Detalhes da cidade de RIBEIRÃO PRETO - SP: 1888


Uma breve descrição da importante cidade do interior paulista, a grande Ribeirão Preto, em um texto escrito em 1888, quando já despontava o século XX, e no ano em que se promulgou a famosa Lei Áurea, que decretou oficialmente o fim da escravidão no Brasil.

O secretário da fazenda do Estado de São Paulo, o dr. Cardoso de Almeida, e o prefeito da cidade de Ribeirão Preto, em 1917, o dr. Macedo Bittencourt, quando na inauguração da Caixa Econômica na cidade

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RIBEIRÃO PRETO — Vila

A 21° e 10 de latitude Sul, e 4° e 44 de longitude entre os rios Moji-guaçu e Rio Pardo, distante da Capital de S. Paulo 418 quilômetros, e a 445 metros acima do nível do mar, acha-se colocada a vila do Ribeirão Preto.

Em 1852 alguns Mineiros que residiam no sertão que hoje forma a paróquia do Ribeirão Preto, tomaram a resolução de edificar uma pequena capela sob a invocação de S. Sebastião.

Em 28 de Novembro de 1862, como se vê de um livro que existe no arquivo da Paróquia, o Rev. Padre Jeremias José Nogueira, então vigário da vara de Casa Branca, de ordem do Exm. Sr. Bispo diocesano, demarcou o lado esquerdo do córrego das Palmeiras como o mais apropriado para ser levantada a pequena capela, sob a invocação de S. Sebastião das Palmeiras.

VILLA DO RIBEIRÃO PRETO

Consta porém do mencionado livro que a 28 de Março de 1863 o Rev. Padre Manoel Eusébio de Araújo, por comissão do Rev. Vigário da vara em cumprimento de ordem do Exm. Sr. Bispo, demarcou outro terreno mais alto e mais apropriado para nele ser levantada a ermida, no lugar denominado Barra do Retiro, que mais tarde tomou o de Ribeirão Preto.

Antonio José Teixeira Júnior, vulgo Camachinho, fez tenaz resistência $A escolha do local, á vista do que, José Borges da Costa, Antonio Soares de Castilho e João Alves da Silva, co-proprietários da Fazenda do Ribeirão Preto, fizeram doação de 145 hectares de terras para servir de patrimônio á matriz sob a invocação de S. Sebastião do Ribeirão Preto.

A povoação teve pois começo em 1853, e a capela que serviu de matriz teve provisão de benção em 9 de Janeiro de 1868.

Foi capela curada por provisão de 26 de Novembro de 1869 e canonicamente instituída em 15 de Julho de 1870.

O território da paróquia é um triângulo formado pelo Rio Pardo, Moji-guaçu e Serra Azul, Córrego da Cachoeira, passando pela estação de Cravinhos e Fazenda Velha do Lajeado; de sorte que forma um angulo agudo no Fontal, onde se reúnem o Rio Pardo e o Moji-guaçu, tendo por base a Seria Azul, Cachoeira e Fazenda Velha do Lajeado.

De Cravinhos ao Pontal 116 quilômetros e em sua maior largura 70 quilômetros mais ou menos, pertencendo outrora á Comarca eclesiástica do Belém do Descalvado, foi anexada a de Batatais no ano de 1871. Freguesia por lei provincial n. 51 de 2 de Abril de 1870. Vila por outra lei provincial n. 67 de 12 de Abril de 1871.

Foi mudada a denominação para Vila de Entre-Rios por lei provincial n. 34 de 7 de Abril de 1879, voltando finalmente á primitiva denominação por outra lei provincial n. 99 de 30 de Junho de 1881.

Por sentença do Exm. Sr. Dr. Juiz de, Direito foi determinado que o aforamento do terreno do patrimônio da matriz fosse cobrado na razão de 20 rs. anuais por palmo de frente, com 200 de fundos, sendo este o único rendimento que possui atualmente a Matriz.

TERRAS DE CULTURA

As terras do município são roxas de primeira sorte, próprias para a lavoura de café, cana, algodão e cereais. As matas virgens algum tanto estragadas pelo fogo, porém de extraordinária vegetação. Poucos montes e bem formados.

Aspecto administrativo parcial da cidade em 1888

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Fonte:
Almanach da provincia de São Paulo administrativo, commercial e industrial para 1888 [... ] Sexto anno. Seckler, Jorge (org.), disponível digitalmente no site da biblioteca: Brasiliana - USP

Nota
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Para melhor compreensão do texto, a ortografia utilizada na época foi atualizada para os padrões atuais.

Fonte da imagem:
Revista "A Cigarra", edição de 1917, disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo

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