O texto reflete um pouco todo o otimismo gerado pela corrida espacial, especialmente a “conquista” da Lua pela Apolo-11, evento este comparado na época ao descobrimento da América pelas caravelas de Cristóvão Colombo: “Quando se escrever, daqui a séculos, a história das conquistas do homem, os três astronautas da Apolo-11 terão papel mais importante que o das três caravelas de Colombo” (da revista).
O valor da exploração do espaço já foi provado por progressos em muitas áreas do conhecimento humano. Ela foi um poderoso estímulo à tecnologia, no desenvolvimento dos computadores, da microeletrônica, de materiais e estruturas, da propulsão e dos sistemas de energia e das técnicas de planejamento industrial. No campo das comunicações, da meteorologia, da navegação, da cartografia e do desenvolvimento dos recursos naturais da Terra, a tecnologia espacial já está produzindo benefícios práticos para o homem. E é razoável supor que êsses benefícios mal estão começando a aparecer.
Eis alguns dos muitos progressos que decorrem diretamente dos programas espaciais:
METEOROLOGIA — Os olhos incansáveis dos satélites meteorológicos americanos fotografam diariamente tôda a capa de nuvens que cobre a Terra, colhendo informações às quais todos os países podem ter acesso. A grande vantagem dos satélites é que recolhem informações dos dois terços da superfície terrestre cobertos por oceanos e áreas despovoadas. Até a era espacial, não se dispunha de informações meteorológicas constantes relativas a essas áreas.
Satélites maiores, equipados para medições meteorológicas tanto no plano vertical como em planos laterais, ser o brevemente testados. Tais medições, combinadas com o trabalho de computadores de alta capacitação, de satélites de comunicações e com bóias oceânicas, permitirão a instalação de um sistema de previsões meteorológicas de longo alcance, que entrará em funcionamento no início da década de 70 e produzirá boletins meteorológicoe válidos por até duas semanas.
Cêrca de 52 países estão em condições de usar diretamente os satélites meteorológicos dos Estados Unidos, por meio de equipamentos relativamente baratos. O sistema de Transmissão Automática de Imagens permite a qualquer país receber, de um satélite em trânsito sôbre seu território, fotografias da camada de nuvens existente sôbre qualquer área dêle.
COMUNICAÇÕES — Satélites comerciais do Consórcio internacional de Satélites de Comunicações (lntelsat) já ligam muito países da Ásia, da América do Sul, da Europa e da África em transmissões de televisão, telefone e de informações através dos oceanos. Os satélites comportam, econômicamente, grande volume de tráfego, porque, situados a 35 mil quilômetros de altitude, êles cobrem cada um têrço do globo terrestre, acompanhando a curvatura da Terra. Quatro satélites comerciais já estão em funcionamento, dois sôbre o Atlântico e dois sôbre o Pacífico. Já se verificou, por outro lado, que novos e maiores satélites serão o melhor meio de atender ao aumento anual de 15% na demanda de instalações internacionais de comunicação que os peritos prevêem para os próximos anos. Algumas nações, como a Índia, estudam atualmente a instalação de rêdes nacionais de televisão educativa que operariam por meio de um satélite doméstico.
RECURSOS NATURAIS — Os Estados Unidos planejam, para o início da década de 70, um nôvo satélite, o Eros (Earth Resources Observation Sateilite, Satélite de Observação dos Recursos da Terra), que poderia ser o primeiro passo para a criação de um sistema espacial destinado a promover a melhor utilização dos recursos naturais do pIanêta. Alguns cientistas consideram que êsse seria o mais importante de todos os satélites.
O Eros teria sensores de alcance remoto para pesquisas em larga escala do uso da Terra, para detectar incêndios em florestas, calcular o rendimento de safras, dar o alarma em caso de nuvens de insetos, localizar cardumes, mapear a formação de gêlo nos mares, descobrir veios de água e cartografar os continentes. Tal satélite, por exemplo, poderia cartografar as áreas terrestres do mundo todo em menos de um ano.
Muitas das experiências para tal programa foram realizadas, pela NASA, de bordo de aviões. Mas foram as fotografias tomadas pelos astronautas, com suas câmaras na mão, que estabeleceram as mais amplas perspectivas nesse campo.
As fotografias feitas pelos astronautas mostram, por exemplo, que é possível detectar acumulações de plâncton e certas correntes oceânicas que podem, quase invariavelmente, assinalar a presença de grandes concentrações de peixes. Outras fotografias de astronautas revelaram nôvo conjunto de fraturas geológicas no continente africano; outros estudos revelam que os grandes recursos petrolíferos do Oriente Médio parecem ter origem nessas gigantescas fraturas.
CIÊNCIAS BIOMÉDICAS — Muitos progressos foram realizados nesse campo, especialmente na área dos artifícios mecânicos, como resultado direto dos vôos espaciais tripulados.
Já está em uso em alguns hospitais um sistema de monitor fisiológico, capaz de atender a vários pacientes simultâneamente. sse monitor evoluiu diretamente da tecnologia espacial, e mostra não estar longe o dia em que o estado de todos os pacientes de cada hospital será controlado pelos mostradores de uma instalação central.
Um interruptor que é operado simplesmente pelo movimento dos olhos foi criado pela NASA e já foi adaptado para cadeiras de roda. Ésse interruptor permite a um paraplégico controlar sua cadeira sem mover o corpo ou qualquer de seus membros. O mesmo interruptor poderia capacitar pessoas inválidas a virar páginas de livros, controlar luzes ou termostatos e operar outros equipamentos. Plásticos aluminizados de apenas um milésimo de centímetro de espessura, criados para proporcionar superisolamento no espaço, servem agora como lençóis para o resgate de vítimas de acidentes e outros fins semelhantes. Ésse material tem excepcionais propriedades de reflexão de calor, resistência surpreendente, permite a produção de grandes lençóis que, dobrados, cabem num bôlso comum, e podem servir para improvisar macas, pára-ventos ou recipientes de água.
Muito promissora para exames internos, como o da parede do estômago, é a microlâmpada para iluminar painéis da espaçonave. A lâmpada é suficientemente pequena para passar pelo orifício de uma agulha e, ainda assim, produz brilhante luminosidade.
RESULTADOS CIENTÍFICOS — O programa espacial deu à ciência novos instrumentos para a observação da natureza. Assim, o foguete, o satélite e a sonda enviada ao espaço profundo permitiram que o homem reconstruísse a concepção que tinha da posição da Terra em seu habitat no espaço.
Talvez a mais espantosa descoberta tenha sido a dos cinturões de radiação de Van Allen, que formam, em tôrno da Terra, uma espécie de concha esférica que se torna mais espêssa na altura do equador e é densamente ocupada por perigosas radiações. Outras espaçonaves definiram o constante vento de plasma que se irradia do Sol e que, em interação com o campo magnético da Terra, provoca o aparecirnento de uma gigantesca onda de choque, em forma de arco.
As fotografias lunares produzidas por sondas Orbiter e Surveyor não tripuladas deram grande impulso ao estudo científico da Lua. Mas os mais importantes resultados científicos poderão vir só agora, quando os astronautas da Apoio-11 retornam à Terra trazendo amostras do solo lunar. Êsses primeiros espécimes físicos de um corpo celeste vizinho da Terra poderiam desvendar os mistérios da origem da Lua, da Terra e de todo o sistema solar. A respeito da superfície da Lua, sem ar, sem ventos e sem água, supõe-se que seja hoje muito semelhante à configuração que tinha em seu momento original. As amostras lunares serão examinadas pelo recém-construído Laboratório de Recepção Lunar, em Houston, no Texas. È o mesmo edifício preparado para a quarentena dos astronautas da ApoIo-11, até haver certeza de que não trouxeram organismos lunares que poderiam contaminar a Terra.
Por essa mesma razão, as amostras de solo lunar serão examinadas em câmaras de vácuo, juntamente com plantas e animais em cujo organismo não exista qualquer germe. Dois meses depois, com a quarentena levantada, as amostras serão cortadas, polidas e enviadas a mais de cem pesquisadores (um quarto dos quais em países estrangeiros), para a análise de sua origem e de suas propriedades.”
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Fonte (imagens e texto):
“Fatos e Fotos – Documento Histórico”, julho de 1969. Bloch Editores S.A. Rio de Janeiro.
A respeito da ida do homem "a lua", eu não estou duvidando completamente, mas...quanto mais passa o tempo mais cresce a pulga atras da nossa orelha. Vamos a algumas delas: 1) Se o homem realmente tivesse ido a lua, e se não foi mais pois seria"um gasto desnecessário" eu digo que ao redor do mundo dezenas de milionários que não tem aonde socar seu dinheiro, com certeza financiariam novas viagens, inclusive ia ter gente querendo casar na lua ou passas as bodas de ouro na lua ou coisa assim... 2) Se o homem já tivesse ido a lua ele teria construído uma estação lunar na superfície do satélite, onde os milionários citados anteriormente pagariam fortunas para passar uns dias la... 3) Mesmo que fosse muito dispendioso levar mais seres humanos a lua, se o homem tivesse ido lá, ao menos teriam sido instalados observatórios lunares ou coisa do tipo que dispensasse a presença humana, ao menos, por longos períodos de tempo, alguns anos talvez... Em 1969 mal tinham inventado a tv a cores... as condições extremas da lua também teriam sido um senhor obstaculo a tecnologia daquela época... Não poso ter certeza, mas acho que quanto mais demorarem a confessar, mais feio vai ser o tombo...
ResponderExcluirCaro Anônimo... Em relação a seus argumentos, replico:
Excluir1) O custo elevado, foi um dos motivos para o cancelamento de novas missões à Lua. Além dos riscos muito grandes houve uma mudança de meta científica da Nasa, que passou a se envolver no desenvolvimento de sondas, telescópios espaciais e veículos não tripulados para a exploração do sistema solar como um todo. Após 6 viagens bem-sucedidas num total de doze homens que pisaram na Lua, não há muito mais o que fazer por lá. Bastaram outras missões não tripuladas, americanas e russas, para trazer amostras de rochas lunares e realizar outras pesquisas sobre o ambiente do satélite. Além do mais, a corrida à Lua foi um evento mais político do que científico. Na época, Estados Unidos e União Soviética viviam o auge da Guerra Fria. A conquista do satélite servia, portanto, como uma excelente peça de propaganda. Logo se fosse mentira, os russos seriam os primeiros a denunciar. 2) Não acredito que existam muito milionários dispostos a investir bilhões sem uma boa garantia de retorno financeiro. E se você considerar o equipamento levado pelos astronautas, mais o tempo total de permanência na Lua somando todas as viagens, verá que não dá para construir uma estação lunar. 3) Para as condições extremas na Lua, como ausência de atmosfera,vácuo, temperaturas extremas existem os trajes espaciais. 4) O vôo espacial tripulado vinha sendo testado desde 1961, quando Yuri Gagarin realizou uma volta em torno da Terra. Certamente que 8 anos e bilhões de dólares depois, foram suficientes para permitir a viagem em 1969.
Senhor Anônimo: Pare de comer merda. Isto afeta sua parca sub-inteligência, aliás, inexistente.
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