O Utilitarismo de Stuart Mill


"John Stuart Mill (1806-1873), originariamente admirador de Comte, mas alheado dele por causa das ideias extravagantes expostas no Système de Politique Positive, interessava-se por vários assuntos filosóficos: a lógica (crítica ao silogismo; o princípio de causalidade fica reduzido à lei positivista: uma relação constante entre dois fenômenos); a psicologia (os fatos da vida psíquica são associações de imagens que a ciência pode decompor por meto de uma mental chemistry); a economia (propugnava inicialmente o liberalismo, para depois aderir a um socialismo moderado); a po­lítica (combatia a tirania da maioria, e lutava pela igualdade da mulher); e finalmente, a moral, a maior preocupação do autor.

Utility, diz
Stuart Mill, or The Greatest Happiness Principle, holds that actions are right in proportion as they tend to promote happiness, wrong as they tend to produce the reverse of happiness. By happiness is intended the absence of pain; by unhappiness, pain, and the privation of pleasure . Ao contrário de Bentham, que acreditava numa "aritmética dos prazeres", Stuart Mill admite diferenças qualitativas entre as di­versas espécies de prazeres, diferenças não suscetíveis de uma sis­tematização rigorosamente científica, e sim de uma apreciação jus­ta pelo juízo prudente de um homem experimentado. It is better to be a human being dissatisfied than a pie satisfied; better to be a Socrates dissatisfied than a fool satisfied. And it the fool, or the pig, are of a different opinion, it is because they only know their own side of the question. The other party to the comparison knows both sides. Em segundo lugar, a norme legítima do prazer não é a satisfação individual do agente, but the greatest amount of happiness altogether. Um espírito culto, — e o autor não duvida de que, um dia, todos os homens serão cultos, graças a melhores condições sociais e a uma sólida instrução ra­cional, — está habituado a sair dos limites estreitos da sua perso­nalidade, por contemplar as maravilhas da natureza, por aprazer-se nas obras de arte, por reviver os destinos humanos do passado, e por nutrir-se de esperanças acerca da humanidade vindoura. Sem dúvida, podem surgir conflitos dolorosos entre a utilidade indivi­dual e a coletiva, e aí serão inevitáveis sacrifícios. The utilitarian morality does recognize in human beings the power of sacrificing their own greatest good for the good of others. It only refuses to admit that the sacrifice is itself a good. A sacrifice which does not increase, or tend to increase, the sum total of happiness, it considers as wasted.
A moral utilitarista de Stuart Mill sofre dos de­feitos de toda e qualquer ética positivista: suas normas são relitivistas, seus imperativos não possuem o caráter de uma verdadeira obrigação moral, e às suas leis falta o elemento de sanção ."

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Fonte:
José Van Den Besselaar: "As Interpretações da História através dos Séculos". Editora Herder. São paulo, 1957, p. 209-210.

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