aldous Huxley, Alexander Graham Beil, Alberi Einstein e Henri Matisse, os psiquiatras descobriram que os distúrbios mentais eram comparativamente mais comuns entre os artistas. Por exemplo, a taxa de alcoolismo foi de 60 por cento entre atores e 41 por cento entre romancistas, e de apenas 3 por cento entre pessoas das ciências físicas, e de 10 por cento entre oficiais militares. No caso da psicose maníaco-depressiva, 1 7 por cento dos atores e 13 por cento dos poetas sofriam da doença enquanto a incidência foi de menos de 1 por cento entre os cientistas, mais ou menos igual à taxa na população em geral”.

No caso específico da psicose maníaco-depressiva, ela aponta as seguintes vantagens:

“De uma perspectiva da evolução, o distúrbio maníaco deve ser considerado mais como uma característica do que como uma doença, uma variação genética sobre um tema de temperamento, que em tempos pré-históricos conferiu fortes vantagens àqueles que o herdavam. Pode-se apenas especular sobre a natureza de tais vantagens, mas genes cerebrais de maníacos-depressivos mostraram padrões distintos no metabolismo do córtex pré-frontal, a parte mais avançada do cérebro e sede do intelecto humano, indicando que as mudanças nas bases do pensamento ocorreram paralelamente às mudanças nos estados emocionais e físicos”.

A Teoria da Evolução, semelhantemente à psicologia freudiana, sempre tem resposta para tudo. Nada há debaixo do céu que Darwin e Freud não possam explicar. Essa é uma das razões porque o darwinismo e o fereudismo, para alguns especialistas, não podem ser considerados “ciência” no sentido estrito da palavra.

É isso!

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Fonte:
Natalie Angier: "A Beleza da Fera: Novas formas de ver a natureza da vida". Tradução: Rui Cerqueira e Erika Hingst. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 1998.

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