Um pouco das história dos BLOGS

Uma breve cronologia

“É difícil determinar exatamente quando e onde surgiram os blogs, uma vez que seu estilo e formato foram delineados ao longo dos anos. Não foi apenas uma pessoa, instituição ou empresa que definiu o que seria um diário virtual e qual formato ele teria. Segundo os autores de We Blog Publishing online with weblogs, eles surgiram de forma espontânea em vários sites ao redor do mundo (Bausch, P; Haughey, M; Hourihan, M, 2002: 08). De simples diários na rede, tornaram-se ferramentas de publicação editorial e de opinião de milhares de pessoas. Cresceram organicamente desde que seus primeiros autores começaram a se interconectar com milhares de leitores e também entre si.

Um dos pioneiros da criação de ferramentas utilizadas quase exclusivamente pelos blogs foi Dave Winer, da Universidade de Harvard, ao criar o serviço de “tra-ckback”, uma ferramenta que possibilitava a ligação dos blogs a textos pessoais mais antigos, por meio de uma ligação na própria página. Em 1997, o americano John Barger criou seu site, que continha links para cerca de trinta páginas, com pequenas descrições de seus conteúdos. Abaixo destes links, ele fazia comentários pessoais, que funcionavam como uma espécie de complemento aos links. Finalmente, em dezembro de 1997, seu autor cunhou o termo weblog, para definir as páginas pes-soais que utilizavam ferramentas que permitiam não só a ligação a outras páginas mais facilmente, como o uso de blogrolls (gestão de links) e trackbacks (gestão de arquivos), assim como comentários aos textos.

Ao longo do ano de 1998, muitos outros sites com a mesma estrutura se espalharam pela rede, denominando-se weblogs. Em vez de adicionarem novas páginas ao website, seus autores publicavam pequenos textos numa única página, que era atualizada constantemente. Este também foi o ano do início da era dos portais e o início da bolha das empresas “ponto com”. Nesse estágio inicial, os portais pretendiam prender sua audiência ao máximo. Por este motivo, links externos, isto é, que levavam o leitor para outros sites, não eram muito utilizados. No entanto, a estrutura dos blogs incentivava o contrário.

No início de 1999, Peter Merholz criou na sua página pessoal a palavra blog como diminutivo de weblog, através da separação da frase weblog em “wee blog”, que foi assim interpretada como a abreviatura da frase weblog. No mesmo ano foram lançadas as ferramentas de publicação de conteúdo de blogs, como o Blogger. Antes desses lançamentos, os autores de blogs eram obrigados a operacionalizar seus próprios softwares de publicação, ou desenvolver todas as páginas manualmente em HTML, todos os dias. Esta limitação técnica explica por que os autores de blogs se restringiam a programadores e profissionais do ramo da tecnologia da informação. A figura 2 refere-se à versão do serviço Blogger (www.blogger.com) em maio de 2008: Com a inserção destes dois serviços, além de outros com as mesmas funcionalidades que apareceram daquele momento em diante, qualquer pessoa que pudesse digitar e tivesse acesso à rede poderia ser autor de um blog, sem custos.

Durante 2001, a explosão da popularidade e o crescimento dos blogs continuava. Em 2002, jornalistas profissionais passam a fazer uso dos blogs, tanto com finalidade profissional quanto pessoal. No início desse mesmo ano, a expansão se acelerava e o aumento do número de blogs ocorria, principalmente, devido à crescente ameaça de invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Certamente os acontecimentos que sucederam a queda das torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001, em Nova York se tornaram um marco histórico. Além das conseqüências econômicas, culturais e políticas por todo o mundo, esse evento marcou profundamente as características e as funcionalidades dos blogs.

A facilidade de publicar conteúdo que o mundo todo visualizasse se tornou imprescindível e favoreceu milhares de pessoas em busca de notícias sobre parentes, amigos e sobreviventes. Os blogs permitiram que histórias alternativas àquelas contadas pelos jornais e revistas fossem conhecidas. Serviços de publicadores de blogs passaram a oferecer ferramentas de busca e tematização a partir das necessidades enfrentadas pelos leitores para buscar blogs que tratassem de assuntos específicos.

Até 2003, os blogs mais populares, segundo Bausch (2002), eram os blogs pessoais nos quais pessoas de diferentes idades e gêneros escreviam sobre os mais variados assuntos. O fenômeno expandiu-se a todo o mundo, sendo utilizado para diversas funções, desde diários pessoais (a sua verdadeira origem), até para apoio político e social, passando por diários com conteúdos para adultos. Os blogs desenvolveram-se a ponto de abordar qualquer assunto e refletem pontos de vista que se estendem do mundo privado de seu autor ao mundo público da cultura e de acontecimentos ao redor do mundo, além de todo o conteúdo entre esses dois extremos.

O formato blog popularizou-se de tal forma desde o seu surgimento que seus usos e funcionalidades multiplicaram-se. Grandes conglomerados empresariais criaram blogs para facilitar a interlocução entre seus diversos departamentos, bem como para representar um instrumento de contato com os consumidores. Algumas empresas patrocinam blogs de pessoas que se comprometam a divulgar seus produtos a alvos específicos de consumidores. Também os grandes portais na rede já hospedam uma grande quantidade de blogs, tanto de autores já conhecidos no circuito midiático quanto de anônimos.

Uma das principais conseqüências da popularização dos blogs, a emergência do chamado jornalismo cidadão colocou em xeque a atividade jornalística. No novo século, os blogs passam a fazer parte do contexto do jornalismo on-line na atualidade. Para utópicos, o blog seria um meio totalmente caracterizado pela liberdade de expressão, que subverteria a hierarquia de poder perpetuada pelos grandes conglomerados midiáticos. Para os céticos, um meio de expressão incapaz de modificar as estruturas empresariais e financeiras a ponto de transformar qualquer cidadão em jornalista:

A grande mídia não consegue mais controlar o campo de batalha e ditar as regras do jogo e quem dele irá participar, quais histórias serão publicadas e quem tem a palavra final. O público agora tem a palavra final. E não há volta, somente um esforço para capturar e manter a audiência baseada na credibilidade (Hewitt: 2005, 94).

A democratização do acesso à informação possibilita que qualquer pessoa seja uma interlocutora dos acontecimentos que ocorrem à sua volta. Os blogs de conteúdo jornalísticos são poderosos meios de distribuição de informação devido às suas características descentralizadas. Seu conteúdo é distribuído pela rede e as perspectivas são variadas, permitindo aos leitores terem acesso a variados pontos de vista sobre o mesmo assunto. Essas características são benéficas, uma vez que não existe censura e não ocorrem problemas com relação a excesso de tráfego, transformando os blogs em ferramentas de utilidade pública em caso de catástrofes e emergências, como ocorreu no dia 11 de setembro de 2001, quando os servidores da imprensa tradicional não foram suficientes para permitir o acesso de milhares de pessoas em busca de informação sobre os atentados.”

---
É isso!


Fonte:
MARIANA DELLA DEA TAVERNARI: “Blogs íntimos: Percursos de sentido no contexto discursivo do meio digital”. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Comunicação, sob a orientação da Profª Dra. Rosana de Lima Soares). Universidade de São Paulo – USP. São Paulo, 2009.

Nota:
O título e a imagem inseridos no texto não se incluem na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Excetuando ofensas pessoais ou apologias ao racismo, use esse espaço à vontade. Aqui não há censura!!!