“Se há um país que não tenha durante longas dezenas de anos razão alguma para cobiçar novas terras, é o nosso”. Com esta frase carregada do típico nacionalismo tupiniquim, a revista “Ilustração Brazileira" inicia, na edição de 16 de agosto de 1910, uma reportagem de três páginas, com muitas fotografias, sobre a épica Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a qual, pela enorme quantidade de mortes que causou entre os trabalhadores, ficou temidamente conhecida como a “ferrovia do diabo”. Sabe-se que dos 21.817 homens contratados para trabalhar no empreendimento, 1522 deles vieram a falecer em consequência das muitas enfermidades.
Historicamente as tentativas de implantação de uma estrada de ferro naquela região vêm de longe. Em 1872 uma delas fracassou devido às grandes dificuldades que se encontravam por lá, principalmente as doenças tropicais, como a malária.
Em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, entre o Brasil e a Bolívia, pelo qual ficava reconhecida a soberania brasileira sobre o Acre, o novo governo republicano viu-se na obrigação de construir uma ferrovia no país no trajeto entre Santo Antônio, no Rio Madeira, indo até Guajará-Mirim, no rio Mamoré, que permitiria o acesso boliviano ao mar, através do Amazonas.
Em 1909, a Estrada de Ferro contava com 74 quilômetros construídos, e muitas tinham sido as vítimas das enfermidades que assolavam a região.
No ano em que a revista “Ilustração Brasileira” publicou a citada reportagem, em 1910, os famosos médicos Osvaldo Cruz e Belisário Pena estiveram na obra para realizar o saneamento na área, já que o número de trabalhadores mortos aumentavam a cada dia.
Em 1931, já sob o governo de Getúlio Vargas, há uma intervenção na Ferrovia e, 1966, após 54 anos de atividades, o ditador Castelo Branco decide por finalizar a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que mais tarde seria substituída por uma rodovia.
A seguir publicamos as históricas imagens da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, extraídas da revista “Ilustração Brazileira” (1910), em pleno andamento desse grandioso empreendimento capitalista, que, mais tarde, mostrou-se um jibóico fracasso.
Transporte de caldeiras para a estação de telégrafo sem fio
Armazéns sobre trilhos, em Porto Velho
Bate-estacas em serviços nas obras, em Porto Velho
Funcionárias da repartição de engenharia, em Porto Velho
Estação de polícia da empresa Madeira-Mamoré
Maquinismo para perfuração de poços para as obras da Estrada Madeira-Mamoré, em Porto Velho
Aterro
Acampamentos da obra
Automóvel passando próximo a um dos aterros da obra
Ponte da cavaletes sobre o Rio Jacy-Paraná
Inspetores chegando na obra
Vista das oficinas da empresa, em Porto Velho
Pessoas envolvidas na obra
Vista de um boeiro de alvenaria seca
Vista dos hospitais em Candelária
Propietários da empresa Madeira-Mamoré, os senhores: Kohel, Smith, Geraty, Johnston Palmer Du Bois, Poole, Warner, Wood, Menill e Hull
Rebocadores chegando a Porto Velho com material para a construção da estrada Madeira-Mamoré
Aterro nos barracões em Porto Velho
Inspeção na ponte dos acampamentos
Rio Caracores durante uma enchente
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Fonte:
Revista "Ilustração Brazileira", disponível digitalmente no site: Domínio Público
Fonte:
Revista "Ilustração Brazileira", disponível digitalmente no site: Domínio Público
História que poucos sabem sobre o árduo trabalho de uso e ocupação do solo brasileiro. Gente corajosa se deu para nos legar esse memorial.
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