Eu li isso... (Adrian Desmond e James Moore)


"Mas foram as estatísticas de Malthus que mais impressionaram Darwin em sua vida de abundância. Malthus calculava que, sem controle, a humanidade poderia duplicar sua população em apenas 25 anos. Mas não duplicava; se o fizesse, o planeta seria devastado. A luta pelos recursos desacelerava o crescimento e um catálogo horripilante de mortes, doenças, guerras e fome colocavam a população em cheque.

Darwin percebeu que uma luta idêntica ocorria em toda a natureza e compreendeu que essa luta poderia ser transformada em uma força verdadeiramente criativa.
Ele havia pensado que nasciam apenas indivíduos suficientes para manter uma espécie estável. Agora aceitava que também as populações selvagens procriavam além de seus meios. Como os arquitetos da lei dos pobres, a natureza não exibia caridade; os indivíduos tinham de se restringir e lutar, como as gangues cada vez maiores de pessoas que viviam dos montes de lixo de Londres, com a fome sempre os olhando no rosto.
Darwin obteve de Malthus uma compreensão única. Outros, como o botânico Augustin de Candolie, haviam escrito sobre as plantas que viviam “em guerra umas com as outras”. Mas ninguém, disse Darwin, transmitia “o combate das espécies” de modo tão forte quanto Malthus.’ Mesmo de Candolie falava apenas de uma espécie combatendo outra por espaço — ninguém sugerira que esta era uma guerra civil travada entre membros da mesma espécie."

Adrian Desmond & James Moore: "A Vida de um Evolucionista Atormentado: Darwin". Geração Editorial. São Paulo, 1995.

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